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Home office vai acabar? Itaú demite cerca de mil bancários que trabalhavam em casa sem qualquer advertência prévia ou diálogo com o Sindicato

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 08/09/2025 às 19:31
Itaú demite cerca de mil bancários em regime remoto, segundo o Sindicato, sob alegação de baixa adesão ao home office.
Itaú demite cerca de mil bancários em regime remoto, segundo o Sindicato, sob alegação de baixa adesão ao home office.
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O Itaú Unibanco demitiu cerca de mil trabalhadores em regime remoto ou híbrido, segundo o Sindicato dos Bancários, sob a justificativa de baixa adesão ao home office. A decisão gerou críticas pela ausência de diálogo e transparência.

O Itaú Unibanco demitiu, nesta segunda-feira (8), cerca de mil empregados dos polos Centro Tecnológico (CT), CEIC e Faria Lima que atuavam em regime híbrido ou totalmente remoto, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

De acordo com a entidade, as dispensas ocorreram sem advertência prévia e sem diálogo com o movimento sindical.

A justificativa do banco teria sido “baixa aderência ao home office”, identificada após mais de seis meses de monitoramento.

Conforme o Sindicato, os desligamentos foram comunicados de forma unilateral e abrangeram equipes inteiras de áreas de tecnologia e apoio.

A entidade afirma que não houve tentativa de mediação, negociação ou realocação dos profissionais para outras frentes antes da ruptura dos contratos.

Ainda de acordo com o Sindicato, a avaliação é de que o procedimento desrespeita a relação histórica de negociação com a categoria, ainda que a reforma trabalhista tenha retirado a obrigatoriedade de autorização prévia do Sindicato para demissões coletivas.

Para a entidade, poderiam ter sido adotadas medidas menos traumáticas, como realinhamentos de metas e reposicionamento de pessoal.

Monitoramento e “baixa aderência” ao remoto

Segundo relatos colhidos pela entidade, o banco baseou os cortes em registros de “inatividade” em máquinas corporativas, em alguns casos períodos de quatro horas ou mais sem interação.

Para o Sindicato, esse critério é “extremamente questionável” porque desconsidera a dinâmica do trabalho remoto bancário, eventuais falhas técnicas, contextos de saúde, períodos de concentração sem uso do teclado e a própria organização das equipes.

“Hoje fomos surpreendidos com essa demissão em massa feita pelo banco”, afirmou o diretor do Sindicato e empregado do Itaú, Maikon Azzi.

Ele acrescentou que os registros de ociosidade não capturam a complexidade das tarefas realizadas fora do sistema ou em reuniões e que, por isso, não deveriam fundamentar decisões tão drásticas.

Forma de condução é alvo de críticas

A direção sindical também criticou o procedimento adotado.

“O mais grave é a forma arbitrária com que essas demissões ocorreram. Não houve diálogo prévio com os trabalhadores nem com as entidades sindicais”, disse Azzi.

Segundo ele, ainda que a Consolidação das Leis do Trabalho, no artigo 477-A, dispense autorização prévia do Sindicato, seriam esperadas advertências, feedbacks formais e oportunidade de defesa antes de uma medida dessa magnitude.

Conforme a entidade, o desligamento em massa sem etapas intermediárias produz insegurança e pode gerar contestações trabalhistas, principalmente quando atrelado a critérios técnicos cuja mensuração não é transparente para o empregado.

Cobrança por justificativas e reposição de vagas

O Sindicato informou que já entrou em contato com o Itaú e exigiu explicações detalhadas sobre a metodologia de monitoramento que embasou as demissões.

Segundo a entidade, a reivindicação inclui a reposição das vagas cortadas, sob o argumento de que as equipes remanescentes estão sobrecarregadas e que a redução súbita de quadros compromete a continuidade operacional.

Ainda de acordo com o Sindicato, a orientação é que os trabalhadores afetados procurem a entidade para receber orientação jurídica e registrar relatos sobre a condução dos desligamentos, a fim de embasar eventuais medidas coletivas.

Home office sob pressão

Para a representação dos bancários, o home office não deve servir como argumento para aumentar o controle sobre a produtividade a níveis considerados abusivos.

Conforme a entidade, sistemas de vigilância digital podem ignorar entregas qualitativas, rotinas de estudo e reuniões externas às ferramentas monitoradas.

A avaliação é que políticas de gestão de desempenho precisam ser claras, negociadas e compatíveis com a natureza das atividades, sobretudo em áreas de tecnologia.

Contexto financeiro do banco

A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, vinculou as demissões à agenda de eficiência do setor, mas questionou sua necessidade diante dos resultados recentes do Itaú.

Segundo ela, apenas no último semestre o banco registrou lucro superior a R$ 22,6 bilhões, com rentabilidade em alta, mantendo-se como a maior instituição do país em ativos.

De acordo com a dirigente, os ganhos de produtividade da digitalização poderiam ser revertidos em melhores condições de trabalho e estabilidade do emprego, em vez de cortes.

Conforme a entidade, mesmo com resultados robustos, o banco extinguiu 518 postos em doze meses, reduzindo o quadro da holding para 85.775 empregados no período.

A leitura sindical é que esse movimento pressiona o trabalho nas áreas que ficam com menos pessoal.

O que o Sindicato pede

A entidade afirma que continuará a cobrar do Itaú uma justificativa “plausível e responsável” para as demissões, com detalhamento dos critérios utilizados.

Segundo o Sindicato, também será exigido compromisso com processos de diálogo contínuo, inclusive a abertura de mesas de negociação para discutir realocações internas, treinamento e metas de produtividade compatíveis com o trabalho remoto e híbrido.

De acordo com a nota pública da entidade, os protestos serão intensificados nas próximas semanas, com atos em unidades do banco e orientação para que os trabalhadores formalizem eventuais irregularidades observadas no processo de desligamento.

Impacto humano e organizacional

Enquanto isso, os relatos recebidos pela entidade indicam efeitos imediatos nas equipes remanescentes, como redistribuição apressada de tarefas e incerteza sobre prazos.

Segundo o Sindicato, situações desse tipo tendem a afetar a qualidade das entregas, a moral do time e o clima interno, sobretudo quando a comunicação da gestão não é acompanhada de parâmetros claros e de vias de contestação.

Ainda de acordo com a direção sindical, transparência sobre indicadores e métodos de avaliação é fundamental para que eventuais desvios de conduta sejam corrigidos sem penalizar injustamente profissionais que, por falhas de sistema ou particularidades do trabalho, não se encaixam nos padrões automatizados de produtividade.

Próximos passos

Conforme a entidade, o objetivo imediato é obter do banco uma posição oficial que detalhe os números, esclareça a política de monitoramento e indique medidas de mitigação para as áreas afetadas.

Segundo o Sindicato, a reposição de vagas e a abertura de canais de diálogo seguem no centro da pauta, assim como a defesa de parâmetros objetivos e auditáveis para o trabalho remoto.

Diante desse cenário, que soluções o banco e a representação dos trabalhadores podem construir para equilibrar produtividade, transparência e respeito às pessoas?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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