Painel da ABM Week 2025 destaca competitividade sustentável do aço produzido no Brasil
A 9ª edição da ABM Week, realizada em setembro de 2025, abriu seus trabalhos discutindo as emergências e desafios da descarbonização. O tema foi debatido em um painel que reuniu executivos da Vale, Ternium, SMS group e ArcelorMittal, reforçando que, apesar de pressões externas, o setor siderúrgico brasileiro vê a sustentabilidade como motor essencial da competitividade.
Participação de grandes players no debate
No painel “Competitividade da Indústria Siderúrgica Brasileira 2025/2050”, participaram Juan Merlini, diretor de estratégia, marketing & new ventures da Vale, Titus Schaar, presidente da Ternium Brasil, e Thiago Campos, head of green steel da SMS group. A moderação coube a Kleber Beraldo de Andrade, diretor de operações da ArcelorMittal Pecém.
Segundo Merlini, a expectativa de crescimento até 2050 é consensual entre as empresas. Esse avanço será impulsionado pela urbanização, aumento populacional e uso intensivo de metais. Ele destacou ainda que a transição energética e o reuso de materiais serão determinantes. Para atingir essas metas, será indispensável investir em eficiência operacional, novas tecnologias e adoção do hidrogênio verde como combustível e fonte energética.
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O papel do Brasil na transição energética
Titus Schaar, da Ternium, foi enfático ao afirmar que o Brasil tem condições de liderar a transição energética no setor siderúrgico global. Ele ressaltou que a abundância de fontes de abastecimento e a vasta reserva vegetal colocam o país em posição única de competitividade verde.
Thiago Campos, da SMS group, trouxe exemplos internacionais. Ele citou projetos na Suécia, Alemanha e Luxemburgo, onde a empresa conseguiu reduzir emissões de CO2 em até 95%. Para isso, destacou a importância de adotar modelos inovadores de produção, que utilizem biomassa, gás natural e maior reuso de sucata.
Desafios enfrentados pela indústria brasileira
Apesar dos avanços, a indústria siderúrgica nacional enfrenta obstáculos significativos. O Brasil ocupa hoje a 9ª posição na produção global de aço bruto, mas sofre com a alta importação de aço chinês, que já representa 30% do consumo interno. Essa situação é resultado da superprodução chinesa, o que gera pressão adicional sobre a indústria local.
Outro fator é a imposição de novas tarifas dos Estados Unidos, principal comprador mundial de aço. Além disso, ainda há baixa demanda por metais totalmente descarbonizados tanto de empresas quanto de consumidores finais. Como destacou Campos, “é preciso que o mercado e a sociedade se interessem por produtos realmente limpos”.
Caminhos para a sustentabilidade do aço
Para reduzir as emissões de carbono, as companhias têm recorrido ao uso de inteligência artificial, digitalização de processos, eficiência energética e parcerias estratégicas. Contudo, os executivos reforçaram que será necessário maior estímulo governamental e ajustes na legislação.
Ainda segundo os participantes, somente com políticas públicas adequadas, cooperação internacional e inovação tecnológica será possível transformar o Brasil em líder global na descarbonização do aço e na mineração sustentável até 2050.
Assim, o painel da ABM Week 2025 deixou claro que a indústria siderúrgica brasileira enxerga a sustentabilidade não apenas como desafio, mas como vantagem competitiva essencial para o futuro. Afinal, se o país reúne recursos abundantes e tecnologia em expansão, por que não assumir a liderança mundial no aço verde?