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Maior crise hídrica dos últimos 90 anos: ANEEL e setor elétrico brasileiro debate modernização de mercado no XII Congresso Brasileiro de Regulação em Foz do Iguaçu. Veja também plano de trabalho e outras medidas que entraram em vigor pelo governo

Escrito por Luciana Ramalhao
Publicado em 19/11/2021 às 10:41
Atualizado em 20/11/2021 às 19:54
ANEEL, crise hídrica, setor elétrico brasileiro, Foz do Iguaçu
IMAGEM: Andre Pepitone, diretor geral Aneel e vice presidente federal da ABAR durante o painel que discutiu a modernização do setor. FONTE: Divulgação/ABAR

Desafios estruturais e modernização de mercado são debatidos pela ANEEL e setor elétrico brasileiro para conter a crise hídrica

Painel realizado no XII Congresso Brasileiro de Regulação e 6a Expo ABAR, promovido pela ABAR (Associação Brasileira de Agências de Regulação) de 10 a 12 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR) debateu a maior crise hídrica do setor elétrico brasileiro dos último tempos. Andre Pepitone, Diretor Geral da ANEEL e Vice-Presidente Federal da ABAR, discutiu a modernização do setor.

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Os últimos anos trouxeram imensos desafios estruturais para o setor elétrico brasileiro que impactaram a disponibilidade e o custo de energia aos consumidores, em especial os efeitos da pandemia e a crise hídrica de 2021. Contudo, ações emergenciais, um contexto de novas leis e oportunidades já apontaram resultados para a retomada do setor elétrico, afirmou o Diretor Geral da ANEEL e Vice-Presidente federal da ABAR, André Pepitone no congresso em Foz do Iguaçu.

Segundo Pepitone, da ANEEL, para reduzir os impactos da crise hídrica para o consumidor, foram tomadas medidas emergenciais, dentre elas, a suspensão do corte de energia a alguns consumidores durante os primeiros meses da pandemia e a realização de uma operação de resgate do setor elétrico da ordem de R$ 15,3 bilhões, com a retirada deste capital de giro das empresas foi possível diluir em cinco anos os impactos que seriam repassados aos consumidores em 12 meses.

Em 2021, reforçado pelo cenário da pandemia, o Brasil viveu em 2021 a maior crise hídrica dos últimos 90 anos. A região Sudeste, responsável por 70% do abastecimento do País, hoje opera com apenas 17% da capacidade de armazenamento.

Se comparado ao ano do apagão em 2001, o cenário da crise hídrica poderia ter sido muito pior. Graças a diversificação nos últimos anos da matriz energética brasileira, onde atualmente, as hidrelétricas respondem por 60% do total gerado no País – foi possível evitar piores consequências como no ano do apagão, época em que a matriz energética eram 85%. Se este fosse o cenário atual, os reservatórios do Sudeste estariam com apenas 2% do volume de água.

Conforme destacou no evento em Foz do Iguaçu o diretor da ANEEL, nos últimos 20 anos, os avanços na expansão e transmissão do setor energético foi maior do que em toda a história brasileira. Ele destacou que isso foi fundamental para enfrentar a crise hídrica. Atualmente, fontes alternativas, como energia solar, eólica e biomassa, juntas, representam mais de 20% do total produzido. “A questão do abastecimento está superada, agora o desafio é olhar para os custos, que foram altos em função desses problemas, somados ao dólar alto e o aumento do IGP-M e do IPCA”, destacou Pepitone, da ANEEL.

Já segundo Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma oportunidade está nos contratos das termelétricas que estão vencendo entre 2023 e 2024 e que não devem ser renovados com os atuais operadores. Na visão de Altieri, “A matriz térmica se modernizou muito nos últimos anos. Os novos contratos vão demandar uso de novas tecnologias e maior eficiência operacional para reduzir custos”, comenta. 

“Existe um consenso no setor de que o arcabouço vigente está defasado em vários aspectos, e isso explica a agenda de modernização, que é um olhar para o passado, para entender o que temos, e outro para o futuro. São três questões-chave neste processo: a abertura do mercado não tem volta; é preciso pensar na transformação da matriz e no uso de novas tecnologias; além de ajustar custos, encargos e riscos para o mercado”, define Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia e responsável por desenvolver estudos de planejamento energético nacional.

Segundo Pepitone, da ANEEL, o futuro do setor está na abertura do mercado livre, no uso de novas tecnologias, de fontes renováveis e na segurança jurídica do setor. Recentes investimentos e leilões de privatização bem-sucedidos mostraram que, mesmo em cenários de crises como a crise energética, o mercado energético brasileiro tem a confiança de investidores. E será preciso mais para dar sequência à modernização do setor, cerca de R$ 535 bilhões até 2030, calcula o diretor.

Comissão da crise hídrica aprova plano de trabalho no Senado e prevê audiências e visitas técnicas a ANA, ANEEL e ONS

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Na quinta-feira do dia 18 de novembro de 2021, conforme informações divulgadas pelo Senado, a Comissão da Crise Hidroenergética iniciou a discussão do plano de trabalho responsável por investigar as causas e efeitos da crise hídrica que assola o País. A votação do plano de trabalho será feita na próxima reunião da Comissão, prevista para o dia 25 de novembro.

Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) passa a divulgar previsões climáticas para os próximos seis meses para beneficiar safras agrícolas e ajudar o setor energético.

Segundo informações do Inmet, órgão do Governo Federal, a divulgação de previsões climáticas para os próximos seis meses irá beneficiar no planejamento para as safras agrícolas, que contará com mais previsibilidade na hora de semear a safra para o produtor rural e nas estratégias de geração de energia.

O serviço oferecido pelo Inmet vai ajudar também o setor elétrico. Conforme divulgado pelo INMET, a previsão climática dos próximos seis meses permitirá o planejamento de geração de energia mais preciso, observando o final do período chuvoso. Com uma previsão mais alongada perante uma crise hídrica, por exemplo, é possível reverter ao uso de energia termelétrica até ter uma solução possível.

Luciana Ramalhao

Arquiteta e Urbanista e Mestre em Planejamento e Desenvolvimento Urbano Regional. Conhece inúmeros projetos distribuídos em quase 20 países pelos quais já visitou. Além da construção civil, atua como pesquisadora científica e copywriter. Atualmente mora no Canadá, onde está fazendo mais uma especialização.

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