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A maior fábrica de leite do país tem 100 mil m², processa 90 milhões de litros por mês e não pertence à Nestlé — mas à Itambé, que domina o setor lácteo brasileiro

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 10/10/2025 às 10:03
A maior fábrica de leite do país tem 100 mil m², processa 90 milhões de litros por mês e não pertence à Nestlé — mas à Itambé, que domina o setor lácteo brasileiro
A maior fábrica de leite do país tem 100 mil m², processa 90 milhões de litros por mês e não pertence à Nestlé — mas à Itambé, que domina o setor lácteo brasileiro
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Com 100 mil m² e 90 milhões de litros processados por mês, o maior laticínio do Brasil pertence à Itambé, e não à Nestlé. Instalada em Minas, a fábrica transformou Sete Lagoas em referência nacional na produção de leite.

Quando se fala em indústria de leite no Brasil, o nome mais lembrado é a Nestlé. Mas o verdadeiro colosso do setor está nas mãos de uma empresa nacional com quase um século de história.
Localizado em Sete Lagoas, Minas Gerais, o complexo industrial da Itambé é considerado o maior laticínio da América Latina, com uma estrutura que rivaliza com as maiores plantas alimentícias do mundo.

Com 100 mil metros quadrados de área construída e capacidade para processar até 3,5 milhões de litros de leite por dia, o equivalente a 90 milhões de litros por mês, o local é uma engrenagem que nunca para.
Ali, o leite cru que chega de milhares de fazendas mineiras é transformado em leite em pó, condensado, UHT, creme de leite e outros derivados que abastecem todo o território nacional — e também o exterior.

A força da Itambé no cenário nacional

Fundada em 1949, a Itambé Alimentos nasceu como uma cooperativa mineira e cresceu acompanhando o avanço da pecuária leiteira no Brasil. Hoje, pertence ao grupo CCPR/Itambé, uma das maiores cooperativas de produtores de leite do país, e mantém uma joint venture com a multinacional Lactalis, líder mundial em produtos lácteos.

A unidade de Sete Lagoas, inaugurada em 1971, representa o coração dessa operação.
Ali, cerca de 1.500 funcionários trabalham em regime contínuo, divididos entre setores de recebimento, pasteurização, produção, envase e expedição. De acordo com a empresa, mais de 60% do leite industrializado em Minas Gerais passa direta ou indiretamente por suas linhas de produção.

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Minas, que já era o maior produtor de leite do Brasil, tornou-se, graças à presença da Itambé, a capital nacional do leite, responsável por mais de 25% da produção brasileira segundo o IBGE.

Escala industrial e tecnologia de ponta

A fábrica da Itambé funciona como uma cidade autossuficiente. A estrutura abriga laboratórios microbiológicos, silos de armazenagem com capacidade superior a 8 milhões de litros, estações de tratamento de água e efluentes, e linhas de envase totalmente automatizadas.

Os equipamentos foram importados de países como Alemanha e Suíça, e operam sob controle digital, garantindo precisão e segurança alimentar em tempo real.
Sensores acompanham temperatura, pH e condutividade elétrica de cada lote de leite, o que permite rastrear todo o processo — desde o momento em que o caminhão-tanque chega até o produto final empacotado.

Essa automação coloca o complexo de Sete Lagoas no mesmo patamar tecnológico de fábricas europeias. O leite processado ali abastece todas as regiões do Brasil, e parte dele segue para mercados da América do Sul, África e Oriente Médio.

Produção que impressiona: 3,5 milhões de litros por dia

Segundo dados oficiais da empresa e de publicações como Globo Rural e O Tempo, a capacidade diária da planta chega a 3,5 milhões de litros de leite cru, processados em diferentes linhas industriais.
Desse volume, uma parte significativa é destinada à produção de leite em pó integral e desnatado, produto de alto valor agregado e grande demanda no mercado internacional.

O restante é dividido entre as linhas de leite UHT, creme de leite, manteiga, iogurtes e leite condensado — itens que estão entre os mais vendidos do país. Com isso, a Itambé se tornou uma das principais exportadoras brasileiras de produtos lácteos, contribuindo diretamente para o superávit da balança comercial do setor.

Sustentabilidade e economia circular

A operação em larga escala não deixou de lado o compromisso ambiental.
O complexo de Sete Lagoas é referência em reuso de água e energia limpa, contando com um sistema de reaproveitamento que devolve parte da água utilizada no processo de pasteurização para irrigação e limpeza industrial.

Os resíduos sólidos e orgânicos são reaproveitados para geração de biogás, reduzindo o uso de energia elétrica. Além disso, a Itambé mantém projetos de assistência técnica e sustentabilidade junto aos produtores rurais parceiros, promovendo boas práticas ambientais e melhorias genéticas no rebanho leiteiro mineiro.

O impacto econômico na região

A presença da Itambé em Sete Lagoas transformou completamente a economia local. A cidade, antes conhecida pela mineração e pequenas indústrias, tornou-se um polo lácteo nacional, atraindo cooperativas, empresas de transporte, embalagens e tecnologia alimentar.

Estima-se que, além dos empregos diretos, o complexo gere mais de 10 mil postos de trabalho indiretos, fortalecendo o interior de Minas e movimentando a cadeia de produção rural. O PIB municipal cresceu acima da média estadual nas últimas duas décadas, e o nome de Sete Lagoas passou a ser sinônimo de qualidade e excelência na produção de leite.

A rivalidade com a Nestlé e o protagonismo brasileiro

Embora a Nestlé siga como a maior empresa do setor em faturamento e alcance global, nenhuma unidade isolada da companhia suíça no Brasil se aproxima da escala física da Itambé em Sete Lagoas.
A planta mineira é, de fato, a maior fábrica de laticínios individual do país, superando em capacidade até as unidades de Araxá e Ituiutaba da própria Nestlé.

Enquanto a multinacional distribui sua produção em diversas plantas, a Itambé concentrou força e tecnologia em um único local, o que lhe confere eficiência operacional e redução de custos logísticos.
Isso explica por que muitos especialistas consideram a unidade mineira um modelo de centralização industrial.

Mais de 70 anos de história e expansão contínua

De uma pequena cooperativa regional a uma potência continental, a Itambé segue expandindo seus horizontes. Nos últimos anos, a empresa investiu centenas de milhões de reais em modernização, automação de linhas e ampliação da capacidade de estocagem.

Mesmo com a concorrência de multinacionais, mantém-se entre as líderes absolutas do mercado brasileiro de leite e derivados, sustentada por uma rede de mais de 30 mil produtores rurais cooperados.

O segredo do sucesso, segundo executivos da marca, é a proximidade com o campo — a base que garante qualidade e rastreabilidade a cada litro produzido.

Um gigante que representa o Brasil que dá certo

Com 100 mil m² de área industrial, 3,5 milhões de litros de leite processados por dia, mais de 20 países importadores e setenta anos de tradição, a Itambé não é apenas uma marca mineira — é um símbolo do Brasil produtivo, cooperativo e tecnológico.

Sua fábrica em Sete Lagoas é um exemplo de como a indústria nacional pode competir em escala global, mantendo raízes no interior e impacto em todo o país.
Enquanto muitos associam inovação apenas a multinacionais, é em Minas Gerais que pulsa o coração do maior laticínio do Brasil — e ele não pertence à Nestlé.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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