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O INSS suspendeu quatro instituições financeiras, incluindo o Banco Inter e o Paraná Banco, após indícios de irregularidades em contratos de crédito consignado voltados a aposentados.
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu suspender, de forma cautelar, os contratos de quatro instituições financeiras acusadas de irregularidades na oferta de empréstimos consignados para aposentados e pensionistas. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, afeta o Banco Inter, a Facta Financeira, o Paraná Banco e a Cobuccio Sociedade de Crédito.
A medida tem efeito imediato e impede que essas instituições ofereçam novos consignados até o fim das investigações. O INSS afirma que a ação busca proteger os beneficiários de práticas consideradas abusivas e garantir a integridade do sistema previdenciário.
Cresce a pressão sobre bancos após onda de reclamações
Nos últimos meses, o crédito consignado — aquele descontado diretamente da aposentadoria — se transformou em um dos principais alvos de denúncias de consumidores. Idosos relatam ter recebido valores em suas contas sem autorização prévia, seguidos de descontos mensais não reconhecidos.
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Levantamentos recentes mostram que mais da metade das queixas registradas no portal consumidor.gov.br desde 2019 envolvem contratos não solicitados. O restante se divide entre cobranças indevidas, taxas escondidas e dificuldades para cancelamento.
A situação levou o INSS a adotar uma postura mais rígida, especialmente após a constatação de que correspondentes bancários terceirizados são responsáveis por boa parte das fraudes.
Suspensões recentes indicam endurecimento das regras
A nova rodada de suspensões não é um caso isolado. Em outubro, o Banco Master já havia sido afastado do sistema de consignados. Antes disso, oito outras instituições também perderam a autorização temporariamente.
O movimento mostra que o INSS vem tentando reorganizar o setor e frear o assédio comercial sobre aposentados — um problema antigo que ganhou força com o aumento das operações digitais. De acordo com fontes próximas ao órgão, a ideia é zerar o passivo de reclamações e impor um novo padrão de conduta às instituições financeiras.
Bancos reagem e alegam surpresa com decisão
Entre as empresas atingidas, o Banco Inter declarou que foi surpreendido com a decisão e busca esclarecimentos junto ao INSS. A instituição afirma seguir “padrões rigorosos de transparência” e manter “respeito absoluto pelos clientes, em especial aposentados e pensionistas”.
A Facta Financeira também disse estar em contato com o órgão e garantiu que cumpre todas as normas do Banco Central e da Previdência, mas ainda não teve acesso integral ao processo.
O Paraná Banco informou que está prestando esclarecimentos técnicos e jurídicos e reforçou seus “compromissos com ética e responsabilidade”. Já a Cobuccio Sociedade de Crédito não respondeu até o fechamento desta matéria.
Febraban acompanha e promete reforçar autorregulação
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que acompanha de perto o caso e pretende reforçar mecanismos de autorregulação no setor de crédito consignado. Segundo a entidade, o objetivo é padronizar práticas e prevenir irregularidades, preservando o direito de defesa das instituições envolvidas.
“A autorregulação é essencial para evitar que o problema se repita e para garantir mais segurança aos aposentados”, destacou a federação em nota.
CPMI do INSS deve investigar fraudes em consignados
O caso reacendeu o debate sobre golpes e fraudes em empréstimos a beneficiários da Previdência. A CPMI do INSS, que apura irregularidades em benefícios e pagamentos indevidos, pretende incluir o tema dos consignados na agenda de oitivas ainda este mês.
Parlamentares defendem que o sistema de crédito para aposentados precisa de rastreabilidade digital obrigatória, com confirmação biométrica e bloqueio automático de ofertas não solicitadas.
A ideia é criar uma barreira tecnológica que impeça a abertura de contratos sem a anuência do titular.
Um mercado bilionário sob escrutínio
O mercado de empréstimos consignados do INSS movimenta mais de R$ 260 bilhões por ano. As taxas de juros são menores — justamente por causa do desconto direto no benefício —, o que o torna o tipo de crédito mais popular entre aposentados.
Mas a combinação entre baixo custo e vulnerabilidade do público-alvo criou terreno fértil para abusos. Em muitos casos, o consumidor descobre o empréstimo apenas ao verificar o extrato bancário, quando já há parcelas em andamento.
O que muda para o aposentado
As suspensões não afetam contratos já firmados, mas impedem novas ofertas pelos bancos citados. Quem receber ligações, mensagens ou propostas de crédito de qualquer uma dessas instituições deve ignorar o contato e, se houver suspeita de fraude, abrir reclamação no portal Meu INSS ou no consumidor.gov.br.
O instituto também reforçou que nenhum funcionário entra em contato oferecendo crédito e que toda operação deve ser iniciada pelo próprio beneficiário.
Um recado claro ao mercado financeiro
Com a nova suspensão, o INSS envia um sinal firme de que não tolerará mais práticas abusivas no setor de crédito consignado. A tendência é que novas investigações surjam nos próximos meses, ampliando o cerco a bancos e correspondentes que operam fora das regras.
Enquanto isso, aposentados e pensionistas — as principais vítimas desse sistema — continuam à espera de algo simples, mas ainda distante: empréstimos sem enganos, sem assédio e com transparência total.
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