Governo busca alternativa rápida para aliviar alta dos alimentos e fortalecer relação com Buenos Aires
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no domingo, 19 de outubro de 2025, que o país poderá importar carne bovina da Argentina. A medida faz parte de um esforço para reduzir os preços ao consumidor e, portanto, conter a inflação.
A declaração foi feita a bordo do Air Force One, durante conversa com jornalistas. Além disso, o presidente reforçou a intenção da Casa Branca de atuar diretamente sobre os custos dos alimentos, buscando medidas imediatas.
Motivos da alta no preço da carne nos EUA
A alta dos preços da carne bovina nos Estados Unidos decorre, sobretudo, da seca prolongada no Texas, que, por sua vez, é responsável por grande parte da produção agropecuária do país.
Consequentemente, a escassez de chuvas reduziu a oferta de gado e elevou os custos de transporte e alimentação animal.
Além disso, há uma queda nas importações mexicanas devido à presença de uma praga carnívora nos rebanhos. Essa redução na oferta externa, portanto, afetou o equilíbrio do mercado interno e intensificou a pressão sobre os preços.
Como resultado, o conjunto de fatores pressiona o mercado doméstico, eleva custos e dificulta o controle da inflação.
Por fim, a combinação entre seca e pragas criou um cenário desfavorável à estabilidade de preços, exigindo resposta urgente do governo americano.
Estratégia do governo americano e aproximação com Milei
De acordo com Trump, a possível importação de carne da Argentina faz parte de uma estratégia para equilibrar os preços dos alimentos e garantir abastecimento contínuo.
Além disso, o presidente busca reforçar laços comerciais com Buenos Aires, aproveitando o alinhamento político com Javier Milei, considerado aliado estratégico.
Desde setembro, os dois governos mantêm diálogo frequente sobre cooperação econômica, o que demonstra aproximação diplomática crescente.
Nesse mesmo período, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou negociações para uma linha de crédito temporária de US$ 20 bilhões junto ao Banco Central da Argentina.
Ademais, o acordo também prevê eventuais compras de dívida primária e secundária do país, fortalecendo as relações econômicas bilaterais.
Assim, o objetivo é fortalecer o peso argentino, que sofre com forte desvalorização, e, portanto, gerar estabilidade econômica.
A iniciativa, por sua vez, deve ocorrer antes das eleições legislativas de meio de mandato na Argentina, o que adiciona um componente político importante à negociação.
-
Desvalorização do petróleo abala o Planalto: Petrobras revê metas e Lula insiste em expansão bilionária para impulsionar a economia
-
Do professor ao banqueiro bilionário: Paulo Guedes explica como o brasileiro pode enriquecer do zero aplicando paixão, especialização e visão de longo prazo na economia
-
O mistério do cheque no Brasil: por que esse papel ainda movimenta bilhões mesmo na era do Pix e dos bancos digitais
-
A revolução da renda online: quatro formas reais de ganhar dinheiro de casa com vídeos, IA e marketing digital
Condições políticas e impacto no setor
Trump condicionou a ajuda americana ao resultado das eleições na Argentina, afirmando que “se Milei não vencer, não vamos perder nosso tempo”.
Dessa forma, a declaração reforça o alinhamento político entre os dois líderes e mostra a tentativa dos Estados Unidos de influenciar a estabilidade econômica argentina.
Especialistas do setor agropecuário, por outro lado, afirmam que a medida pode ter efeito limitado sobre os preços internos dos Estados Unidos.
Isso ocorre porque, segundo analistas, a quantidade de carne importada tende a ser restrita, o que reduz o impacto real sobre o mercado doméstico.
Mesmo assim, o gesto é visto como sinal diplomático e estratégico em meio ao cenário inflacionário e às tensões do agronegócio internacional.
Além disso, a escassez de oferta bovina e a pressão sobre os preços justificam a decisão de buscar novas parcerias comerciais, fortalecendo a segurança alimentar do país.