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Hidrogênio verde do Ceará pode receber US$ 18 bi e transformar Brasil em potência renovável

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 06/09/2025 às 23:12
Bilionário investindo em hidrogênio verde no Complexo do Pecém com tanque marcado HIDROGÊNIO.
Andrew Forrest, bilionário australiano, diante de tanque de hidrogênio no Complexo do Pecém, símbolo do investimento de até US$ 18 bilhões.
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Bilionário aposta no “real zero” e mantém projeto no Complexo do Pecém mesmo após críticas financeiras e ajustes de planos internacionais

Um dos maiores projetos de transição energética do mundo está sendo desenvolvido no Brasil. A mineradora australiana Fortescue Metals, comandada pelo bilionário Andrew Forrest, aposta no Complexo do Pecém, no Ceará, para instalar um polo de hidrogênio verde avaliado em até 18 bilhões de dólares.

A iniciativa, confirmada em 2022 com a assinatura de um pré-contrato, pode transformar o estado em um dos grandes centros de produção e exportação do combustível no cenário global. Entretanto, o projeto avança sob críticas financeiras, oscilações de mercado e ajustes estratégicos importantes.

Fortescue enfrenta críticas e perdas no mercado

A estratégia de Forrest de apostar em energia limpa tem sido chamada por analistas conservadores de “fantasia verde”. Em agosto de 2024, as ações da Fortescue valiam 35% menos do que no pico do mesmo ano. Além disso, segundo a Bloomberg, a fortuna do empresário caiu para 25 bilhões de dólares, levando-o a perder a liderança no ranking de bilionários da Austrália.

Apesar da pressão, Forrest declarou à revista Veja Negócios que “não aceita” as críticas. Além disso, ele ressaltou que a base de acionistas aumentou de 50 mil para quase 200 mil em poucos anos. Para ele, os números confirmam apoio sólido do mercado.

O conceito de “real zero” e a meta até 2030

Diferentemente da maioria das mineradoras, que adotam o net zero por meio de compensações de carbono, Forrest defende o conceito de “real zero”. Ou seja, eliminar completamente o uso de combustíveis fósseis até 2030.

A ambição é ousada: a companhia produz mais de 170 milhões de toneladas de minério de ferro por ano em duas minas entre as maiores do planeta. Portanto, a Fortescue precisará de grandes volumes de energia renovável, o que justifica a escolha do Ceará como destino estratégico.

Ceará como plataforma de energia limpa

De acordo com Max Quintino, presidente do Complexo do Pecém, a chegada da Fortescue fortalece a industrialização do estado. Além disso, atrai novas cadeias produtivas e consolida o Brasil como potência exportadora de hidrogênio verde.

O contrato assinado em 2022 foi o primeiro do tipo no Pecém. Assim, ele abriu caminho para outras seis companhias interessadas em investir na região. Caso avance, o projeto será o maior da história econômica do Ceará.

Potencial e usos do hidrogênio verde

O hidrogênio não é fonte, mas sim um vetor energético. Ele é produzido por meio de eletricidade e pode ser reconvertido em energia quando necessário. Essa característica o torna essencial para armazenar energia solar e eólica, que são intermitentes.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o combustível também pode abastecer caminhões, trens e navios pesados, especialmente em áreas sem infraestrutura. Além disso, o hidrogênio é matéria-prima industrial em diversos setores, ampliando sua relevância.

Cronograma e decisões no Pecém

As sete empresas que assinaram pré-contratos no Pecém, incluindo a Fortescue, têm até 2026 para tomar a decisão final sobre os investimentos. Nesse sentido, a previsão é que a produção comece no fim de 2027.

Em agosto de 2024, a Fortescue suspendeu projetos semelhantes na Austrália (por altos custos) e nos Estados Unidos (afetados pelo efeito Trump). Mesmo assim, o projeto no Ceará foi mantido, reforçando sua prioridade estratégica.

Financiamento chinês e disputa geopolítica

No início de agosto de 2024, a Fortescue fechou com o Banco da China o maior financiamento já feito para uma empresa estrangeira: 14 bilhões de iuanes (cerca de 2 bilhões de dólares).

A China, que já é o principal destino do minério de ferro da companhia, deverá ser também a maior importadora do “ferro verde”. Forrest, crítico de Donald Trump, afirmou que conforme os Estados Unidos recuam, a China e a Fortescue avançam.

Estrutura renovável e tecnologia na Austrália

Na Austrália, a Fortescue já mantém uma usina solar em operação e outra em construção. Além disso, investe em 640 km de linhas de transmissão e em baterias em larga escala.

A empresa também encomendou caminhões e perfuratrizes elétricas e já utiliza escavadeiras movidas a energia limpa. O sistema será coordenado por softwares capazes de reduzir desperdícios e integrar máquinas autônomas.

Segundo a companhia, o uso de inteligência artificial em máquinas pesadas gera 30% de economia energética. Com isso, o investimento previsto nessa frente chega a 6,2 bilhões de dólares.

Usina solar North Star Junction, da Fortescue: mais do que uma mineradora

Fortescue Zero e o navio Green Pioneer

Para expandir a inovação, a Fortescue criou a subsidiária Fortescue Zero, voltada para tecnologias limpas e soluções de engenharia para a indústria pesada.

Entre os projetos em desenvolvimento estão sistemas de controle de emissões, baterias inteligentes e veículos autônomos. O exemplo mais simbólico é o navio Green Pioneer, movido a amônia, que deve atracar em Belém durante a COP30 em 2030.

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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