Uma decisão judicial nos Estados Unidos chamou atenção por conter erros graves e referências a leis e casos inexistentes. O mais importante é que o texto levantou suspeitas de ter sido escrito com ajuda de inteligência artificial, o que reacendeu o debate sobre o uso dessa tecnologia no sistema judiciário.
Uma decisão judicial recente causou perplexidade no estado do Mississippi, nos Estados Unidos. O mais importante é que o documento, assinado pelo juiz federal Henry Wingate, apresenta erros factuais graves.
Entre os problemas, aparecem nomes de demandantes inexistentes, leis estaduais citadas de forma incorreta e até referências a casos que nunca aconteceram.
Ordem confusa levanta suspeitas
A confusão começou no início deste mês, quando Wingate emitiu uma ordem de restrição temporária. Advogados envolvidos no caso suspeitaram imediatamente que o texto poderia ter sido gerado por inteligência artificial.
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A ordem citava a Mississippi Library Association e a Delta Sigma Theta Sorority Inc. como partes no processo, apesar de nenhuma delas estar envolvida na ação judicial.
Além disso, o texto fazia referência a um caso de 1974 que, aparentemente, não existe. Mesmo após correções, a versão revisada da decisão manteve esse erro.
“A pressa em emitir ordens como essa prejudica o judiciário”, afirmou o advogado Eric Wessan em uma rede social.
Falta de explicações agrava situação
O juiz ainda não se pronunciou sobre o caso. Não confirmou nem negou o uso de inteligência artificial na elaboração da decisão.
O silêncio aumenta a frustração entre especialistas e advogados. “Nossos advogados nunca viram nada parecido”, relatou um funcionário do Gabinete do Procurador-Geral do Mississippi.
Christina Frohock, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Miami, também demonstrou surpresa. “Sinto como se fosse Alice no País das Maravilhas”, declarou.
Ela afirmou não saber como explicar a origem de tantos erros e levantou uma questão delicada: quando o erro parte do juiz, não há mecanismos claros para exigir explicações.
Debate sobre IA no Judiciário ganha força
Casos anteriores já mostraram que advogados foram punidos por usarem IA para criar petições com informações falsas. Porém, esta é uma das primeiras vezes em que um juiz é acusado de fazer o mesmo.
A diferença, segundo especialistas, é que não há regras claras sobre como lidar com esse tipo de situação quando o autor da falha é o próprio magistrado.
Portanto, o episódio reacende o debate sobre o uso de ferramentas de inteligência artificial no sistema judiciário.
Enquanto isso, permanece a dúvida: a decisão foi realmente escrita por uma IA? Talvez nunca se saiba.