1. Início
  2. / Economia
  3. / Governo pretende retomar obras de Angra 3, mas tem um problema: serão necessários 23 BILHÕES para isso
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Governo pretende retomar obras de Angra 3, mas tem um problema: serão necessários 23 BILHÕES para isso

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/11/2024 às 20:31
Angra 3 pode custar R$ 23 bilhões para ser concluída. Decisão em dezembro definirá o futuro de uma das maiores obras nucleares do Brasil. (Imagem: ilustração Ideogram)
Angra 3 pode custar R$ 23 bilhões para ser concluída. Decisão em dezembro definirá o futuro de uma das maiores obras nucleares do Brasil. (Imagem: ilustração Ideogram)

Angra 3 pode custar R$ 23 bilhões para ser concluída. Decisão em dezembro definirá o futuro de uma das maiores obras nucleares do Brasil.

O destino de Angra 3, um dos maiores e mais polêmicos projetos de energia nuclear do Brasil, será decidido no próximo mês.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) marcou para o dia 4 de dezembro uma reunião que pode determinar a continuidade da usina, paralisada desde 2015.

Se aprovada, a retomada exigirá um investimento robusto de R$ 23 bilhões, mas também promete reforçar a segurança energética nacional.

De acordo com informações apuradas pelo Petronotícias, 90% desse montante virá de financiamentos, tanto de bancos brasileiros quanto de instituições internacionais.

O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, defendeu a conclusão da obra, argumentando que o custo de abandoná-la seria quase tão alto quanto finalizá-la: R$ 21 bilhões, considerando os gastos já realizados e os prejuízos acumulados.

Abandonar ou concluir: um dilema bilionário

Angra 3, projetada para gerar 1,4 GW de energia firme, representa uma peça-chave para o sistema elétrico brasileiro.

O estudo encomendado ao BNDES revelou que os custos para desistir da obra alcançariam R$ 21 bilhões, um valor quase equivalente ao necessário para concluí-la.

Para Lycurgo, abandonar o projeto seria uma derrota não apenas financeira, mas também estratégica, já que o Brasil perderia a chance de fortalecer sua matriz energética com uma fonte de energia limpa e confiável.

A retomada da construção de Angra 3 está condicionada à aprovação do CNPE, o que abriria caminho para uma licitação internacional em 2025.

A Eletronuclear espera assinar o contrato com o consórcio vencedor ainda no mesmo ano, iniciando as obras imediatamente.

A previsão é que a usina comece a operar em 2031, adicionando uma capacidade crucial ao sistema elétrico do país.

Por outro lado, deixar a usina inacabada traria consequências severas para a segurança energética. Em um cenário onde mudanças climáticas e crises hídricas desafiam as hidrelétricas, a energia nuclear surge como uma alternativa estratégica.

Além disso, a necessidade de compensar a energia perdida com fontes mais poluentes poderia aumentar as emissões de gases de efeito estufa, contrariando os compromissos ambientais assumidos pelo Brasil.

Tecnologia e modernidade em foco

Embora o projeto de Angra 3 tenha sido concebido há décadas, Lycurgo garantiu que os equipamentos armazenados estão em perfeito estado, graças à manutenção contínua.

Segundo ele, mais de 12 mil peças já estão prontas para serem instaladas, enquanto os sistemas de controle e monitoramento, que ainda serão adquiridos, utilizarão tecnologias modernas e atualizadas.

Apesar das similaridades entre Angra 2 e Angra 3, especialmente no design inicial, as diferenças nos sistemas operacionais exigirão treinamentos específicos para os futuros operadores da nova usina.

A Eletronuclear pretende alinhar as operações das duas plantas no longo prazo, otimizando os processos e aumentando a eficiência energética.

Energia nuclear: potencial estratégico do Brasil

A possível retomada de Angra 3 reflete o potencial do Brasil em se tornar um protagonista no setor nuclear global.

Com uma das maiores reservas de urânio do mundo, o país possui capacidade de exportar combustível nuclear e ampliar sua relevância internacional.

No entanto, a expansão da energia nuclear no Brasil depende de mudanças estruturais.

O Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 prevê a construção de até 10 GW de novas usinas nucleares, o que exigirá um salto quíntuplo em relação à capacidade atual.

Segundo Lycurgo, esse avanço só será possível com a criação de um novo marco regulatório, que permita maior participação de investidores privados no setor.

Além disso, especialistas alertam para a necessidade de planejamento estratégico e políticas públicas consistentes, para evitar que as metas do PNE 2050 se tornem apenas promessas no papel.

A conclusão de Angra 3, portanto, pode ser o primeiro passo para consolidar a energia nuclear como uma solução viável e sustentável no Brasil.

Modernização em andamento

A Eletronuclear também está trabalhando na renovação da licença de operação de Angra 1, que permitirá estender sua vida útil por mais 20 anos.

O processo inclui atualizações escalonadas até 2028, com a nova licença podendo ser emitida já em dezembro deste ano.

Enquanto isso, os preparativos para Angra 3 continuam. As minutas dos editais e contratos já passaram por audiência pública e agora aguardam aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Uma vez autorizados, os processos licitatórios começarão, viabilizando a retomada das obras em 2025.

Impacto socioeconômico e ambiental

Além de garantir energia limpa e estável, a conclusão de Angra 3 pode impulsionar a economia, gerando empregos diretos e indiretos na construção e operação da usina.

Estima-se que milhares de trabalhadores sejam contratados durante as obras, beneficiando a região de Angra dos Reis e seu entorno.

No entanto, o projeto também enfrenta críticas relacionadas ao impacto ambiental e aos riscos associados à energia nuclear.

Organizações ambientais destacam a necessidade de um plano robusto para a gestão de resíduos nucleares e a segurança das instalações, especialmente em um país com histórico de atrasos e falhas na execução de grandes obras.

Você acha que o Brasil deve apostar na energia nuclear como fonte estratégica ou deveria focar em alternativas como solar e eólica? Comente e participe do debate!

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x