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O carro de soja que Henry Ford criou em 1941: feito com plástico vegetal de soja, trigo e cânhamo, o protótipo leve e resistente nasceu como resposta à escassez de aço durante a guerra

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 20/10/2025 às 11:51
O carro de soja que Henry Ford criou em 1941 - feito com plástico vegetal de soja, trigo e cânhamo, o protótipo leve e resistente nasceu como resposta à escassez de aço durante a guerra
O carro de soja que Henry Ford criou em 1941 – feito com plástico vegetal de soja, trigo e cânhamo, o protótipo leve e resistente nasceu como resposta à escassez de aço durante a guerra
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Durante a Segunda Guerra Mundial, Henry Ford criou o ‘carro de soja’, um protótipo feito de plástico vegetal com soja, trigo e cânhamo, símbolo de inovação e sustentabilidade precoce na indústria.

No auge da Segunda Guerra Mundial, quando o aço se tornara um recurso escasso e estratégico, Henry Ford surpreendeu o mundo com uma ideia que parecia saída de um laboratório futurista: construir um carro feito de materiais vegetais, com painéis derivados de soja, trigo e cânhamo. O projeto ficou conhecido como o “Soybean Car”, ou simplesmente o carro de soja, e até hoje é lembrado como uma das invenções mais ousadas e curiosas da história automotiva.

Apresentado oficialmente em 13 de agosto de 1941, durante um evento da American Soybean Association em Dearborn, Michigan, o protótipo representava a união entre dois setores que Ford acreditava serem inseparáveis: a indústria e a agricultura. Sua visão era de que as fazendas americanas poderiam abastecer não apenas as cozinhas, mas também as fábricas.

A ideia por trás do carro de soja

Desde a década de 1930, Henry Ford vinha investindo em pesquisas com plásticos e combustíveis derivados de plantas. O magnata acreditava que os agricultores americanos poderiam ser os novos fornecedores da indústria automobilística.

Para isso, Ford criou laboratórios dedicados ao estudo de compostos à base de soja, trigo, milho e cânhamo, com o objetivo de substituir parte do aço e de produtos químicos sintéticos usados na fabricação de automóveis.

Em 1941, essa ideia ganhou forma física no Soybean Car, um veículo experimental que, segundo a própria Ford Motor Company, pesava 30% menos que um carro de aço equivalente e possuía painéis de carroceria feitos de plástico vegetal reforçado. O chassi era de tubos de aço, mas toda a parte externa — capô, teto, portas e para-lamas — era composta por uma mistura de fibras agrícolas e resinas sintéticas desenvolvidas nos laboratórios da marca.

Um carro feito de plantas

A composição exata dos painéis nunca foi completamente documentada, mas registros do museu The Henry Ford, nos Estados Unidos, indicam que a mistura incluía soja, trigo, cânhamo, linho e outras fibras vegetais, unidas por uma base plástica de origem fenólica.

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Essa combinação resultava em um material surpreendentemente leve e resistente, a ponto de o próprio Henry Ford demonstrar publicamente sua força: ele chegou a golpear a carroceria com uma marreta diante das câmeras, sem causar qualquer dano visível.

A cena, registrada em fotos e jornais da época, virou símbolo da inovação americana em tempos de guerra. O objetivo era mostrar que o carro não apenas economizava aço — essencial para tanques e aviões —, mas também oferecia resistência comparável ao metal.

Um passo à frente do seu tempo

Mais do que uma curiosidade técnica, o carro de soja representava uma filosofia. Ford defendia a ideia de uma economia circular entre fazendeiros e indústrias. Ele chegou a declarar que “o agricultor pode ser não apenas o produtor de alimentos, mas também de materiais para a indústria”. A visão era ousada, antecipando em décadas o conceito de sustentabilidade industrial que só ganharia força no século XXI.

O veículo foi construído sobre um chassi tubular leve e usava o mesmo motor V8 de 60 cavalos que equipava os modelos convencionais da época. O peso total era de aproximadamente 900 kg, o que o tornava mais econômico e ágil. Estimativas apontam que o protótipo custou cerca de US$ 25.000 em valores de 1941 — o equivalente a mais de US$ 500.000 hoje.

O fim do experimento e o legado

Poucos meses após sua apresentação, o ataque a Pearl Harbor levou os Estados Unidos a entrar definitivamente na guerra, o que desviou todos os esforços industriais para a produção bélica. O projeto do carro de soja foi interrompido, e o único protótipo construído foi desmontado e perdido com o tempo.

Mesmo assim, as pesquisas com plásticos vegetais continuaram. Os laboratórios da Ford Motor Company seguiram desenvolvendo compostos derivados de soja, e décadas mais tarde, a montadora voltaria a investir nesse conceito — hoje, partes dos painéis internos e espumas dos bancos de modelos modernos da Ford usam polímeros de soja.

Um símbolo de visão e inovação

O carro de soja de 1941 permanece como um dos capítulos mais fascinantes da história automotiva. Embora nunca tenha saído do estágio experimental, ele mostrou que a ideia de veículos sustentáveis não nasceu com os carros elétricos, mas com a mente inquieta de Henry Ford, em plena era do aço e da guerra.

Mais do que um protótipo excêntrico, o Soybean Car foi um manifesto: uma prova de que tecnologia e natureza podiam coexistir muito antes de o termo “ecológico” se tornar moda. E, 80 anos depois, o mundo finalmente começa a seguir o caminho que Ford vislumbrou em 1941.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Sugestões de pauta, correções ou mensagens podem ser enviadas para contato.deboraaraujo.news@gmail.com

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