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Investimento no metaverso já movimentou milhões, mas especialistas alertam para bolha, descubra os riscos e as reais oportunidades desse novo mercado

Escrito por Carla Teles
Publicado em 31/05/2025 às 13:20
Investimento no metaverso já movimentou milhões, mas especialistas alertam para bolha, descubra os riscos e as reais oportunidades desse novo mercado
Investimento no metaverso: da euforia milionária dos terrenos virtuais ao alerta de bolha. Conheça os riscos, as oportunidades reais e o futuro deste mercado.
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O mercado de terrenos virtuais explodiu, movimentando milhões e atraindo grandes investidores. Agora, enfrenta a realidade da correção e alertas de bolha. Entenda os riscos e as reais oportunidades do investimento no metaverso.

A promessa de lucros de investimento no metaverso impulsionou um frenesi em torno dos terrenos virtuais, com transações milionárias. No entanto, a euforia inicial deu lugar a uma correção severa, levantando questões sobre a sustentabilidade desse mercado. Este artigo analisa o boom, os perigos e o potencial real dos imóveis digitais.

A corrida pelo ouro digital: O boom dos terrenos virtuais

O conceito de terrenos virtuais rapidamente capturou a imaginação e os bolsos de investidores. Estes são, essencialmente, parcelas de espaço digital dentro de plataformas como The Sandbox e Decentraland, adquiridas predominantemente com criptomoedas e cuja titularidade é atestada por Tokens Não Fungíveis (NFTs).Este mercado emergente viveu um “boom” expressivo, com as vendas de imóveis virtuais alcançando a cifra de US$ 500 milhões em 2021, e projeções indicando uma duplicação desse valor em 2022.

O ápice mensal de vendas ocorreu em novembro de 2021, atingindo impressionantes US$ 85 milhões. Essa febre foi impulsionada por uma combinação de fatores: a narrativa do metaverso como a “próxima fronteira da internet”, a ascensão dos NFTs como uma nova classe de ativos digitais, o marketing agressivo por parte das plataformas e o ingresso de grandes corporações e celebridades, o que intensificou o fenômeno de FOMO (Fear Of Missing Out – medo de ficar de fora).

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Números do mercado e a correção

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Apesar das projeções de longo prazo para o investimento no metaverso em imóveis permanecerem notavelmente otimistas – com o mercado global avaliado em US$ 2,99 bilhões em 2024 e expectativas de alcançar aproximadamente US$ 67,40 bilhões até 2034, representando uma Taxa Composta de Crescimento Anual (CAGR) de 36,55% – a realidade de curto prazo foi marcada por uma correção drástica e dolorosa.

Os preços dos terrenos virtuais despencaram, em alguns casos, até 95% em relação aos seus máximos históricos. Como exemplo, o preço mínimo de terrenos na plataforma The Sandbox sofreu uma redução de 95% entre 2021 e 2024. A liquidez, um fator crucial para qualquer ativo, também foi severamente impactada: o volume no mercado de empréstimos de NFT, que serve como um termômetro para o valor percebido desses ativos, colapsou, caindo 97% entre janeiro de 2024 e maio de 2025. Essa queda abrupta nos preços está intrinsecamente ligada não apenas ao arrefecimento do entusiasmo generalizado pelo metaverso, mas também ao desempenho do mercado de criptomoedas como um todo.

A especulação e suas consequências do investimento no metaverso

A rápida escalada de preços e o subsequente colapso levantaram sérios alertas sobre uma bolha especulativa no investimento no metaverso. Essa bolha foi alimentada pela chamada “mentalidade de rebanho”, onde muitos investidores entraram no mercado temendo perder uma oportunidade de enriquecimento rápido, impulsionados por um otimismo exacerbado e pelo intenso hype midiático. A percepção de escassez, muitas vezes artificialmente criada pelas plataformas, também contribuiu para a valorização.

Especialistas proeminentes, como o investidor Mark Cuban, chegaram a classificar a compra de imóveis virtuais como “a maior burrice de todas”, argumentando que as plataformas têm a capacidade de criar um número ilimitado de lotes, minando qualquer noção de escassez real. As consequências dessa correção foram sentidas por muitos, resultando em perdas financeiras significativas. Além disso, a baixa contagem de usuários ativos em algumas das principais plataformas – Decentraland, por exemplo, apesar de uma avaliação de US$ 1,2 bilhão, reportou ter apenas 38 usuários ativos em um período de 24 horas, segundo a IstoÉ Dinheiro – e a ausência de modelos de negócio claros para muitas dessas plataformas minaram a confiança no setor.

Principais riscos do investimento no metaverso

Investir em terrenos virtuais significa navegar em um ambiente repleto de riscos significativos. A volatilidade extrema dos preços é, talvez, o mais evidente, com valores capazes de sofrer variações drásticas em curtos períodos, fortemente influenciados pelo volátil mercado de criptomoedas. A baixa liquidez é outra preocupação central, dificultando a conversão rápida dos terrenos em dinheiro sem perdas substanciais, especialmente em mercados desaquecidos.

Adicionalmente, os riscos tecnológicos são proeminentes, incluindo a segurança das plataformas contra hackers, a possibilidade de falhas técnicas, e a crucial questão da posse: a perda do token NFT que representa o terreno pode significar a perda total e irrecuperável da propriedade virtual. A ameaça de obsolescência das plataformas, que podem cessar operações ou se tornarem irrelevantes, também paira sobre os investidores. Completa este cenário de perigos a persistente incerteza regulatória e legal. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já emitiu alertas sobre a atuação irregular de empresas que se apresentam como assessores de investimento no metaverso sem as devidas autorizações. Globalmente, a falta de uma supervisão clara e a indefinição sobre o status legal da propriedade virtual contribuem para a instabilidade. Muitas plataformas, apesar de uma fachada de descentralização, frequentemente mantêm um controle centralizado sobre aspectos cruciais, como a emissão de novos terrenos, configurando um risco adicional.

Oportunidades reais emergentes

O metaverso acena com oportunidades que transcendem a mera especulação sobre a valorização de ativos.
O metaverso acena com oportunidades que transcendem a mera especulação sobre a valorização de ativos.

Apesar do cenário desafiador, o metaverso acena com oportunidades que transcendem a mera especulação sobre a valorização de ativos. O comércio virtual desponta como uma área promissora, com inúmeras marcas de moda, como Gucci e Prada, e gigantes do varejo como Carrefour, estabelecendo presença em plataformas como Decentraland e The Sandbox, abrindo lojas virtuais e participando de eventos.

O setor de eventos e entretenimento também encontrou um terreno fértil, com rappers como Snoop Dogg realizando shows e outras atividades em suas mansões virtuais, impulsionando inclusive a venda de terrenos adjacentes. A publicidade é outra avenida de monetização, onde proprietários de terrenos virtuais podem vender espaços para marcas que desejam alcançar o público presente nesses ambientes. Empresas de diversos setores, incluindo bancos como o JP Morgan e escritórios de advocacia, começam a explorar escritórios virtuais e a prestação de serviços dentro do metaverso. A monetização direta dos terrenos, através de aluguel para empresas ou indivíduos, desenvolvimento de experiências interativas como jogos com taxas de entrada, e a venda de produtos virtuais, também representa uma fonte de receita potencial. Contudo, é fundamental ressaltar que a viabilidade de todas essas oportunidades “além da especulação” depende crucialmente da adoção em massa e do engajamento contínuo dos usuários nas plataformas de metaverso. Lojas virtuais vazias e eventos sem público não geram receita.

Terrenos virtuais e imóveis tradicionais

Foto: ZHA/Divulgação
Foto: ZHA/Divulgação

Ao comparar o investimento no metaverso em terrenos virtuais com o investimento em imóveis tradicionais no mundo físico, as diferenças são fundamentais e abrangentes. Imóveis tradicionais são ativos físicos, tangíveis, com propriedade legalmente estabelecida e utilidade intrínseca. Em contraste, terrenos virtuais são ativos digitais intangíveis, representados por NFTs, com valor e utilidade dependentes da popularidade e desenvolvimento da plataforma específica. A utilidade de um imóvel físico é intrínseca e bem definida – seja para abrigo, comércio ou indústria – enquanto a utilidade de um terreno virtual ainda está em processo de definição e depende crucialmente da plataforma, do engajamento dos usuários e do que é desenvolvido sobre ele. Em termos de risco e retorno, o investimento em terrenos virtuais é considerado de altíssimo risco devido à sua extrema volatilidade e à novidade do mercado, embora com potencial para valorizações explosivas. Imóveis tradicionais, geralmente, oferecem retornos mais estáveis e previsíveis, com menor volatilidade. A liquidez também difere significativamente, podendo ser extremamente baixa para terrenos virtuais.

O horizonte do metaverso: Perspectivas pós-2025

O futuro dos terrenos virtuais e, por extensão, do investimento no metaverso, está intrinsecamente ligado à evolução mais ampla do próprio metaverso e da próxima geração da internet, frequentemente denominada Web 4.0. Após a euforia inicial e a subsequente correção, espera-se que o mercado entre em uma fase de maior realismo e maturação. O foco tende a se deslocar da pura especulação para o desenvolvimento de casos de uso concretos e modelos de negócio sustentáveis.

Tendências tecnológicas emergentes, como a integração de Inteligência Artificial (IA) para enriquecer as experiências virtuais, avanços contínuos em hardware de Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR), e a crescente tokenização de Ativos do Mundo Real (RWAs), têm o potencial de revitalizar e trazer maior lastro ao ecossistema. A interoperabilidade e o desenvolvimento de padrões abertos são vistos como cruciais para evitar a fragmentação do metaverso e para fomentar um crescimento mais amplo. A regulamentação futura também desempenhará um papel determinante.

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Carla Teles

Produzo conteúdos diários sobre tecnologia, inovação, construção e setor de petróleo e gás, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra oportunidades de trabalho atualizadas e as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

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