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Interfaces cérebro-computador — cientistas criaram um sensor cerebral com microestrutura tão discreta que é quase imperceptível

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 16/04/2025 às 14:07
Sensor cerebral ultrafino e em formato de cruz amarela aplicado diretamente sobre o couro cabeludo entre fios de cabelo.
Um sensor cerebral em microescala colocado entre os folículos capilares. Crédito: W. Hong Yeo.
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O campo da neurociência ganhou um novo impulso com o desenvolvimento de um sensor cerebral de microestrutura quase imperceptível. A tecnologia foi projetada para captar sinais neurais de maneira contínua e minimamente invasiva, facilitando tanto tratamentos quanto pesquisas sobre o cérebro humano

Um novo sensor cerebral desenvolvido por pesquisadores da Georgia Tech, localizada em Atlanta, no estado da Geórgia, Estados Unidos, pode transformar como as interfaces cérebro-computador (BCIs) são usadas no dia a dia.

A inovação permite a leitura de sinais neurais com alta precisão, sem causar desconforto ou exigir equipamentos volumosos.

Interfaces cérebro-computador — Sensor em microescala se encaixa entre os folículos capilares

O sensor criado pela equipe é extremamente pequeno e pode ser inserido nos espaços entre os folículos capilares, logo abaixo da pele. Ele é quase invisível ao olho humano.

Segundo os pesquisadores, esse posicionamento permite maior proximidade com a fonte dos sinais cerebrais, reduzindo interferências externas.

Diferente de métodos tradicionais que usam gel ou eletrodos secos no couro cabeludo, a nova solução evita os fios rígidos e a necessidade de aplicação constante. Também supera as limitações dos sensores invasivos que precisam de implantes no cérebro.

Tecnologia usa microagulhas condutoras e fios flexíveis

O dispositivo utiliza microagulhas feitas de um polímero condutor para captar os sinais elétricos do cérebro.

Esses sinais são então enviados por fios flexíveis compostos de poliamida e cobre. Todo o sistema é encapsulado em uma estrutura menor que 1 milímetro.

O professor Hong Yeo, líder da pesquisa e especialista em sensores vestíveis, foi quem combinou o conhecimento em eletrônica flexível e microtecnologia para criar esse novo sensor.

Yeo é professor da Escola de Engenharia Mecânica George W. Woodruff e também atua no Instituto de Pessoas e Tecnologia da Georgia Tech.

Meu objetivo é desenvolver tecnologias de sensores que possam realmente ajudar na área da saúde“, explicou Yeo. Ele afirma que a chave está na miniaturização e no posicionamento estratégico do sensor, o que melhora muito a qualidade dos sinais captados.

Testes evidenciam precisão de 96,4% com liberdade total de movimento

Para testar o sensor, seis pessoas participaram de um estudo em que usaram o dispositivo ao longo de um dia normal.

Os participantes conseguiram andar, correr e realizar tarefas diárias enquanto a interface cérebro-computador registrava e interpretava os sinais neurais.

Durante os testes, os usuários controlaram uma videochamada de realidade aumentada apenas com o foco do olhar.

O sistema foi capaz de identificar, com 96,4% de precisão, qual estímulo visual estava sendo observado, o que permitiu ações como aceitar chamadas ou acessar contatos sem o uso das mãos.

A fidelidade dos sinais se manteve por até 12 horas seguidas, com resistência elétrica extremamente baixa entre a pele e o sensor. Isso indica que o sistema pode operar por longos períodos sem perda de desempenho, mesmo com movimento constante.

Um sensor cerebral em microescala em um dedo. Crédito: W. Hong Yeo.

Possibilidades para uso contínuo e integração homem-máquina

Os resultados empolgaram os pesquisadores. Para Yeo, essa tecnologia vestível pode tornar as BCIs viáveis para uso contínuo na rotina de qualquer pessoa, integrando de maneira prática o cérebro humano com dispositivos externos.

Além disso, o sensor pode abrir portas para aplicações futuras em áreas como reabilitação, próteses e controle de dispositivos assistivos. “Vou continuar colaborando com minha equipe para desenvolver ainda mais a tecnologia BCI“, afirmou o professor.

Yeo destacou ainda a importância do trabalho coletivo. “Muitos dos grandes desafios de hoje são complexos demais para serem resolvidos individualmente. Por isso, agradeço aos meus colegas e colaboradores que tornaram este avanço possível.

Novo caminho para dispositivos de monitoramento cerebral

Com essa inovação, a Georgia Tech demonstra que a miniaturização e o conforto do usuário podem ser combinados com alto desempenho em dispositivos de leitura cerebral.

O novo sensor oferece uma alternativa promissora aos sistemas tradicionais, indicando uma nova fase no desenvolvimento de interfaces cérebro-computador mais práticas, eficazes e integradas à vida cotidiana.

Estudo publicado em pnas.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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