Naval Group acusa a ThyssenKrupp de transferir tecnologia de submarinos para países que se tornaram concorrentes no setor.
A disputa no mercado de submarinos entre o Naval Group e a Thyssenkrupp Marine Systems (TKMS) ganhou novos contornos após a acusação da empresa francesa. O Naval Group acusa a TKMS de transferir tecnologia de submarinos para países que, após receberem essa tecnologia, se tornaram concorrentes diretos no mercado de exportação de submarinos.
Segundo Guillaume Rochard, chefe de estratégia do Naval Group, a ação da Thyssenkrupp facilitou a entrada de países como a Turquia e a Coreia do Sul nesse mercado altamente competitivo.
Thyssenkrupp rejeita as acusações de transferência indevida de tecnologia da Naval Group
Por sua vez, a Thyssenkrupp negou as acusações do Naval Group e defendeu sua posição em relação à transferência de tecnologia.
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A TKMS afirma que segue os mais rigorosos padrões de referência para a transferência de tecnologia de submarinos, garantindo que seus contratos sejam feitos de maneira responsável.
A empresa alemã insiste que protege sua propriedade intelectual e assegura que seus contratos são estabelecidos com cláusulas que garantem que os submarinos sejam utilizados exclusivamente para fins de defesa nacional.
A TKMS também destacou que, devido a questões de segurança, não pode comentar sobre projetos específicos ou fazer declarações detalhadas sobre suas negociações com outros países.
No entanto, a empresa garantiu que segue todas as regulamentações internacionais de exportação e trabalha em conformidade com as leis de cada país envolvido. A posição da Thyssenkrupp, de acordo com a empresa, é baseada em transparência e respeito às normas internacionais.
Submarinos da Turquia e Coreia do Sul como casos exemplo da transferência de tecnologia
No ano de 2009, a Turquia encomendou seis submarinos da ThyssenKrupp, que continham um sistema de propulsão independente de ar.
Esses submarinos foram construídos localmente nos Estaleiros de Gölçük e representam um exemplo do tipo de transferência de tecnologia que, segundo o Naval Group, tem permitido que países como a Turquia se tornem concorrentes no mercado global de submarinos.
Em agosto de 2024, o primeiro submarino da classe Reis entrou em serviço, marcando um avanço significativo para a Turquia em termos de autossuficiência tecnológica.
Da mesma forma, a Coreia do Sul também se beneficiou da transferência de tecnologia da Thyssenkrupp.
A empresa alemã forneceu o design e os principais componentes para os submarinos da Classe 214, que foram construídos localmente pela Hyundai Heavy Industries e pela Hanwha Ocean.
Os dois primeiros submarinos dessa classe entraram em operação em 2008, e a Coreia do Sul também está se tornando cada vez mais independente na produção de submarinos, o que levanta preocupações para a competitividade do Naval Group no mercado global.
O papel da direção-geral de armamentos da França na proteção da indústria nacional
O governo francês tem uma posição crítica nesse debate, já que a Direção-Geral de Armamentos (DGA) se preocupa em proteger as competências e a capacidade da indústria nacional de defesa.
Alexandre Lahousse, representante da DGA, afirmou que a França precisa ser cautelosa ao lidar com acordos de exportação, especialmente à medida que outros países exigem mais compensações e compartilhamento de tecnologia para firmar contratos.
Lahousse destacou que, em muitos casos, a transferência de tecnologia pode prejudicar a indústria nacional, criando novos concorrentes e ameaçando a posição da França no mercado de defesa naval.
Lahousse também abordou o desafio de equilibrar as exigências dos clientes internacionais com a estratégia industrial de defesa da França.
Segundo ele, certos tipos de tecnologia devem ser considerados “linhas vermelhas”, e o governo francês precisará intervir para garantir que certos conhecimentos e capacidades não sejam compartilhados com países que possam se tornar concorrentes diretos da indústria nacional.
Isso demonstra uma crescente preocupação com a preservação da autonomia estratégica da França, evitando que sua base industrial de submarinos se torne vulnerável à competição de novos players.
Não Cesar, não tem a transferência suficiente para sermos autônomos no Projeto, Construção e Reparação de algum submarino.
Só para recordar tínhamos acordo com os alemães há décadas onde obtivemos algum avanço no desenvolvimento da classe Tupi e Tikuna baseados no design do IKL209, predecessor do 214 mencionado na reportagem. O Tikuna já possuía um grande nível de nacionalização, e foi desenvolvido o Arsenal de Marinha no RJ com base no mesmo tipo de acordo que a Turquia e Coreia fizeram, só que:
1) somos muito incompetentes em absorver novas tecnologias e preencher os gaps (pq os caras te dá a vara mas não ensinam a pescar)
2) um abençoado, vendeu a ideia de que com os Franceses poderíamos desenvolver um sub nuclear
O acordo com os alemães elevou até mesmo o nível de nossa siderurgia, pois não tínhamos capacidade, conhecimento ou máquinas para fazer o aço usado (parece absurdo, mas é). E mesmo depois de mais de décadas ainda não tinhamos e não temos capacidade de construir a parte onde ficam os tubos (vinham da Alemanha e agora não sei de onde vem).
Enfim, parecia mesmo que esse acordo com os Franceses não fazia sentido e tinha mesmo o objetivo de criar um novo investimento de infra para as construtoras (vc lembra do que aconteceu), desmantelar o pouco de conhecimento que tínhamos ganhado dos alemães (o ferramental para produzir essas máquinas é feito para fazer elas então tudo o que tínhamos feito foi para o lixo) e de fazer uma graça com os Franceses, porque eles são amissi
Perfeita análise , faço das suas as minhas palavras .Somos o PAÍS do “QUASE” ,com o que começamos , não terminamos NUNCA …TRISTE ISSO E ATÉ QUANDO !?!
Eu acho que os franceses sempre cumpriram o que prometeram a todos os seus clientes (paises), tanto que no caso da Guerra das Malvinas os ingleses queriam os códigos dos mísseis franceses Ecxocet que a Argentina tinha e os franceses não entregaram. Agora, entregar de bandeja tecnologia avançada para alguns Países que revendem as tecnologias.
Parece que estamos voltando aos tempos da ” Guerra Fria”.
Não entendi então o scorpene brasileiro não tem transferência de tecnologia e a propulsão sem necessidade de ar externo não faz parte dos modernos riachuelos . Temos que pedir informações mais detalhadas da Marinha brasileira.