Um mergulho audacioso na inovação resulta em tragédia, revelando falhas fundamentais na abordagem e gestão da inovação.
O apetite pelo desconhecido sempre desafiou a humanidade. No caso da OceanGate, essa sede por descobertas inéditas, no entanto, custou a vida de cinco corajosos exploradores. A empresa, conhecida por fabricar o submersível Titan, visava transformar a exploração do oceano em uma experiência “inovadora” e acessível para poucos. No entanto, o que se prometia uma conquista para a humanidade, se converteu em uma catástrofe de proporções avassaladoras.
Navegação Ousada no Mar da Inovação
A OceanGate, fundada por Stockton Rush em 2009, fez nome ao possibilitar que pesquisadores e exploradores desbravassem as profundezas inexploradas dos oceanos. Com a primeira expedição bem-sucedida aos destroços do Titanic em 2021, a empresa parecia estar no caminho certo. Porém, junto com o potencial para realizar descobertas extraordinárias, vieram enormes responsabilidades.
Existiam preocupações desde o início quanto à segurança e eficácia do submersível Titan. Apesar de ser descrito como o “submersível de mergulho profundo mais leve e econômico”, sua tecnologia revolucionária carecia de protocolos de segurança robustos. Em 2018, o Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados da Marine Technology Society já alertava o CEO da empresa para as consequências graves potenciais. Esses avisos, no entanto, foram ignorados até que a terceira expedição culminou em uma tragédia inimaginável.
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A Pressa Pela Inovação: Uma Espada de Dois Gumes
Na busca frenética por inovação, a OceanGate negligenciou uma precaução vital: testar suficientemente seu produto revolucionário. O impulso desenfreado para se destacar e lucrar pode levar empresas a trilhar caminhos precipitados e, por vezes, perigosos. É essencial lembrar que, embora a inovação seja a força motriz do crescimento e do progresso, é preciso implementá-la com prudência.
No caso do Titan, foram negligenciados testes cruciais que poderiam prever impactos a longo prazo. Uma consideração fundamental omitida foi a pressão extrema sob a qual o submersível operaria – equiparável ao peso da Torre Eiffel. Além disso, o Titan foi construído com fibra de carbono em vez do tradicional titânio, uma decisão que deveria ter exigido uma série de testes e experimentações adicionais.
Esses exemplos sublinham a importância do processo do funil de inovação, que envolve uma análise minuciosa de ideias, riscos e retornos potenciais. Essa abordagem estruturada e cautelosa pode prevenir falhas catastróficas e perdas desnecessárias.
A Inovação Responsável: O Caminho Para a Credibilidade
Os erros da OceanGate ecoam os do Boeing 737 MAX 8, onde um software não testado adequadamente resultou em uma tragédia aérea. Ambos os casos reforçam a importância de testar rigorosamente produtos e serviços inovadores antes de sua implementação.
Não basta apenas inovar; é crucial garantir a segurança e eficácia dos produtos ou serviços em questão através de um processo robusto de governança. Assim, uma empresa pode realmente se tornar inovadora, segura e ganhar credibilidade no mercado. A tragédia da OceanGate deve servir como um lembrete sombrio de que a inovação desenfreada, sem os devidos cuidados e testes, pode ter consequências devastadoras.
Créditos : Alexandre Pierro é mestrando em gestão e engenharia da inovação, bacharel em engenharia mecânica, física nuclear e sócio-fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO de inovação na América Latina.