Mais de 10 mil operários optaram por dar início a uma greve por tempo indeterminado no setor da construção civil. A paralisação acontece após o não cumprimento de um acordo coletivo firmado entre trabalhadores e o setor patronal em abril deste ano, gerando indignação entre os profissionais da categoria.
O setor da construção civil de João Pessoa amanheceu parado, com canteiros de obras silenciosos na última segunda-feira (16). O motivo: uma greve iniciada por mais de 10 mil operários da capital paraibana, que protestam contra o descumprimento de um acordo coletivo mediado pela Justiça do Trabalho há menos de dois meses. O movimento, liderado pelo Sindicato da Construção Civil (Sintricom), é por tempo indeterminado.
Segundo o presidente do Sintricom, Francisco Demontier, o acordo celebrado em abril previa reposição salarial de 7,51%, melhorias na cesta básica, reforço no café da manhã e a negociação da jornada de trabalho em conjunto com o sindicato.
No entanto, o Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-PB) voltou atrás e se recusou a implementar as cláusulas firmadas.
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“Quinze dias após a assinatura, o Sinduscon simplesmente ignorou os compromissos assumidos diante da Justiça do Trabalho e se recusou a cumprir o que foi acordado”, afirmou Demontier.
Direitos desrespeitados motivam revolta e adesão em massa
A adesão dos trabalhadores à greve foi imediata e maciça. Segundo os líderes sindicais, o movimento não é apenas por salário, mas por dignidade e respeito.
A categoria denuncia a pressão psicológica nas obras, a imposição de jornadas extenuantes e o não fornecimento adequado de condições básicas de trabalho.
O pedreiro Ítalo Jones lamentou a situação:
“Hoje a gente está cobrando os nossos direitos, assim como sempre cumprimos com os nossos deveres”, disse.
Roberto Pereira, carpinteiro, reforça que o movimento é o único caminho possível após tentativas de diálogo fracassadas:
“É a única forma de retomarmos o respeito. Tentamos o diálogo, mas fomos ignorados. A paralisação é o último recurso para exigir que a palavra das empresas seja cumprida”.
Acordo desrespeitado foi mediado pela Justiça e Ministério Público
O que mais revolta a categoria é o fato de o acordo ter sido assinado formalmente na presença de uma juíza do trabalho e de um procurador do Ministério Público do Trabalho.
Ainda assim, o Sinduscon-PB, segundo o Sintricom, ignorou as cláusulas e apresentou uma nova proposta que retira o poder de negociação do sindicato, entregando todas as decisões às empresas.
“A conjuntura nacional favorável, com setores aquecidos e forte geração de empregos, está sendo esquecida localmente pela categoria – que segue mobilizada até ter seus direitos garantido. A construção civil é base de toda infraestrutura e habitação popular – setor essencial na vida do trabalhador. A greve denuncia como o capital patronal historicamente se nega a valorizar quem ergue as cidades. Só a pressão coletiva pode obrigar o cumprimento de melhorias mínimas e a retomada real do diálogo com os trabalhadores”, reforçou Demontier.
Setor em crescimento ignora valorização dos profissionais
Em nível nacional, a construção civil vive um momento de expansão. Só em 2024, o setor criou 110.921 novos empregos com carteira assinada — um crescimento de 4,04% em relação ao ano anterior. Desde 2020, foram mais de 800 mil novas vagas formais no Brasil.
A Paraíba acompanhou esse bom momento, com mais de 52 mil trabalhadores empregados formalmente no setor e com a construção civil se destacando como o segmento que mais cresceu em número de vagas no estado.
Ainda assim, segundo os sindicalistas, esse avanço econômico não refletiu em melhorias para quem sustenta as estruturas. surga slot
“A decisão pela greve foi tomada devido à falta de respeito do Sinduscon com a categoria. Mesmo após um acordo firmado, assinado e mediado por uma juíza do trabalho e um procurador do Ministério Público do Trabalho, o sindicato patronal voltou atrás. Quinze dias após a assinatura, o Sinduscon simplesmente ignorou os compromissos assumidos diante da Justiça do Trabalho e se recusou a cumprir o que foi acordado. O acordo previa melhorias no café da manhã oferecido aos trabalhadores, entrega da cesta básica, reajuste salarial de 7,5%, pagamento das diferenças salariais na remuneração e a definição da jornada de trabalho com a participação do sindicato. No entanto, o Sinduscon descumpriu todos esses pontos. Além disso, quer impor uma pauta que retira o papel do sindicato nas negociações, deixando todas as decisões a cargo exclusivo das empresas, sem ouvir os trabalhadores”, destaca o presidente do Sintricom.
Greve segue por tempo indeterminado e busca respeito ao trabalhador
O Sintricom afirma que a greve continuará até que todos os termos acordados em abril sejam cumpridos. O movimento não tem previsão de término e deve impactar diretamente obras públicas e privadas na capital e em municípios vizinhos.
Além das paralisações, o sindicato planeja manifestações e atos públicos para pressionar o Sinduscon-PB a retomar o diálogo e honrar os compromissos.
A mobilização expõe uma dura realidade do setor: apesar do crescimento econômico e da importância estratégica da construção civil para o desenvolvimento urbano, os trabalhadores continuam lutando por condições mínimas de trabalho e respeito aos seus direitos.
A greve da construção civil em João Pessoa não é apenas um ato de protesto, mas um grito coletivo por justiça, dignidade e reconhecimento.
Em meio ao crescimento de um dos setores mais importantes da economia nacional, os trabalhadores exigem o cumprimento de acordos básicos que garantam condições adequadas para exercerem suas funções. Enquanto isso não acontece, os canteiros de obras seguem parados, e a pressão deve continuar aumentando.