Maior reservatório em volume de água do Brasil acumula 54,4 bilhões de m³, cobre 1.784 km² e segue vital quase 30 anos após sua inauguração, em Goiás.
No coração do cerrado goiano está um gigante pouco lembrado, mas fundamental para o sistema elétrico brasileiro: o reservatório da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, localizada no Rio Tocantins, norte de Goiás. Com impressionantes 54,4 bilhões de metros cúbicos de água, distribuídos em uma área de 1.784 km², ele detém o título de maior reservatório em volume de água do Brasil.
Inaugurada em 1998, a usina soma 1.275 megawatts (MW) de potência instalada, energia suficiente para abastecer milhões de residências. Mais de duas décadas depois, Serra da Mesa continua sendo uma peça-chave para o abastecimento energético do país, regulando a vazão do Rio Tocantins e garantindo segurança hídrica e elétrica para outras hidrelétricas da região.
O gigante do Cerrado
O projeto da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa começou a ser discutido ainda nos anos 1970, mas sua construção ganhou corpo apenas no início da década de 1990, em um período de expansão acelerada da infraestrutura elétrica.
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A barragem de concreto e enrocamento com núcleo argiloso possui 1.500 metros de comprimento e 154 metros de altura, formando um paredão monumental capaz de represar um volume de água equivalente a mais de 30 vezes o reservatório da represa de Furnas, em Minas Gerais.
O enchimento do lago transformou a geografia da região, criando um mar interior no meio do cerrado e alterando de forma definitiva o Rio Tocantins.
Potência de 1.275 MW
Embora seu destaque esteja no tamanho do reservatório, Serra da Mesa também impressiona em capacidade energética. Com 1.275 MW de potência instalada, a usina é capaz de atender a milhões de pessoas.
Mas sua função vai além da simples geração de energia: a hidrelétrica atua como um “pulmão hídrico” para o sistema. Ao regular o fluxo do Rio Tocantins, Serra da Mesa garante maior eficiência e estabilidade para outras usinas situadas a jusante, como Cana Brava, Peixe Angical e Lajeado.
Esse papel de regularização hídrica faz da usina uma peça estratégica para a segurança energética do Brasil central.
O maior reservatório do Brasil em números
- Volume acumulado: 54,4 bilhões de m³ de água.
- Área alagada: 1.784 km² (maior que a cidade de São Paulo).
- Comprimento da barragem: 1.500 metros.
- Altura máxima: 154 metros.
- Ano de início de operação: 1998.
- Potência instalada: 1.275 MW.
Esses números colocam Serra da Mesa como líder absoluta em volume de água armazenado, superando outros gigantes como Sobradinho (BA) e Porto Primavera (SP/MS).
Impactos sociais e ambientais
Como todo grande projeto hidrelétrico, a formação do reservatório de Serra da Mesa trouxe impactos profundos.
- Comunidades deslocadas: famílias ribeirinhas e pequenas cidades precisaram ser realocadas.
- Meio ambiente: vastas áreas do cerrado foram inundadas, afetando a fauna e a flora.
- Patrimônio histórico: sítios arqueológicos e culturais também foram cobertos pelas águas.
Por outro lado, a obra estimulou o crescimento econômico de municípios vizinhos, gerou milhares de empregos durante a construção e impulsionou atividades como turismo náutico e pesca esportiva, que até hoje movimentam a região.
Desenvolvimento regional e turismo
O lago artificial de Serra da Mesa tornou-se atrativo turístico por suas águas cristalinas e dimensões quase oceânicas. Cidades como Uruaçu e Niquelândia, em Goiás, passaram a explorar o potencial recreativo do reservatório.
- Pesca esportiva: a região é conhecida pela abundância de tucunarés, atraindo pescadores de todo o Brasil.
- Turismo náutico: passeios de barco, jet-ski e marinas se multiplicaram nas margens do lago.
- Imóveis e lazer: condomínios e resorts foram erguidos, transformando o entorno do reservatório.
Assim, Serra da Mesa deixou de ser apenas um empreendimento energético e passou a integrar a vida econômica e cultural do interior goiano.
O papel estratégico do reservatório
Mais de duas décadas após sua inauguração, Serra da Mesa continua indispensável. Seu grande volume de água é fundamental para:
- Regulação do Rio Tocantins, permitindo melhor aproveitamento das usinas a jusante.
- Estabilidade energética, reduzindo riscos de apagões e falta de energia na região central do Brasil.
- Segurança hídrica, garantindo abastecimento de água para comunidades locais e indústrias.
O reservatório funciona como um verdadeiro pulmão hídrico, armazenando água em épocas de chuva para liberar em períodos de seca, equilibrando a produção energética e a disponibilidade de recursos.
Os dilemas da grandeza
Apesar de sua relevância, a usina enfrenta dilemas comuns a grandes reservatórios: impactos ambientais, assoreamento gradual e discussões sobre eficiência em um cenário de transição energética, em que fontes como solar e eólica ganham espaço.
Ainda assim, especialistas apontam que o papel de Serra da Mesa é insubstituível no curto e médio prazo, dada sua capacidade única de regularizar o Rio Tocantins e sustentar o sistema elétrico.
Um legado monumental
Quase 30 anos após sua inauguração, Serra da Mesa segue como símbolo da engenharia nacional e como o maior reservatório em volume de água do Brasil.
Seu lago monumental, com 54,4 bilhões de m³, permanece vital para o equilíbrio energético, para o desenvolvimento regional e para a segurança hídrica do país.
É um exemplo de como obras grandiosas moldaram a história do setor elétrico brasileiro e continuam exercendo papel estratégico décadas depois de sua construção.