1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Lula gigante de um metro surpreende cientistas ao ser flagrada viva pela primeira vez a 2 mil metros no fundo do mar Antártico
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Lula gigante de um metro surpreende cientistas ao ser flagrada viva pela primeira vez a 2 mil metros no fundo do mar Antártico

Publicado em 13/06/2025 às 22:56
Atualizado em 14/06/2025 às 07:19
Lula, Lula Gigante, oceano, mar
Imagem: ROV SuBastian / Instituto Oceânico Schmidt
  • Reação
2 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo

Lula antártica é filmada viva pela primeira vez a mais de 2 mil metros de profundidade durante expedição científica no Oceano Antártico

Pela primeira vez, cientistas filmaram uma lula da espécie Gonatus antarcticus viva em seu habitat natural. A gravação aconteceu em dezembro, a cerca de 2.133 metros de profundidade, nas águas geladas do Oceano Antártico.

A lula, com quase um metro de comprimento, foi registrada por um veículo operado remotamente durante uma expedição científica.

Descoberta inesperada

A equipe de cientistas estava a bordo do navio de pesquisa R/V Falkor (também), do Instituto Oceânico Schmidt. Eles pretendiam explorar a Bacia de Powell, mas as condições do gelo impediram a chegada ao local desejado.

Por isso, decidiram liberar o veículo SuBastian em uma área diferente. Foi nessa mudança de planos que capturaram as imagens inéditas.

“Era uma lula linda”, comentou Andrew Thurber, cientista marinho da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, que participou da missão.

O vídeo foi posteriormente analisado por Kat Bolstad, especialista em cefalópodes da Universidade de Tecnologia de Auckland, na Nova Zelândia. Ela confirmou a identificação: era mesmo uma lula gonata antártica.

Um século sem registros vivos

Apesar de ser conhecida há mais de 100 anos, essa lula nunca havia sido vista viva. A espécie foi descrita pela primeira vez em 1898 pelo zoólogo sueco Einar Lönnberg, com base em exemplares recolhidos durante uma expedição na Terra do Fogo, arquipélago no extremo sul da América do Sul.

Desde então, os únicos registros da espécie vinham de espécimes mortos capturados por redes ou de restos encontrados no estômago de predadores. “Nas profundezas do mar, há sempre uma boa chance de você ver algo pela primeira vez“, disse Bolstad.

Detalhes do encontro com a lula

YouTube Video

Quando o SuBastian se aproximou da lula, o animal liberou uma nuvem de tinta esverdeada, provavelmente como reação à aproximação.

Os cientistas conseguiram medir a lula com lasers do veículo antes que ela desaparecesse na escuridão da chamada zona da meia-noite — entre 1.000 e 4.000 metros de profundidade, onde a luz solar não alcança.

Embora não tenha sido possível identificar o sexo ou a idade da lula, os pesquisadores observaram dois ganchos grandes em seus tentáculos, usados para capturar presas.

Também foi possível ver cicatrizes no corpo do animal, incluindo marcas de ventosas e arranhões. A origem dessas marcas é incerta, mas os cientistas suspeitam de uma possível luta com uma lula colossal jovem.

Relevância científica

Vídeos como esse são valiosos para a ciência. “Podem ser realmente informativas sobre como elas vivem em grandes profundidades”, afirmou Linsey Sala, do Scripps Institution of Oceanography, que não participou da missão.

A captura da lula aconteceu durante a expedição “Planeta Perpétuo”, uma iniciativa liderada pela National Geographic em parceria com a Rolex. O objetivo do projeto é estudar o impacto das mudanças climáticas e ambientais em ecossistemas importantes e frágeis pelo mundo.

Outras descobertas de SuBastian no fundo do mar

O veículo SuBastian já ajudou em outras descobertas importantes. Em uma expedição anterior, registrou a primeira imagem de uma lula colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni) viva em seu habitat.

O animal, com 30 centímetros, foi visto nadando a 600 metros de profundidade no Atlântico Sul, perto das Ilhas Sandwich do Sul.

Em 2020, o mesmo veículo filmou pela primeira vez na natureza uma lula-chifre-de-carneiro (Spirula spirula), a 850 metros de profundidade, ao norte da Grande Barreira de Corais.

Também encontrou vermes e caracóis vivendo sob o fundo do Oceano Pacífico — a primeira evidência de vida animal na crosta oceânica.

Além disso, o SuBastian ajudou na identificação de quatro novas espécies de polvo na Costa Rica e revelou um ecossistema oculto sob um iceberg na Antártida.

O registro da lula gonata antártica representa um avanço para o entendimento da vida em águas profundas.

Até então, o conhecimento sobre a espécie era limitado a exemplares mortos. Agora, com a gravação inédita, os cientistas têm a oportunidade de estudar o comportamento desse animal raro em seu ambiente natural — um feito inédito em mais de 120 anos desde sua descoberta.

Com informações de Smith Sonian Mag.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Romário Pereira de Carvalho

Já publiquei milhares de matérias em portais reconhecidos, sempre com foco em conteúdo informativo, direto e com valor para o leitor. Fique à vontade para enviar sugestões ou perguntas

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x