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Homens abandonam construção civil e setor vai em busca de mulheres e jovens nos canteiros com promessa de até R$ 12 mil mensais

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 26/10/2025 às 20:39
Setor da construção civil enfrenta envelhecimento da mão de obra e busca mulheres e jovens com promessa de até R$ 12 mil mensais.
Setor da construção civil enfrenta envelhecimento da mão de obra e busca mulheres e jovens com promessa de até R$ 12 mil mensais.
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Envelhecimento da mão de obra e falta de profissionais qualificados impulsionam construtoras a atrair novos perfis. Setor aposta em formação técnica, maior presença feminina e modernização dos canteiros como estratégia de renovação.

A construção civil reforçou a busca por mulheres e jovens diante do envelhecimento da mão de obra e da dificuldade de repor profissionais.

Entidades do setor relatam campanhas de capacitação com foco técnico e prometem remunerações mais altas para funções qualificadas — em alguns casos, entre R$ 10 mil e R$ 12 mil — para atrair novos perfis aos canteiros.

O movimento ocorre em um mercado marcado por alta informalidade e instabilidade de renda.

Força de trabalho envelhecida e masculina

A idade média do trabalhador da construção no país gira em cerca de 41 anos, com predominância masculina, segundo levantamento setorial apresentado por entidades da indústria.

O estudo mostra que o contingente formal representa uma parcela minoritária do total de ocupados e que a maior parte atua por conta própria, muitas vezes sem proteção trabalhista.

Esse desenho ajuda a explicar a rotatividade e a dificuldade de retenção relatadas por empresas.

Setor acena para mulheres e jovens com qualificação

A aposta de sindicatos patronais e associações tem sido ampliar formação técnica e modernizar processos para tornar as obras mais atrativas.

O SindusCon-SP intensificou, desde o ano passado, parcerias para qualificar mulheres e inseri-las em frentes de trabalho, associando a iniciativa a um discurso de industrialização dos canteiros e ganho de produtividade.

O presidente do sindicato, Yorki Estefan, tem defendido publicamente que capacitação e trilhas de progressão na carreira são essenciais para recompor quadros, citando também a necessidade de rever modelos de contratação.

Participação feminina ainda é baixa, mas avança

Embora cresça o esforço de recrutamento, a presença de mulheres segue reduzida.

No recorte de empregos formais da construção, 9,2% dos postos são ocupados por trabalhadoras no Brasil.

Em São Paulo, elas representam 12,4% do contingente formal do setor, segundo estudo coordenado pela economista Ana Maria Castelo.

Entidades setoriais avaliam que a expansão de processos mais industrializados e o foco em qualificação tendem a ampliar a participação feminina e diversificar o perfil profissional nos canteiros.

Informalidade e renda instável limitam a entrada

Outro entrave recorrente é a instabilidade de remuneração.

Parte expressiva dos trabalhadores recebe por hora ou por semana e não tem acesso a férias, 13º salário ou contribuição previdenciária.

Levantamentos recentes apontam que, entre os ocupados na construção, apenas 25,5% tinham carteira assinada em 2023.

A informalidade somava 67% quando somados conta própria informal e assalariados sem carteira.

Esse cenário empurra profissionais a múltiplos contratos e ao trabalho por entrega, com impacto na jornada e na segurança de renda.

Salários: do piso aos ganhos de funções escassas

Nos pisos definidos por negociações coletivas regionais, os valores variam conforme categoria e local, com reajustes pactuados na data-base de maio em importantes praças do país.

funções que exigem maior qualificação, como carpinteiros especializados, montadores de formas e pedreiros de acabamento, podem alcançar R$ 10 mil a R$ 12 mil em momentos de escassez desses perfis, relatam lideranças setoriais.

A remuneração mais elevada costuma acompanhar picos do ciclo das obras e nem sempre se sustenta ao longo do ano.

Em paralelo, bases sindicais reportaram reajuste de 6% para salários até R$ 7.818,84 no Estado de São Paulo a partir de maio de 2025, indicador de referência para a evolução dos pisos locais.

Quanto ganham cargos de chefia de obra

Plataformas de vagas e transparência salarial indicam amplas faixas de remuneração para mestres de obras, a depender de experiência, porte da empresa e região.

Em 2025, registros voluntários no Glassdoor apontam medianas mensais próximas de R$ 9 mil em São Paulo, com amplitude entre R$ 6 mil e R$ 21 mil.

Em outros mercados, como Porto Alegre, as medianas relatadas são menores.

Esses valores não constituem pisos e podem refletir bônus, adicionais e diferenças de responsabilidades.

Emprego formal cresce, mas segue minoritário no total do setor

Apesar da informalidade predominante no agregado da construção, o emprego com carteira nas empresas do setor subiu em 2025 e ultrapassou a marca de 3 milhões de vínculos formais, segundo dados consolidados pelas entidades com base no Novo Caged.

Ao mesmo tempo, associações patronais e pesquisadores alertam que a desaceleração em segmentos como infraestrutura e a alta dos juros afetam o ritmo de contratações e pressionam estratégias de retenção.

Nesse contexto, iniciativas de qualificação e reorganização de carreiras ganham peso para sustentar a atração de mão de obra.

Modelo de contratação em debate

Entre as propostas para ampliar a atratividade, dirigentes do setor defendem parcerias com o Sebrae e a criação de trilhas de progressão profissional.

Há também quem proponha rever o modelo de contratação, apontando que parte dos jovens prefere atuar como microempreendedor individual (MEI).

Estudos setoriais, contudo, destacam que a ampliação da formalização via carteira assinada segue como desafio central para reduzir rotatividade e garantir benefícios, o que recoloca a discussão sobre novas regras de contratação e certificação de prestadores.

Modernização como vitrine

Ao lado da qualificação, construtoras e entidades têm divulgado a modernização dos canteiros — com mais processos industrializados, gestão de qualidade e segurança — como vitrine para atrair quem ainda não enxerga a construção como carreira de longo prazo.

A expectativa é que tecnologia e produtividade ajudem a reduzir a percepção de trabalho exclusivamente braçal e, com isso, ampliem a base de recrutamento entre mulheres e jovens.

Diante desse esforço para rejuvenescer e diversificar a mão de obra, a pergunta que fica é: o setor conseguirá transformar capacitação e modernização em contratações mais estáveis e carreiras atraentes para quem está chegando agora?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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