Reunir todos os elementos da tabela periódica pode parecer um desafio científico fascinante — mas também extremamente perigoso. Um homem descobriu isso da pior forma ao tentar montar sua própria coleção e acabar envolvido com substâncias altamente controladas, como urânio e césio. O caso quase lhe custou 10 anos de prisão e acendeu discussões sobre os limites entre ciência amadora e segurança pública.
Um jovem australiano poderia pegar até 10 anos de prisão após tentar completar uma coleção inusitada: reunir todos os elementos da tabela periódica, inclusive os radioativos.
O australiano Emmanuel Lidden, de 24 anos, escapou da condenação criminal após ter se declarado culpado de importar materiais nucleares para a Austrália.
Em vez de cumprir pena, ele recebeu uma suspensão da pena por bom comportamento. A decisão foi tomada pela juíza Leonie Flannery no tribunal distrital de Downing Centre, em Sydney. Ou seja, o juiz o considerou culpado, mas não acredita que ele represente uma ameaça e que há circunstâncias atenuantes.
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Em 2023, Lidden havia encomendado pequenas amostras de urânio e plutônio pela internet. Os itens foram entregues no apartamento de seus pais, na capital australiana.
A entrega do pacote gerou uma operação de grande escala com agentes da Força de Fronteira Australiana, bombeiros, policiais e paramédicos, que isolaram a área e trataram a situação como incidente com materiais perigosos.
Colecionador de elementos químicos
O advogado de defesa, John Sutton, argumentou durante o processo que Lidden não agiu com má-fé.
Ele descreveu seu cliente como um “nerd da ciência”, apaixonado por colecionar elementos da tabela periódica. Segundo ele, o jovem não tinha intenções maliciosas nem conhecimento do rigor legal relacionado à importação de materiais nucleares.
“Foi uma manifestação de autocontrole, retraindo-se para a coleção; poderia ter sido qualquer coisa, mas neste caso ele se agarrou à tabela periódica”, disse Sutton. Em março, durante a audiência de sentença, o advogado já havia alegado que os crimes foram cometidos por pura ingenuidade.
A juíza concordou com essa visão e apontou que Lidden apresentava problemas de saúde mental. Ela destacou que, apesar da gravidade dos atos, não houve intenção de causar dano ou ameaça à segurança pública.
Críticas à atuação das autoridades
Após a decisão, o advogado criticou duramente a conduta da Força de Fronteira Australiana.
Ele afirmou que a operação foi desproporcional e mal conduzida, considerando as pequenas quantidades envolvidas. “Foi uma investigação terrível por uma série de razões”, disse Sutton. “Poderíamos comê-los e ainda estaríamos perfeitamente bem.”
Ele também questionou se levar o caso ao tribunal era, de fato, de interesse público. Segundo ele, cientistas de várias partes do mundo manifestaram surpresa diante da acusação.
Em resposta, o superintendente da força de fronteira, James Ryan, defendeu a operação. Ele afirmou que a investigação foi “extremamente complexa e sensível” e reafirmou o compromisso da agência com a segurança da comunidade.
Caso inédito e educativo
Lidden é a primeira pessoa a ser processada sob as leis de não proliferação nuclear da Austrália. Essas normas foram criadas para prevenir ameaças como armas de destruição em massa e atos de terrorismo. Segundo as autoridades, o caso deve servir como exemplo educativo para a população sobre os limites da importação de substâncias perigosas.
O jovem havia encomendado os materiais de um site científico dos Estados Unidos. De acordo com a lei australiana, é possível importar esses itens legalmente, desde que o interessado obtenha autorização prévia do Escritório de Salvaguardas e Não Proliferação.