Conab libera R$ 300 milhões para garantir renda e preço mínimo aos produtores de arroz e evitar perdas na safra de grãos 2025/26.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou a liberação imediata de R$ 300 milhões para apoiar os produtores de arroz diante da forte queda nas cotações do cereal.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (22/10), em Porto Alegre, e tem como objetivo garantir renda aos agricultores, equilibrar o mercado e movimentar até 630 mil toneladas de arroz.
A medida foi antecipada devido à crise que afeta a safra de grãos 2025/26, especialmente no Rio Grande do Sul, principal estado produtor.
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Conab antecipa recursos e amplia mecanismos de auxílio
De acordo com o presidente da Conab, Edegar Pretto, os recursos seriam originalmente destinados à próxima safra, mas a liberação foi antecipada.
“A emergência é agora. As cotações caíram abaixo do preço mínimo no Rio Grande do Sul, então esse orçamento, que seria para o ano que vem, vamos utilizar agora”, afirmou Pretto.
O pacote inclui três principais instrumentos de auxílio ao produtor: o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e as Aquisições do Governo Federal (AGF). As operações devem começar nas próximas duas semanas.
As modalidades PEP e Pepro receberão cerca de R$ 100 milhões e devem movimentar 500 mil toneladas do cereal.
No caso do PEP, o governo concede um incentivo financeiro a indústrias e comerciantes que comprem o arroz diretamente de produtores pelo preço mínimo e o escoem para fora da região Sul.
Já o Pepro é um prêmio pago ao agricultor que comprovar a venda e o transporte do produto por um valor compatível com o mínimo garantido.
O restante dos recursos — R$ 200 milhões — será destinado ao AGF, que permite a compra direta do arroz pelos estoques públicos.
A Conab estima adquirir até 130 mil toneladas para reforçar a reserva nacional e sustentar o valor de mercado.
Preços abaixo do custo e risco de redução de plantio
A decisão do governo surge em meio a um cenário de forte desvalorização do arroz no mercado interno.
Segundo a Conab, o preço médio pago ao produtor no Rio Grande do Sul está em torno de R$ 58 por saca de 50 quilos, enquanto o valor mínimo fixado pelo governo é de R$ 63,64.
O presidente da Federarroz, Denis Dias Nunes, avalia que o preço justo deveria estar próximo de R$ 80 por saca, considerando os custos atuais de produção.
Com a rentabilidade em queda, Nunes alerta que a área plantada pode diminuir até 15% na próxima safra.
“Uma das medidas mais efetivas é reduzir o plantio. No entanto, a tecnologia empregada nas lavouras também deve ser menor, devido às dificuldades de crédito e juros altos, o que também vai afetar a produtividade”, afirmou.
Produção menor e foco em exportação
O primeiro levantamento da safra de grãos 2025/26, divulgado pela Conab na semana passada, aponta uma redução de 5,6% na área plantada de arroz, totalizando 1,66 milhão de hectares.
A queda é mais acentuada nas lavouras de sequeiro (–12,5%), enquanto as áreas irrigadas devem cair 3,7%
Com isso, a produção nacional deve atingir cerca de 11,5 milhões de toneladas, 10% a menos que na temporada anterior.
Apesar da retração, as condições climáticas devem ser mais favoráveis ao desenvolvimento das plantações, graças à boa disponibilidade de água nos reservatórios e à previsão de calor e radiação solar nos meses de janeiro e fevereiro.
Estoques altos e desafio da demanda interna
Atualmente, os estoques nacionais de arroz ultrapassam 2 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno se mantém estável há mais de uma década, entre 10,5 e 11 milhões de toneladas anuais.
Para equilibrar o mercado, o setor aposta no aumento das exportações.
A Conab projeta que as vendas externas ultrapassem 2,1 milhões de toneladas em 2025/26 — um avanço de 31,25% em relação à safra passada. Caso se confirme, o estoque de passagem cairá para cerca de 1,8 milhão de toneladas, sustentando o preço mínimo do arroz acima de R$ 75 na entressafra.
Pedido de isenção e novas medidas emergenciais
Durante o anúncio, o presidente da Conab sugeriu que o governo do Rio Grande do Sul isente de ICMS as operações com o cereal realizadas com os novos recursos.
“Seria uma medida emergencial importante, senão 12% desses valores irão para os cofres do Estado ao invés de auxiliar os produtores”, destacou Pretto.
Já a Federarroz planeja solicitar que parte da Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO) — contribuição paga pelos produtores — seja utilizada para subsidiar o escoamento da produção e fortalecer a comercialização.


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