Investimento bilionário impulsiona o sudeste do Brasil com o maior condomínio logístico do país, 620 mil m² de área locável, consolidando a região como novo polo estratégico nacional.
O Espírito Santo acaba de entrar para o mapa dos grandes investimentos imobiliários corporativos do país.
Um aporte de R$ 2 bilhões dará origem ao maior condomínio logístico já construído no Brasil, transformando o Estado em referência nacional em infraestrutura de armazenagem e distribuição.
O projeto, assinado pela Private Construtora, marca um divisor de águas para um mercado que já vinha em expansão desde 2022.
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Crescimento acelerado e mercado em alta
Segundo levantamento da consultoria Colliers, a área bruta locável de galpões no Espírito Santo saltou de 580 mil m² em 2022 para mais de 1,4 milhão de m² no segundo trimestre de 2025.
Esse aumento, longe de reduzir os custos, fez o valor médio do metro quadrado subir de R$ 21,55 para R$ 25,22.
O Estado também ostenta uma taxa de vacância de apenas 3,8%, bem abaixo da média nacional de 9%.
“Em 2021, o mercado local começou a se profissionalizar com investidores regionais apostando em galpões mais modernos”, explica Maurício Nascimento, gerente da Colliers Brasil.
Para ele, os incentivos fiscais oferecidos compensam desafios logísticos e custos de locação, tornando o Espírito Santo altamente competitivo.
Incentivos fiscais e infraestrutura estratégica
O ambiente favorável é resultado direto dos programas estaduais Compete-ES e Invest-ES, que garantem redução no ICMS para e-commerces, atacadistas e importadores.
Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento, Rogério Salume, esses instrumentos, vigentes até 2032, são fundamentais para atrair empresas, gerar empregos e impulsionar a economia.
Além disso, o Estado se beneficia de uma localização estratégica, com fácil acesso a rodovias, portos e ao Aeroporto de Vitória, recentemente renovado.
A entrega do Contorno do Mestre Álvaro, trecho modernizado da BR-101/ES, também foi decisiva.
A obra, concluída em 2023 com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, melhorou o tráfego de 50 mil veículos por dia e abriu caminho para novas operações logísticas.
Empresas atraídas e polos em ascensão
Desde a entrega do Contorno, o mercado capixaba de galpões cresceu quase 500 mil m². Só a Serra concentra 43% do inventário estadual, com 601 mil m². Viana soma 366 mil m², e Cariacica, 235 mil m².
Empresas como Mercado Livre, FedEx, Suzano e Autoglass ampliaram sua presença, reforçando o caráter estratégico da região.
O Porto Canoa Log, inaugurado em 2021 na Serra, tornou-se até agora o maior condomínio logístico do Espírito Santo, com 96 mil m², ocupado por nomes como Grupo Boticário e Whirlpool.
Mas esse título está prestes a mudar de mãos.
Private Log: o novo gigante do setor
Com previsão de entrega inicial em 2026 e conclusão total em 2028, o Private Log será o maior condomínio logístico do Brasil.
O projeto prevê mais de 620 mil m² de área bruta locável em um terreno de 1,5 milhão de m², adquirido por R$ 378 milhões.
Para comparação, o atual recordista nacional é o GLP Guarulhos, em São Paulo, com 440 mil m². O novo empreendimento capixaba vai superar esse número com folga.
Além dos quatro galpões, a estrutura incluirá posto de combustível, outlet, restaurante, quadra de tênis, academia e até piscina, sinalizando uma aposta em espaços multifuncionais.
A primeira etapa, com 170 mil m², já foi contratada pela Mila Transportes, a um valor de R$ 32,80 por metro quadrado — cerca de 30% acima da média regional, demonstrando a alta demanda.
Outras três grandes empresas já negociam contratos, além de fundos de investimento interessados em financiar a obra.
“O Espírito Santo tem uma vocação logística natural, mas os grandes players ainda concentram suas operações no eixo Rio-São Paulo.
Estamos vendo empresas desesperadas para conseguir bons espaços aqui”, afirma Mateus Vitoria Oliveira, fundador da Private Construtora.
Impacto econômico e futuro promissor
Para especialistas, a entrega do Private Log consolidará o Espírito Santo como o quarto maior mercado de galpões logísticos do Brasil, ultrapassando Pernambuco.
O movimento deve fortalecer o papel do Estado como centro de distribuição nacional e internacional, aproveitando sua posição estratégica próxima ao Atlântico e às principais rotas comerciais.
Em um cenário de PIB acima da média brasileira e taxa de desemprego em 4% — a menor do Sudeste —, o Espírito Santo mostra que o futuro da logística no país pode estar além do eixo tradicional Rio-São Paulo.