Argentina zera impostos de importação para iPhones, notebooks e consoles até 2026 e deixa Brasil em desvantagem. Veja como a medida pode baratear o iPhone 16 em até R$ 2.300 e transformar o cenário tecnológico na América do Sul.
A Argentina surpreendeu o mercado sul-americano ao anunciar a eliminação de impostos de importação sobre uma ampla gama de produtos tecnológicos até 2026. A medida, parte de um plano do governo de Javier Milei para impulsionar o acesso à tecnologia e baratear os eletrônicos no país, deve tornar itens como notebooks, consoles e até o aguardado iPhone 16 Pro Max significativamente mais acessíveis em território argentino — com preços até R$ 2.300 mais baixos em comparação com o Brasil. A decisão já está provocando repercussões na economia regional e reacende o debate sobre a pesada carga tributária brasileira sobre produtos de tecnologia.
Segundo o decreto publicado no Diário Oficial da Argentina, a alíquota de 16% aplicada à importação de notebooks, tablets, consoles de videogame, servidores e smartphones foi oficialmente zerada. A nova regra se aplica tanto a empresas importadoras quanto a consumidores finais que adquirirem esses itens legalmente. Com isso, o país vizinho se posiciona como um dos mais competitivos da região no quesito acesso à tecnologia de ponta.
Argentina zera imposto de notebook, smartphone e consoles até 2026
A medida do governo argentino visa estimular a digitalização da economia e reduzir a defasagem tecnológica enfrentada por milhões de cidadãos. De acordo com o Ministério da Economia do país, a decisão de zerar os impostos de importação está alinhada com metas de inclusão digital e modernização do setor produtivo.
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Isso significa que notebooks, tablets, consoles de videogame (como PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch), além de smartphones premium como o futuro iPhone 16 Pro Max, poderão ser vendidos por preços muito mais competitivos do que em países vizinhos — inclusive o Brasil.
Estimativas preliminares apontam que um iPhone 16 Pro Max, com lançamento previsto para setembro de 2025, poderá custar até R$ 2.300 menos do que no mercado brasileiro, mesmo considerando o câmbio e taxas internas argentinas.
iPhone 16 Pro Max deve chegar mais barato na Argentina do que no Brasil
No Brasil, o iPhone 16 Pro Max de 1 TB chegou a custar quase R$ 14.000, principalmente devido aos altos impostos e margem das distribuidoras.
Com a nova política da Argentina, o iPhone 16 Pro Max poderá chegar às lojas argentinas por valores até 20% inferiores. Isso se deve à isenção de imposto de importação, à simplificação logística adotada por empresas que operam no país e à redução de encargos sobre revendedores.
Na prática, isso deve atrair consumidores brasileiros que vivem perto da fronteira ou planejam viagens internacionais para adquirir o aparelho por um valor muito mais em conta.
Eletrônicos sem imposto: consoles e notebooks também ficam mais acessíveis
Além dos smartphones, a nova política tributária da Argentina também beneficia diretamente o mercado de games e computadores. Consoles de última geração — como o PlayStation 5, que ainda custa cerca de R$ 4.000 no Brasil — podem ser encontrados a preços bem mais baixos em território argentino.
No setor de informática, notebooks e servidores entram na lista de produtos com alíquota zero. Isso deve impulsionar tanto o consumo doméstico quanto o investimento de pequenas e médias empresas que antes tinham dificuldades para modernizar seus equipamentos devido ao alto custo dos dispositivos importados.
A expectativa é que marcas como Lenovo, Dell, HP e Asus aproveitem o novo cenário para fortalecer sua atuação na Argentina, oferecendo linhas mais completas de notebooks com preços acessíveis. A medida também pode favorecer o setor educacional, que depende de computadores e tablets para ensino à distância e laboratórios escolares.
Brasil vs Argentina: política de impostos coloca países em rota oposta na tecnologia
Enquanto a Argentina avança com uma política de desoneração para democratizar o acesso à tecnologia, o Brasil segue com uma das maiores cargas tributárias do mundo sobre produtos eletrônicos. Segundo levantamento da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), cerca de 40% do valor final de um smartphone no Brasil é composto por impostos — incluindo IPI, ICMS, PIS/Cofins e taxas de importação.
A diferença nas políticas públicas é motivo de críticas por parte de consumidores brasileiros e de representantes do setor de varejo e tecnologia. Além disso, a disparidade de preços pode estimular o “turismo tecnológico”, com brasileiros cruzando a fronteira em busca de ofertas mais vantajosas, especialmente em cidades como Puerto Iguazú, Posadas e Mendoza, que fazem divisa com o Brasil.
Indústria brasileira teme pressão sobre vendas e pede revisão de tributos
Empresas brasileiras do setor de eletrônicos já demonstram preocupação com os impactos da medida argentina. Com preços mais baixos nos países vizinhos, o consumo interno pode migrar para o exterior, afetando diretamente o varejo nacional.
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e outras entidades já articulam pleitos junto ao governo para rever a carga tributária e evitar uma desvantagem ainda maior em relação aos concorrentes sul-americanos.
Especialistas defendem que o Brasil precisa revisar seu modelo de taxação sobre tecnologia, que penaliza tanto o consumidor final quanto a inovação no setor privado. Uma das propostas em debate é ampliar o escopo da reforma tributária em tramitação para incluir uma reavaliação das alíquotas aplicadas a notebooks, smartphones e equipamentos para trabalho remoto — especialmente após a pandemia de Covid-19 ter consolidado o home office.
Medida argentina pode pressionar América do Sul a rever políticas de acesso à tecnologia
Com validade prevista até o final de 2026, a isenção de impostos na Argentina pode se tornar um exemplo para outros países da região.
O Chile e o Uruguai, por exemplo, já possuem políticas de desoneração parcial para produtos tecnológicos. A iniciativa argentina, por sua vez, eleva o patamar ao zerar completamente a tarifa de entrada desses equipamentos.
Caso a estratégia tenha impacto positivo na digitalização do país e no estímulo ao consumo tecnológico, ela pode ser adotada como modelo regional, pressionando países como o Brasil a repensarem suas políticas públicas de incentivo à conectividade e à inovação.