História viral sobre jovem que teria dirigido por 5 anos com carro adesivado como autoescola
Um suposto caso curioso chamou atenção em agosto de 2019. A história dizia que um jovem teria colado adesivos em seu carro para simular ser de uma autoescola. Assim, ele teria conseguido dirigir durante 5 anos sem possuir a Carteira Nacional de Habilitação, a CNH.
A imagem de um veículo parado por um policial, compartilhada com essa narrativa, viralizou rapidamente.
O mais importante é que a publicação circulou de forma intensa nas redes sociais. Uma página no Facebook alcançou mais de 47 mil compartilhamentos em menos de 24 horas na época.
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Porém, não há nenhuma evidência concreta de que o caso tenha ocorrido.
Verdade ou mentira?
O site e-farsas investigou a história e encontrou várias inconsistências.
A postagem não apresenta dados objetivos. Não informa local, data exata, nem qualquer detalhe que comprove a abordagem policial.
Além disso, a narrativa varia. Em uma versão, o rapaz teria dirigido 5 anos sem habilitação. Em outra, o período cairia para 3 anos.
Portanto, é possível afirmar que o conteúdo da publicação é extremamente vago. Ela não fornece nenhuma fonte confiável ou registro oficial que sustente o acontecimento.
As fotos usadas na suposta notícia
O site e-farsas também analisou as imagens que acompanham o boato.
A primeira foto mostra um policial ao lado de um carro de autoescola.
Esse registro, na verdade, foi feito em abril de 2019 em Campo Grande (MS). Na ocasião, houve uma operação de fiscalização com 50 veículos de autoescolas.
Segundo relatório da Polícia, a operação resultou em 17 autos de infração.
Foram identificados pneus reformados, faixas de identificação fora do padrão, instrutores sem credencial e placas com tarjetas apagadas. Nenhum caso envolvia um carro adulterado para fingir ser de autoescola.
A segunda imagem também não tem relação com a história. Ela mostra um carro de autoescola sendo guinchado. O registro foi feito em dezembro de 2012, em Manaus (AM). O motivo foi estacionamento irregular no canteiro central da avenida Ayrão.
A origem do boato
Boatos com histórias curiosas costumam se espalhar rapidamente.
No entanto, a análise do e-farsas demonstra que o caso é apenas uma invenção que mistura fatos reais e fotos antigas.
As datas das imagens e os contextos mostrados não têm qualquer ligação com a alegação de um jovem enganando a polícia. Portanto, o conteúdo serve como exemplo de como uma narrativa sem provas pode viralizar.
O papel da verificação
O mais importante é reforçar a necessidade de checar informações antes de compartilhá-las.
A história do “carro de autoescola falso” é um bom exemplo de como a falta de contexto leva muitas pessoas ao erro.
A ausência de dados concretos, como boletins de ocorrência ou depoimentos oficiais, torna o relato sem fundamento.
Além disso, as fotos são reutilizadas de situações antigas, desconectadas do boato. Isso mostra como montagens e edições simples podem ser usadas para criar narrativas falsas.
O site e-farsas concluiu que não existe nenhuma prova de que alguém tenha dirigido por 5 anos, ou mesmo 3 anos, enganando a polícia com adesivos falsos de autoescola. Todas as evidências apresentadas nas publicações são enganosas ou descontextualizadas.
A verificação mostra que as imagens vêm de fiscalizações legítimas, mas sem relação com um golpe desse tipo. A versão compartilhada é apenas um boato amplificado pelas redes sociais.