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Governo quer retomar ferrovia abandonada de 600 KM e avalia até mesmo o transporte de passageiros

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 08/06/2025 às 16:22
Recuperação da ferrovia Fortaleza-Crato abre caminho para transporte de passageiros, impulsionando mobilidade e economia sustentável no Ceará e no Brasil.
Recuperação da ferrovia Fortaleza-Crato abre caminho para transporte de passageiros, impulsionando mobilidade e economia sustentável no Ceará e no Brasil.
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Reativação da ferrovia traz novidades para o transporte neste estado brasileiro, combinando infraestrutura antiga com tecnologia moderna para conectar regiões, impulsionar a economia e transformar a mobilidade urbana.

O Brasil avança na recuperação de sua malha ferroviária abandonada, com destaque para um projeto estratégico no Ceará que prevê a reativação de uma linha de 600 km entre Fortaleza e Crato, incluindo, pela primeira vez, a possibilidade concreta de transporte de passageiros.

O plano do Governo Federal, apoiado por agências reguladoras e entidades locais, envolve investimentos bilionários e uma disputa sobre a destinação de indenizações que podem superar R$ 20 bilhões, recursos que devem impactar diretamente o futuro da infraestrutura ferroviária nacional.

A reestruturação ferroviária no Nordeste não se limita apenas à recuperação da antiga ferrovia, mas busca ampliar a integração logística e econômica da região com o restante do país.

Essa iniciativa reforça a aposta do governo em diversificar e modernizar o sistema de transporte, que historicamente privilegia rodovias, mas agora enxerga nas ferrovias um vetor essencial para o desenvolvimento sustentável e a mobilidade urbana.

A retomada das ferrovias abandonadas: estratégias e novidades para o setor

Desde o início dos estudos conduzidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), tem crescido o interesse na reativação das concessões ferroviárias devolvidas, especialmente aquelas que se encontram subutilizadas ou desativadas.

De acordo com a ANTT, o pedido de devolução da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) abriu espaço para novas discussões sobre o uso da estrutura não apenas para transporte de cargas, mas também para trens de passageiros, uma alternativa que tem ganhado força no cenário nacional.

No Ceará, a expectativa é que a reativação dessa linha de 600 km contribua para a consolidação da nova Transnordestina, sob responsabilidade da empresa TLSA, e fortaleça o desenvolvimento logístico do Estado.

Além disso, esse projeto pode melhorar a conexão do Ceará com importantes ferrovias nacionais, como a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia Centro-Atlântica, ampliando o alcance das rotas e incentivando o crescimento econômico regional.

Bilhões em indenizações e o futuro da infraestrutura ferroviária

O Ministério dos Transportes mantém um grupo de trabalho que avalia como otimizar a malha ferroviária devolvida, incluindo a reintegração desses trechos à administração da União.

Paralelamente, a empresa pública Infra S.A. conduz estudos técnicos para identificar o potencial de uso desses trechos, visando abrir novas concessões e fomentar operações que possam garantir a viabilidade econômica e social da ferrovia.

O valor das indenizações por trechos abandonados é estimado em até R$ 20 bilhões em todo o país, segundo dados do setor.

Essa cifra tem provocado um acirrado debate entre o Ministério dos Transportes e o Ministério da Fazenda, que divergem sobre o destino dos recursos — se devem ser aplicados na modernização da infraestrutura ferroviária ou empregados no ajuste fiscal do governo.

Especialistas defendem que o reinvestimento dessas indenizações no setor ferroviário é crucial para a sustentabilidade do projeto e para o avanço de novas tecnologias e práticas, como o uso de energias renováveis e a integração com o hidrogênio verde.

Linha Fortaleza-Crato: um passo decisivo para o transporte de passageiros

Entre as linhas avaliadas, a que liga Fortaleza ao Crato se destaca por seu potencial de reativação e pela possibilidade inédita de receber serviços de transporte de passageiros.

Essa retomada poderá transformar a mobilidade urbana e regional, conectando cidades e promovendo uma alternativa eficiente, sustentável e econômica frente à saturação dos modais rodoviários.

Conforme a ANTT, a definição final sobre o uso da ferrovia como transporte de passageiros será uma decisão de política pública do Ministério dos Transportes, que também considera propostas de concessões para atrair investimentos privados.

Estudos da Infra S.A. ainda estão em curso, com foco em viabilidade técnica, financeira e ambiental, para garantir que o projeto atenda às demandas atuais da população e do mercado.

O papel da indústria e o hub do hidrogênio verde no Ceará

Heitor Studart, coordenador da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), reforça que a recuperação da ferrovia é fundamental para o fortalecimento da economia local e sua integração com polos industriais do país.

Segundo ele, a reativação da antiga Transnordestina pode ser a chave para conectar o Ceará a grandes ferrovias do Brasil, incluindo a Norte-Sul, a Centro-Atlântica, e as ferrovias de Integração Oeste-Leste e Centro-Oeste, formando uma malha integrada e moderna.

Além disso, o projeto ferroviário está alinhado à estratégia estadual de desenvolvimento do hub de hidrogênio verde, considerado um dos pilares da nova economia do Ceará.

O transporte ferroviário, por sua capacidade de carga e baixo custo, é visto como indispensável para viabilizar a logística do hidrogênio verde e atrair investimentos industriais.

Studart destaca também a possibilidade de implantar short lines — linhas ferroviárias curtas voltadas ao transporte de passageiros urbanos e regionais — que poderiam complementar o sistema de mobilidade e beneficiar diretamente as populações locais.

“A retomada do setor ferroviário é uma prioridade para a indústria e a logística do Ceará, abrindo caminhos para inovação e sustentabilidade”, afirma ele.

Desafios e expectativas sobre o futuro da malha ferroviária

Atualmente, cerca de 36% da malha ferroviária brasileira permanece inutilizada ou em estado de sucateamento, segundo levantamento recente.

Esse cenário revela um enorme potencial desperdiçado, especialmente diante da demanda crescente por transporte sustentável e eficiente.

A média estimada para indenização por quilômetro desativado gira entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões, valores que podem variar conforme as características técnicas e o grau de abandono de cada trecho.

A pressão para que esses recursos sejam integralmente reinvestidos na infraestrutura ferroviária cresce, com apoio da Fiec e outras entidades do setor.

Enquanto isso, o debate entre os Ministérios dos Transportes e da Fazenda sobre o uso desses recursos permanece intenso, e o desfecho terá impacto decisivo no ritmo e na qualidade da recuperação ferroviária.

Mobilidade e inovação no centro do debate sobre o transporte de passageiros

A possibilidade de reativar trechos ferroviários para o transporte de passageiros representa uma mudança significativa no paradigma da mobilidade urbana brasileira.

Essa alternativa pode aliviar os congestionamentos das rodovias e contribuir para a redução de emissões de carbono, além de proporcionar maior conforto e segurança para os usuários.

Para o Ceará, o projeto Fortaleza-Crato surge como uma oportunidade rara de resgatar o transporte ferroviário de passageiros, conectando cidades e oferecendo uma rota que alia rapidez, sustentabilidade e custo-benefício.

Porém, a concretização desse sonho depende do alinhamento entre governos, iniciativa privada e sociedade civil, que precisam definir prioridades e garantir a viabilidade econômica e social do empreendimento.

Você acredita que a recuperação das ferrovias pode transformar o transporte público no Ceará e no Brasil? Como você vê o papel do transporte ferroviário no futuro da mobilidade urbana?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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