Câmera com inteligência artificial identifica erroneamente uso de celular, e motorista é multado por apenas coçar a cabeça enquanto dirigia.
Um caso incomum chamou atenção na Holanda. Um motorista foi multado em 380 euros por supostamente falar ao celular enquanto dirigia. Mas, segundo ele, estava apenas coçando a cabeça. O erro foi cometido por uma câmera com inteligência artificial.
Foto acusatória e surpresa com a multa
O episódio aconteceu em novembro do ano passado. Tim Hansen recebeu a notificação de infração um mês após dirigir por uma rodovia holandesa.
A multa indicava uso de celular ao volante. Hansen, no entanto, não se lembrava de ter feito ligações naquele trajeto.
-
Português oferece €500 por “cabeça de brasileiro” e provoca revolta na maior comunidade estrangeira de Portugal
-
Por que apenas o Brasil abraçou o chuveiro elétrico: invenção nacional que o mundo rejeitou e que hoje está presente em mais de 70% dos lares do país
-
Câmara aprova bônus de até R$ 1.000 para agentes da GCM SP que recuperarem motos roubadas
-
Quatro carros zero por hora e um salário mínimo a cada 18,61 segundos — este é o salário de Cristiano Ronaldo
Curioso, ele acessou o site da Agência Central de Cobrança Judicial e analisou a foto gerada pelo sistema automático.
À primeira vista, parecia mesmo que ele segurava um telefone. Mas, ao observar melhor, percebeu que sua mão estava vazia. Ele estava apenas coçando a lateral da cabeça.
Apesar disso, a multa foi validada por um funcionário humano após checar a imagem. Ou seja, o erro do sistema não foi identificado durante a revisão.
Especialista explica como os erros acontecem
Tim Hansen trabalha com tecnologia da informação. Ele desenvolve algoritmos para análise e edição de imagens.
Usou essa experiência para explicar como funciona a tecnologia utilizada pela polícia holandesa.
Segundo ele, esses modelos de IA precisam prever respostas binárias: sim ou não. E, em muitos casos, o sistema pode errar. No seu caso, o algoritmo concluiu que havia um celular na mão. Mas não havia nada.
“Isso é um falso positivo”, explicou Tim. “O modelo previu que eu segurava um telefone, mas estava errado. Um modelo perfeito só acerta, mas isso é muito raro.”
Dados incompletos podem induzir o erro
Hansen também apontou um possível motivo técnico para a falha. A tecnologia foi provavelmente treinada com muitas imagens de pessoas usando o celular junto ao rosto.
Mas talvez tenha poucas imagens de pessoas apenas com a mão próxima à cabeça.
Isso faz com que o sistema associe automaticamente a posição da mão ao uso de celular, mesmo quando não há aparelho algum. Ele sugeriu que o banco de dados de treinamento seja ampliado com mais imagens variadas.
Filtro humano também falha
Mesmo com o uso de inteligência artificial, ainda existe um revisor humano.
Essa pessoa deve conferir a imagem e decidir se a infração realmente ocorreu. Mas, no caso de Hansen, o revisor também confirmou o erro.
Para ele, isso mostra que a supervisão humana, embora importante, não garante que todos os erros serão corrigidos. E reforça a necessidade de mais cautela no uso de tecnologias que impactam diretamente a vida das pessoas.