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Itamaraty convoca chefe da embaixada dos EUA e reforça que ‘soberania e democracia brasileiras não estão em negociação’

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 08/08/2025 às 15:52
Itamaraty convoca chefe da embaixada dos EUA pela segunda vez em menos de um ano para responder críticas ao Judiciário
Itamaraty convoca chefe da embaixada dos EUA pela segunda vez em menos de um ano para responder críticas ao Judiciário
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Declarações oficiais dos Estados Unidos miram Alexandre de Moraes e aumentam tensão diplomática entre Brasília e Washington.

O Itamaraty convoca chefe da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos após novas ameaças de punição a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida ocorre depois de publicações da representação diplomática norte-americana nas redes sociais afirmarem que o ministro Alexandre de Moraes é “o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro” e insinuarem que outros magistrados também podem ser alvo de sanções.

A ação diplomática foi motivada por uma escalada de declarações que, segundo o governo brasileiro, configuram ingerência em assuntos internos e ataque à soberania nacional. As mensagens, atribuídas à gestão de Donald Trump, reforçam que aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas “estão avisados para não apoiar nem facilitar” suas decisões, e que a situação estaria sendo “monitorada de perto” por Washington.

Pressão externa e reação do governo brasileiro

Segundo apuração da Folha de S.Paulo, a convocação de Escobar ocorreu na manhã desta quinta-feira (8), com a reunião conduzida pelo embaixador Flávio Goldman, responsável interino pela Secretaria da Europa e América do Norte do Itamaraty. Fontes do Ministério das Relações Exteriores afirmam que Goldman expressou “indignação com o tom e o conteúdo” das publicações, classificando-as como ameaças inaceitáveis e exemplo de ingerência de um governo estrangeiro sobre um poder autônomo brasileiro.

O diplomata reforçou que soberania e democracia não são negociáveis, e que o Brasil mantém disposição para dialogar sobre temas comerciais, mas não aceitará intimidações direcionadas ao STF ou a qualquer instituição nacional. Essa é, pelo menos, a segunda vez em menos de um ano que o chefe da missão diplomática norte-americana é convocado a dar explicações sobre críticas ao Judiciário.

Contexto político e riscos para a relação bilateral

A nova crise ocorre em meio ao acirramento da relação entre o governo dos EUA, sob influência de Trump, e autoridades brasileiras após a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Moraes, relator do caso no STF, determinou a medida cautelar, decisão que agora será revisada por outros ministros da Primeira Turma da Corte — o que pode ampliar o alvo das sanções americanas.

Analistas políticos apontam que essa ofensiva externa, além de tensionar o ambiente diplomático, coloca em risco agendas bilaterais estratégicas, incluindo negociações sobre tarifas de importação e cooperação comercial. Para especialistas em direito internacional, como o juiz Marlon Reis, há fundamentos para acionar instâncias multilaterais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos, caso se entenda que há violação à independência judicial.

Possíveis impactos e próximos passos

Embora o Itamaraty tenha optado pela via diplomática tradicional, convocando o representante norte-americano para prestar contas, há ceticismo sobre a eficácia dessa medida. Isso porque, segundo observadores, ações semelhantes anteriores não impediram a continuidade das ameaças.

No plano interno, cresce a expectativa de que o STF mantenha firme sua autonomia diante das pressões externas, enquanto no plano externo, o Brasil busca reforçar que a independência do Judiciário é cláusula pétrea da democracia. Ainda assim, há preocupação de que o episódio seja usado politicamente tanto em Brasília quanto em Washington.

Você acha que o Brasil deve adotar medidas mais duras contra essas declarações vindas dos EUA ou a resposta diplomática é suficiente? Deixe sua opinião nos comentários — queremos saber sua visão sobre esse impasse.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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