Presidente da Fiesp, Josué Gomes, afirma que setor busca uma política de preços sustentável e de longo prazo, sem a necessidade de benefícios do governo.
O setor industrial brasileiro não busca subsídios ou benefícios para o preço do gás natural. A afirmação foi feita por Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), nesta segunda-feira (16/6). Durante um seminário, ele defendeu a criação de uma política sustentável que garanta acesso ao insumo com preços mais competitivos, um pleito que, segundo ele, encontra apoio no Ministério de Minas e Energia.
A busca por uma política sustentável para o gás natural
Em seu discurso de abertura no seminário sobre o programa Gás Para Empregar, Josué Gomes foi enfático. Ele destacou que a indústria quer soluções permanentes. “Tenho certeza que as propostas do ministério e o que nós pedimos são, de fato, sustentáveis”, afirmou. “Nós não estamos pedindo subsídios, nós não estamos pedindo nada que não tenha longevidade e sustentabilidade”, completou. A fala ocorreu no evento promovido pela Fiesp, que contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Competitividade industrial ameaçada pelo alto custo
O preço atual do gás natural no Brasil é um dos principais fatores que comprometem a competitividade da indústria nacional. Gomes citou que o valor no país chega a $14 ou $16 dólares o milhão de BTU. Enquanto isso, muitos concorrentes internacionais pagam cerca de $3 dólares pela mesma unidade.
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Setores como o petroquímico, de vidro e de pisos cerâmicos estão entre os mais prejudicados por esse cenário. Para Gomes, uma alternativa para aumentar a competitividade do mercado brasileiro seria o acesso às reservas de gás natural não-convencional da Argentina. “A Argentina tem o gás das reservas da Vaca Morta e podemos trazer esse gás para o Brasil”, pontuou.
Leilão de gás da União é a aposta do governo
O governo, por sua vez, aposta no programa Gás para Empregar para baratear o insumo. A principal iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) é a realização de um leilão do gás natural pertencente à União. A expectativa é que essa medida ofereça uma molécula mais barata às indústrias, com um preço estimado entre $7 e $8 dólares o milhão de BTU. Esse valor representa menos da metade do que é pago atualmente.
No entanto, o ministro Alexandre Silveira admitiu, no mesmo evento, que o leilão pode atrasar. A nova previsão é que ele ocorra no primeiro semestre de 2026.
Infraestrutura e custos são entraves para gás natural mais barato
O principal obstáculo para viabilizar o leilão e reduzir o preço do gás natural são os custos de acesso à infraestrutura. As instalações de escoamento e processamento, operadas pela Petrobras, possuem tarifas consideradas altas. O MME tem pressionado a petroleira para reduzir esses custos, baseando-se em uma nota técnica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Segundo a EPE, os custos de acesso poderiam ser reduzidos para cerca de $2,2 dólares o milhão de BTU. Atualmente, estudos do próprio governo estimam que esse custo é de $6,4 dólares o milhão de BTU.
Petrobras defende ampliação da oferta como caminho
Presente no evento, o gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu, apresentou a visão da companhia. Ele defendeu que o caminho sustentável para melhorar a competitividade é o aumento da oferta de gás natural nacional. Para isso, Tupiassu argumentou que a empresa precisa de estabilidade jurídico-regulatória para avançar com novos projetos.
“O que queremos é ampliar a oferta. Porque esse é o fundamento sustentável para trazer gás cada vez mais competitivo”, afirmou, destacando que essa abordagem evita a necessidade futura de subsídios ou outras soluções temporárias.
Com informações de Eixos.