Brasil registra crescimento na geração de empregos na produção de calçados, mas enfrenta desafios com aumento das importações da China.
O setor de calçados do Ceará apresenta sinais de recuperação na geração de empregos em 2024. Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base nos registros do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que, nos primeiros meses do ano, foram gerados 3 mil novos empregos na produção de calçados do estado. Essa leve alta de 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado indica um crescimento positivo. Apesar dos números encorajadores, a “invasão chinesa” de calçados preocupa o setor no Brasil. A Abicalçados alerta para o aumento das importações de calçados asiáticos, especialmente com um possível acordo de livre comércio entre o Mercosul e a China.
A ameaça da China e suas implicações
Esse acordo pode intensificar a entrada de produtos chineses nas lojas brasileiras, gerando receios sobre o impacto nas exportações do Ceará e, consequentemente, sobre os empregos gerados.
O Ceará é o segundo maior empregador no setor de calçados do Brasil, atrás apenas da indústria da construção civil. Em agosto de 2024, o setor contava com 68,3 mil empregos.
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Em termos de geração de postos de trabalho, o estado ficou atrás apenas de São Paulo, que criou 4 mil empregos no mesmo período.
Isso mostra a relevância do Ceará na produção de calçados no Brasil.
Importações e exportações de calçados no cenário atual
De acordo com dados do Comex Stat, entre janeiro e agosto de 2024, o Brasil importou US$ 324,17 milhões em calçados, o que equivale a cerca de R$ 1,77 bilhão.
Os principais países fornecedores são o Vietnã, a Indonésia e a China. Minas Gerais é o maior importador, responsável por 49% das compras internacionais, enquanto o Ceará participa com uma fatia de aproximadamente 2%.
O estado adquiriu, nos primeiros oito meses deste ano, US$ 6,37 milhões em calçados.
Por outro lado, o Brasil exporta mais que o dobro em valor agregado. Nos mesmos meses, foram exportados US$ 717,47 milhões, com os Estados Unidos e a Argentina sendo os principais compradores da indústria calçadista nacional.
O Ceará, apesar de ser o segundo maior exportador do país, registrou uma queda de 27,6% nas exportações em comparação com o ano passado, totalizando US$ 135 milhões.
A produção calçadista sob pressão
A produção de calçados no Brasil até agosto de 2024 foi de mais de 500 milhões de pares, um aumento de 4% em relação ao ano anterior.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o crescimento das rendas das famílias brasileiras tem contribuído para o desempenho positivo do setor calçadista.
No entanto, essa recuperação está ameaçada. A China, um dos principais exportadores de calçados para o Brasil, tem aumentado sua presença no mercado.
A prática de dumping, onde os produtos são vendidos a preços inferiores ao mercado, gera uma concorrência desleal para as indústrias brasileiras.
Para proteger o mercado interno, existem medidas em vigor, como taxas de importação e tarifas antidumping, que foram prorrogadas até 2027.
O futuro do setor de calçados no Ceará
A Secretaria do Trabalho do Estado do Ceará (SET) observa que, apesar das preocupações com as importações, a geração de empregos no setor calçadista continua firme.
A recente inauguração da nova fábrica da Grendene no Crato, que gerou 1 mil novos empregos, é um exemplo do crescimento do setor.
O secretário em exercício, Renan Ridley, acredita que o Ceará, especialmente na indústria calçadista, continuará a gerar mais empregos, impactando positivamente a economia local.
Em suma, embora o setor de calçados do Ceará tenha recuperado o fôlego na geração de empregos, a crescente importação de calçados da China apresenta desafios significativos. A combinação de produção local e as pressões das importações determinará o futuro da indústria calçadista no Brasil.