A Itália enfrenta escassez de médicos e enfermeiros e acelera a atração de estrangeiros, inclusive brasileiros, com novas cotas de vistos (2026–2028) e flexibilização temporária de diplomas.
A Itália vive uma escassez histórica de mão de obra na saúde. Hospitais públicos e privados reportam sobrecarga de plantões, aposentadorias em massa e filas mais longas para consultas e cirurgias. Esse quadro impulsionou a contratação de profissionais estrangeiros, inclusive do Brasil, e a adoção de medidas emergenciais para acelerar entradas legais e preencher postos críticos.
Para 2025, o país combina mais vistos de trabalho, regra temporária que permite atuar enquanto o reconhecimento pleno do diploma tramita e ajustes salariais resultantes de acordos recentes no serviço público.
Ainda assim, quem se anima com os anúncios precisa conhecer as regras atualizadas e os gargalos reais do processo de migração laboral.
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Escassez de profissionais de saúde na Itália em 2025: dados e contexto
Relatos de greves e pressão sobre o sistema público (SSN) se intensificaram no último ano, com sindicatos cobrando reposição de quadros e melhores condições. A própria cobertura internacional destaca subfinanciamento e envelhecimento da população, combinação que aumenta a demanda e amplia o déficit de médicos e enfermeiros.
A demografia pesa, o país caiu para 58,93 milhões de habitantes em 2024, com mais mortes do que nascimentos — o chamado “inverno demográfico”. Esse pano de fundo empurra o governo a buscar mão de obra estrangeira para áreas essenciais, saúde incluída.
Nos hospitais, direções regionais e clínicas privadas vêm tentando atrair profissionais não europeus, em especial para urgência, medicina interna, geriatria e atenção de longa permanência (RSAs), setores onde o impacto do envelhecimento é mais forte.
Visto de trabalho na Itália 2026–2028
Para enfrentar o problema, o governo italiano aprovou um novo Decreto Flussi para 2026–2028, com quase 500 mil vistos de trabalho não europeus previstos no triênio (164.850 em 2026). A medida dá continuidade ao ciclo 2023–2025 (≈452 mil), mirando setores com falta crônica de mão de obra. Atenção: saúde é, em regra, não sazonal, com exigência de contrato e verificação de indisponibilidade local.
Na prática, o processo inclui pré-inscrições, datas de “click day” e etapas com diferentes órgãos. E aqui está o ponto fraco: a conversão de cotas em empregos e residência foi baixa. Monitoramentos independentes estimaram que só 13% (2023) e 7,8% (2024) das cotas terminaram em permissos e vínculos estáveis. Ou seja, cota não é vaga garantida.
Mesmo com ajustes do Ministério do Trabalho e redistribuições de cotas, a taxa de sucesso segue irregular. Para quem pretende aplicar, planejamento documental e assistência jurídica aumentam as chances de uma tramitação sem sobressaltos.
Reconhecimento de diploma na Itália
Para aliviar a falta de pessoal, foi prorrogada a regra que permite o exercício temporário de profissões de saúde com título estrangeiro enquanto o reconhecimento pleno tramita — medida excepcional que agora vale até 31 de dezembro de 2027. Importante: isso não elimina o reconhecimento definitivo, apenas antecipa a atuação sob condições específicas.
A base legal remete ao art. 15 do DL 34/2023 e às prorrogações posteriores (Milleproroghe/Decreto Flussi). Órgãos e veículos especializados confirmam a extensão do prazo e lembram que se trata de medida transitória atrelada à emergência de recursos humanos na saúde.
Na via regular, o Ministério da Saúde permanece responsável pelo reconhecimento de qualificações para inscrição no Ordine e pleno exercício profissional. A via temporária é um atalho legal para acelerar a contratação, mas o dossiê de equivalência continua indispensável no médio prazo.
Salário de médico e enfermeiro na Itália
Após os últimos acordos coletivos, médicos do SSN apresentam faixas, em média, de € 60 mil a € 85 mil/ano brutos, algo em torno de R$ 382 mil a R$ 541 mil/ano. Em base mensal, muitos contratos ficam na casa de € 5 mil a € 7 mil brutos/mês, o que equivale a R$ 31,8 mil a R$ 44,6 mil/mês, podendo ultrapassar esses patamares em cargos de chefia, plantões e no setor privado.
Para enfermeiros, fontes salariais consolidadas indicam médias nacionais brutas próximas de € 50 mil/ano, cerca de R$ 318 mil/ano, enquanto anúncios em RSAs e hospitais mostram ofertas entre € 1,8 mil e € 2,1 mil brutos/mês, aproximadamente R$ 11,5 mil a R$ 13,4 mil/mês, com possibilidade de adicionais.
Quanto a benefícios, há vagas que incluem moradia temporária (“alloggio incluso”) ou ajuda de custo ao aluguel, mais comum em RSAs e locais com maior déficit de profissionais. Passagem aérea existe, mas não é padrão e aparece de forma pontual.
Cidadania italiana por descendência em 2025
A reforma da cidadania de 2025 (DL 36/2025 convertido na Lei 74/2025) mudou a regra do iure sanguinis para quem nasce fora da Itália, a transmissão automática foi limitada a duas gerações (filho ou neto de italiano nascido na Itália), com exceções previstas em lei.
Outra novidade relevante, para estrangeiros cujo pai ou avô seja (ou tenha sido) cidadão italiano por nascimento, o período de residência legal exigido para concessão da cidadania foi reduzido de 3 para 2 anos , caminho que pode interessar a brasileiros descendentes que migrem com contrato e residência. Não confunda: não é “automática por trabalhar 2 anos”; é uma via de naturalização com 2 anos de residência legal.
A mudança foi notícia internacional e busca desafogar consulados e coibir fraudes, mas também gerou críticas por restringir o acesso de descendentes distantes. Para casos em andamento antes do corte temporal, valem regras de transição.
E você, acha que o pacote da Itália, salário em euro, moradia temporária e regras aceleradas, compensa os riscos da burocracia e das novas exigências de cidadania? Conte nos comentários se você toparia fazer carreira na saúde italiana.