Relatório da Westwood Energy revela expansão dos investimentos em engenharia e construção offshore, mas alerta que o mercado de petróleo enfrenta riscos com o excesso de oferta e a queda do barril
Segundo reportagem do site Petronotícias nesta quarta-feira (8), uma análise da Westwood Energy mostra que os investimentos em engenharia e construção offshore continuam crescendo, sustentados pela retomada de grandes projetos em águas profundas. No entanto, o alerta está aceso: o excesso de oferta e a desvalorização do barril do petróleo ameaçam reduzir margens e desacelerar a expansão do setor.
Investimentos em alta e novos riscos no mercado de petróleo
De acordo com a Westwood Energy, os investimentos em construção offshore (EPCI — engenharia, suprimento, construção e instalação) devem atingir uma média anual de US$ 57 bilhões entre 2026 e 2029, mesmo com leve retração prevista para 2025.
Esse crescimento reflete o aumento da demanda por projetos de exploração e produção (E&P) em regiões estratégicas, como o Brasil, o Sudeste Asiático e o Golfo Pérsico. No entanto, dois fatores despertam preocupação entre analistas e executivos: o excesso de oferta global e a queda dos preços do barril, que tendem a comprometer a rentabilidade e a viabilidade de novos empreendimentos offshore.
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A força da engenharia offshore e sua importância global
A engenharia offshore representa um dos pilares da indústria de energia moderna. Ela envolve desde o estudo geofísico e o projeto estrutural até a fabricação e instalação de plataformas, sistemas submarinos e dutos. É uma área de alta complexidade técnica e relevância econômica para países com reservas marítimas de petróleo e gás.
Segundo especialistas, fortalecer a cadeia de engenharia e construção offshore é essencial para manter competitividade, gerar empregos qualificados e agregar valor local às operações.
No Brasil, por exemplo, o pré-sal consolidou o país como uma das principais potências offshore do planeta, e os investimentos continuam atraindo grandes empresas internacionais.
Entretanto, a volatilidade do preço do petróleo pode frear a expansão e forçar uma reavaliação de portfólios, especialmente em projetos de longo prazo com alto custo de capital.
Tendências e projeções da Westwood Energy
Em seu relatório mais recente, a Westwood Energy destacou que o volume global de contratos de engenharia e construção offshore deverá se manter estável nos próximos cinco anos, com média de US$ 57 bilhões anuais entre 2026 e 2029.
O mercado, contudo, deve enfrentar redução temporária de investimentos em 2025, reflexo da incerteza causada pela queda nos preços internacionais do barril e pelo aumento da produção global, especialmente em países da OPEP+ e nos Estados Unidos.
As regiões com maior potencial de crescimento, segundo a consultoria, são:
- Brasil — impulsionado por campos do pré-sal e novas rodadas de leilões da ANP;
- África — com projetos em expansão na Namíbia, Nigéria e Angola;
- Sudeste Asiático — foco em gás natural e novos poços em águas profundas.
Essas áreas continuam atraindo capital, mas com exigências de eficiência e controle de custos cada vez maiores.
Excesso de oferta e volatilidade do barril: alerta no setor offshore
O mercado de petróleo enfrenta um desequilíbrio entre oferta e demanda. A liberação de estoques estratégicos e a elevação da produção global vêm pressionando as cotações do Brent e do WTI, que registraram quedas sucessivas em 2025.
Quando a oferta supera a demanda, o preço do barril tende a cair — e isso impacta diretamente os retornos esperados de projetos offshore. A Agência Internacional de Energia (AIE) também revisou suas projeções, apontando risco de excesso de oferta até o final de 2026.
Esse cenário pode provocar adiamentos de contratos, redução de margens e revisão de portfólios por parte das operadoras, especialmente as privadas. Segundo o relatório State of Exploration 2025 da Westwood Energy, as empresas estatais de petróleo (NOCs) detiveram 51% da participação acionária em poços de alto impacto em 2024, além de representarem 67% dos recursos descobertos nesse mesmo tipo de poço.
Custos crescentes e desafios da construção offshore
Além da volatilidade do barril, outro obstáculo significativo para o setor é o aumento dos custos operacionais. A inflação global na cadeia de suprimentos, a escassez de mão de obra especializada e o envelhecimento das frotas offshore têm elevado o custo médio dos projetos.
Muitas embarcações, sondas e plataformas já ultrapassaram 20 anos de uso. Com tarifas diárias mais baixas e alto custo de manutenção, várias empresas adiam planos de modernização, o que compromete a eficiência e a segurança operacional.
A situação exige maior disciplina de capital, priorizando apenas projetos com retorno garantido e forte capacidade de geração de caixa.
Estudo da Westwood Energy: engenharia offshore na transição energética
Embora o foco atual esteja no petróleo, há um movimento crescente de diversificação dentro da engenharia offshore. Empresas tradicionais do setor têm direcionado parte dos seus investimentos para projetos de energia renovável, como eólica offshore, hidrogênio verde e captura e armazenamento de carbono (CCS).
Em 2025, no entanto, muitos projetos de eólica flutuante foram revistos. Segundo a Westwood Energy, o aumento dos custos e a dificuldade de financiamento reduziram o número de novos contratos, especialmente na Europa e na Ásia.
Ainda assim, o potencial permanece alto: a infraestrutura e o know-how do setor de petróleo podem ser reaproveitados em plataformas de energia limpa, criando uma ponte entre a indústria fóssil e a economia de baixo carbono.
Essa integração pode se tornar o novo vetor de crescimento da engenharia offshore nas próximas décadas.
Estratégias de adaptação e mitigação no mercado de petróleo
Diante de um cenário global volátil, as empresas do mercado de petróleo estão adotando estratégias mais conservadoras e seletivas. Algumas medidas essenciais incluem:
- Rigor financeiro — Foco em projetos com retorno previsível e menor exposição à variação do barril.
- Eficiência operacional — Uso de tecnologias digitais para reduzir custos, prever falhas e otimizar manutenção.
- Parcerias estratégicas — Joint ventures e fusões para compartilhar riscos e ampliar escala.
- Diversificação geográfica — Expansão para mercados emergentes com maior estabilidade regulatória e demanda energética.
Essas ações visam proteger a rentabilidade diante das oscilações de preço e da pressão competitiva crescente.
Como o setor offshore pode se manter competitivo
A competitividade na construção offshore dependerá de uma combinação de inovação tecnológica, gestão de riscos e reavaliação de modelos contratuais.
Empresas que conseguirem integrar automação, análise de dados e manutenção preditiva poderão operar com menores custos e maior confiabilidade. Além disso, a tendência de projetos modulares e padronizados promete reduzir o tempo de entrega e melhorar a eficiência.
No Brasil, o fortalecimento da engenharia nacional e o incentivo à fabricação local são estratégias decisivas para garantir competitividade em longo prazo. O país tem potencial para atrair investimentos expressivos, desde que mantenha previsibilidade jurídica e estabilidade nas regras do setor.
Perspectivas futuras do setor offshore segundo Westwood Energy
O futuro do setor offshore dependerá de como o mundo equilibrará suas necessidades energéticas com as metas de descarbonização. Os investimentos em engenharia e construção offshore devem seguir relevantes até o fim da década, mas com foco crescente em eficiência, digitalização e sustentabilidade.
Segundo a Westwood Energy, as oportunidades continuarão existindo, mas a seletividade será a regra. O excesso de oferta e a desvalorização do barril devem continuar afetando o comportamento dos investidores e as decisões de novas explorações, especialmente em águas profundas.
Ainda assim, a inovação e a transição energética oferecem caminhos promissores. As empresas que souberem adaptar seus modelos de negócio — combinando engenharia, tecnologia e responsabilidade ambiental — estarão mais bem posicionadas para prosperar em um mercado de petróleo cada vez mais dinâmico, competitivo e globalizado.