Estudo sugere que travessia por região de intensa formação estelar alterou barreira protetora do nosso sistema e influenciou fenômenos climáticos no passado do planeta.
Pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, descobriram que o Sistema Solar pode ter atravessado uma região de intensa formação estelar há cerca de um milhão de anos. A pesquisa sugere que esse encontro pode ter comprimido a bolha protetora ao redor do nosso sistema, permitindo um maior fluxo de poeira interestelar. Esse fenômeno teria deixado vestígios geológicos e possivelmente influenciado o clima da Terra.
Sistema Solar atravessa diferentes regiões da galáxia
Segundo Efrem Maconi, doutorando na Universidade de Viena e autor principal do estudo, o Sistema Solar se desloca constantemente pelo centro da Via Láctea, encontrando diferentes regiões galácticas. Uma dessas regiões é a Onda de Radcliffe, localizada na constelação de Órion. Essa estrutura fina e longa é composta por várias áreas de formação estelar interligadas.
Os cientistas analisaram dados da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia, e utilizaram observações espectroscópicas para determinar que o Sistema Solar passou por essa região há cerca de 14 milhões de anos. Esse percurso fez com que os planetas vizinhos atravessassem áreas onde aglomerados estelares estavam em formação, um processo que pode ter alterado as condições ao redor do nosso sistema.
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Evidências da passagem pelo berçário estelar
O coautor do estudo, João Alves, explica que essa região pode ser observada no céu noturno. “Procure a constelação de Órion e a Nebulosa de Órion (Messier 42) – nosso Sistema Solar veio dessa direção!”. A interação do sistema com essa área poderia ter resultado no aumento da poeira interestelar na atmosfera terrestre, deixando vestígios de elementos radioativos de antigas supernovas.
As análises indicam que a passagem ocorreu entre 14,8 e 12,4 milhões de anos atrás, o que coincide com um evento geológico conhecido como Transição Climática do Mioceno Médio. Esse período marcou uma mudança no clima da Terra, tornando-o mais ameno e favorecendo a formação inicial da camada de gelo na Antártida.
Impacto da poeira interestelar no clima terrestre
Os cientistas consideram plausível que o aumento da poeira interestelar tenha contribuído para as mudanças no clima da Terra naquele período. No entanto, ainda são necessárias pesquisas mais aprofundadas para estabelecer uma relação de causa e efeito entre a passagem do Sistema Solar pela Onda de Radcliffe e as alterações climáticas registradas nos registros geológicos.
Maconi reforça que as alterações climáticas ocorridas no Mioceno Médio aconteceram ao longo de centenas de milhares de anos e não podem ser comparadas às mudanças climáticas atuais, que têm causas e dinamismos distintos.
Novas pesquisas podem esclarecer impactos futuros
Os cientistas seguirão investigando como a interação entre poeira interestelar e atmosfera terrestre pode ter afetado as condições climáticas ao longo da história do planeta. Entender melhor esses processos também pode fornecer insights sobre como futuras viagens galácticas do Sistema Solar podem influenciar a Terra e outros planetas da nossa vizinhança cósmica.
Fonte: Canaltech