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Maior avião cargueiro do mundo terá toque brasileiro: Akaer é escolhida para projetar cabine de aeronave com 108 metros de largura

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 18/06/2025 às 09:41
Maior avião cargueiro do mundo terá toque brasileiro: Akaer é escolhida para projetar cabine de aeronave com 108 metros de largura
Foto: CANVA + IA – esquema de cabine interna
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A Akaer foi escolhida para desenvolver a cabine do WindRunner, o maior avião cargueiro do mundo, com 108 metros e capacidade para 80 toneladas de carga útil.

A engenharia brasileira está deixando sua marca no maior avião do mundo. A Akaer, empresa com sede em São José dos Campos (SP), foi escolhida para desenvolver a cabine pressurizada do WindRunner, uma aeronave gigante com impressionantes 108 metros de comprimento, capacidade de transportar até 80 toneladas e operar em pistas curtas e não pavimentadas.

A novidade foi anunciada durante o Paris Air Show, um dos maiores eventos da aviação mundial, onde a Akaer e a RADIA, empresa americana responsável pelo projeto do WindRunner, oficializaram a parceria que coloca o Brasil no centro de um dos projetos mais ousados da aviação moderna.

Segundo a RADIA, o WindRunner está sendo desenvolvido para missões estratégicas em áreas como energia, defesa, resposta a desastres e transporte aeroespacial, com uma proposta inovadora de mobilidade aérea que não depende de grandes aeroportos. E nesse projeto de proporções colossais, a cabine será 100% desenvolvida no Brasil.

Um marco para a aviação — e para o Brasil

O WindRunner tem números que impressionam até os engenheiros mais experientes. Com 7.700 m³ de volume de carga útil, ele será capaz de transportar equipamentos que hoje exigem logística marítima, desmontagens complexas ou transporte rodoviário especial. A aeronave poderá carregar, por exemplo, pás eólicas com mais de 100 metros, satélites inteiros e veículos blindados.

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E o que torna esse projeto ainda mais revolucionário é que ele dispensa pistas convencionais: o WindRunner foi projetado para operar com segurança em pistas de apenas 1.800 metros, muitas vezes não pavimentadas. Isso abre novas possibilidades para entregas em regiões remotas, florestas, desertos ou áreas sem infraestrutura aeroportuária.

Para isso, a cabine de comando — chamada de Cabin Pressure Vessel — precisa ser uma verdadeira fortaleza tecnológica: pressurizada, resistente, altamente integrada e segura para proteger não apenas os tripulantes, mas também os sistemas críticos da aeronave. Essa responsabilidade agora está nas mãos da Akaer.

Tecnologia nacional em um projeto global

Fundada há 33 anos, a Akaer é reconhecida como um dos principais players da indústria aeroespacial no Brasil. A empresa tem no currículo mais de 10 milhões de horas de engenharia e já participou de mais de 50 projetos internacionais.

Entre seus trabalhos mais notáveis, estão a participação no desenvolvimento do cargueiro C-390 Millennium (da Embraer), no caça Gripen E (em parceria com a Saab) e no jato supersônico Hürjet (da Turkish Aerospace). Em 2024, a Akaer também se tornou a primeira empresa brasileira a conquistar o status de Fornecedora Global Tier 1, ao fechar contrato com a Deutsche Aircraft para produzir parte da estrutura do D328eco.

Agora, com o WindRunner, a Akaer entra em um novo patamar: o de desenvolver um componente estratégico de uma aeronave que promete revolucionar a aviação de carga pesada.

Um cargueiro para o futuro da energia, defesa e resposta rápida

O WindRunner não foi criado apenas para impressionar com seus números. Seu propósito é estratégico. A aeronave será capaz de realizar entregas ponto a ponto de grandes cargas, em locais onde o transporte convencional é impraticável.

Em vez de montar turbinas eólicas no local de produção e transportá-las por semanas até áreas remotas, o WindRunner pode levar a peça inteira de forma direta. O mesmo vale para equipamentos militares, antenas, satélites e estruturas críticas de grande porte.

Para órgãos de defesa, empresas de energia e governos, isso representa redução drástica nos custos logísticos, nos prazos operacionais e nas limitações geográficas. É, literalmente, uma nova era de mobilidade pesada aérea.

E o Brasil faz parte dela.

O orgulho de levar o nome do Brasil ao maior avião do mundo

CEO da Akaer, Cesar Silva (à direita), e Mark Lundstrom, fundador e CEO da Radia, durante assinatura de contrato no Paris Air Show – Imagem: Divulgação – Akaer

Durante o anúncio da parceria, Cesar Silva, CEO da Akaer, destacou o orgulho de ver a engenharia brasileira ganhando protagonismo:

“É motivo de orgulho fazer parte deste relevante projeto que será um marco para a aviação mundial. O desenvolvimento do WindRunner é desafiador e complexo, e a participação da Akaer é resultado do reconhecimento da excelência e experiência que construímos ao longo dos anos.”

Já o fundador da RADIA, Mark Lundstrom, reforçou que o envolvimento da empresa brasileira é essencial para o sucesso da missão:

“Temos orgulho de contar com parceiros altamente qualificados como a Akaer, que compartilham de nossa visão de futuro e estão nos ajudando ativamente a moldar uma nova era de logística sustentável e integrada.”

O maior avião do mundo está sendo construído — e terá o Brasil a bordo. O projeto do WindRunner reúne inovação, sustentabilidade e eficiência logística em um nível nunca antes visto. E, com a Akaer liderando o desenvolvimento da cabine, a engenharia brasileira prova mais uma vez que tem capacidade de entregar excelência em projetos globais.

Para quem acompanha o setor aeroespacial, essa é mais que uma notícia — é um símbolo de que o Brasil não apenas participa da indústria internacional, mas ajuda a construí-la, peça por peça, para os próximos desafios do mundo.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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