O Iraque fechou acordos avançados com a ExxonMobil em Cingapura, não só para refino e armazenamento, mas também para participação nos lucros da comercialização de derivados, consolidando sua posição como fornecedor-chave da China no mercado asiático.
O Iraque anunciou neste sábado (06/09/2025) um acordo estratégico com a ExxonMobil em Cingapura, envolvendo refino, armazenamento e participação nos lucros da comercialização de petróleo e derivados. Segundo a IstoÉ Dinheiro, a medida consolida o país como fornecedor-chave da China, hoje o maior comprador mundial do insumo.
A Organização Estatal de Comercialização de Petróleo do Iraque (Somo) confirmou que o contrato vai além da infraestrutura: inclui cláusulas de divisão de lucros obtidos com derivados, algo inédito na política energética recente de Bagdá.
O objetivo é maximizar receitas nacionais e reduzir a dependência da exportação de barris brutos, em um cenário de crescente disputa global por mercados consumidores.
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Cingapura como hub estratégico
A escolha de Cingapura tem peso estratégico. O país é um dos maiores polos energéticos da Ásia, com capacidade de refino e logística de distribuição avançada.
Para o Iraque, garantir espaço nesse hub significa acesso privilegiado às rotas comerciais que abastecem a China, ampliando não só exportações de petróleo bruto, mas também de produtos refinados de maior valor agregado.
De acordo com a IstoÉ Dinheiro, essa presença reforça a posição iraquiana num mercado que, segundo a própria Somo, é “o único do mundo em expansão em termos de capacidade de refino e demanda”.
Com isso, o petróleo iraquiano ganha protagonismo em um ambiente de consumo acelerado.
Participação nos lucros: um novo modelo
O ponto mais inovador do contrato é a cláusula de participação nos lucros do petróleo refinado.
Até agora, o modelo de receitas do Iraque era concentrado na exportação direta de barris, ficando vulnerável às flutuações de preço do mercado internacional.
Com a mudança, o país passa a capturar margens adicionais do refino e da comercialização, criando um fluxo financeiro mais diversificado.
Segundo especialistas consultados pela IstoÉ Dinheiro, essa estratégia pode servir de modelo para outros países produtores que buscam maior resiliência frente às oscilações de preço do petróleo no mercado global.
O petróleo como pilar da geopolítica asiática
O acordo também reflete uma transformação estrutural na geopolítica da energia.
Europa e Estados Unidos apresentam demanda estável ou em queda, enquanto China e Índia lideram o crescimento do consumo de petróleo.
Para o Iraque, estar inserido nesse eixo significa segurança de mercado e maior influência política.
A Somo destacou que a medida reforça a estratégia de longo prazo de Bagdá: diversificação de receitas, integração com cadeias de valor do petróleo refinado e fortalecimento da posição como ator indispensável no Oriente Médio e na Ásia.
Esse movimento coloca o país em rota de maior estabilidade econômica e relevância internacional.
O petróleo segue sendo a principal fonte de poder econômico e geopolítico do Iraque, e o acordo com a ExxonMobil em Cingapura marca uma guinada estratégica: de simples exportador de barris a participante das margens do refino e da comercialização global.
Essa mudança pode alterar o equilíbrio de forças no mercado asiático e garantir ao país maior resiliência no futuro.
Você acredita que esse modelo de participação nos lucros pode ser um divisor de águas para os países produtores de petróleo? Ou vê riscos de dependência ainda maior da Ásia?
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