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Governo da China, preocupado com uma possível falta de petróleo, gás e comida, inicia operação de abastecimento de commodities pagando 139% a mais em algumas importações

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 04/03/2022 às 13:19
China, petróleo, gás
Foto: Reprodução Google Imagens (disponível no site CNN)

Em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia, grandes exportadores de gás, petróleo e outros, economia da China pode ser ameaçada

Nos últimos dias, o Governo da China deu ordem para a prioridade máxima quanto ao acúmulo de petróleo, gás, alimentos e outros recursos naturais. Agências do governo chinês, inclusive a instituição de planejamento econômico mais importante da China, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, acataram determinações para coagir os compradores estatais a realizar buscas pelos mercados internacionais a fim de garantir essas commodities, com meta de acumularem estoque suficiente em caso de desabastecimento.

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Conforme foi noticiado pela agência Bloomberg e também divulgado pelo site Exame, no texto original de Carlo Cauti, analistas do exterior julgam a decisão da China como um indício de que as autoridades do país têm previsão de piora na guerra da Ucrânia e um provável impacto nas economias globais, em razão da falta de abastecimento de produtos importados das nações em conflito.

Visto isso, Pequim, capital da China, está armazenando uma lista de commodities que poderiam ser afetadas negativamente pela tensão mundial. Veja a seguir os principais itens:

  • petróleo;
  • gás;
  • minério de ferro;
  • milho;
  • trigo.

China não se importa com os preços

As autoridades da China que estão envolvidas não chegam a citar preços máximos viáveis para a aquisição desses materiais. Independente do valor, o foco do momento é apenas o estoque, não as importações.

Sem dúvidas, o aumento nos valores das commodities em decorrência do conflito mais recente no Leste Europeu resultará em complicações para sustentar o crescimento constante da China. Como evidência disso, vê-se que o país está pagando 139% a mais nas importações de potássio em relação a um ano atrás, levando em consideração que o setor da Bielorrússia está sob sanções dos EUA e da União Europeia.

Em relação ao fornecimento energético, as usinas de energia e siderúrgicas da China estão atrás de possibilidades de substituição do carvão russo após a indicação de alguns barcos chineses de que irão diminuir as compras, por causa das sanções impostas a Moscou que vêm aumentando.

Depois da Indonésia, a Rússia é a maior fonte de carvão da China. Grande fornecedora não só de carvão, a Rússia também disputa com a Arábia Saudita o posto de maior fornecedor de petróleo do país.

Nos últimos 10 anos, a capital da Rússia, Moscou, desenvolveu as alianças comerciais com Pequim. A China duplicou as importações russas de produtos energéticos nos últimos 5 anos, quase atingindo US$ 60 bilhões.

Durante reunião entre Vladimir Putin e Xi Jinping, foi firmada a assinatura de vários acordos para expandir a oferta russa de petróleo e gás, bem como de trigo.

Além disso, a China é uma forte importadora de grãos ucranianos, com mais de 8,2 milhões de toneladas de milho compradas no ano passado, o que corresponde a 29% das importações totais desse grão. E não para por aí: foram importados também aproximadamente 18 milhões de toneladas de minério de ferro da Ucrânia

A Rússia, por sua vez, foi responsável por quase 18% das importações chinesas de níquel refinado no final de 2021, como também representou 12% de alumínio e 26% dos embarques de paládio.

Quanto ao óleo de girassol comprado pela China, 30% veio da Rússia, enquanto os outros 70% foram provenientes da Ucrânia.

Um desabastecimento casual poderia ameaçar gravemente a segurança alimentar de Pequim, que virou uma das principais prioridades do governo chinês, como mostra os níveis recordes das últimas importações de milho, trigo e soja.

Fragilidade do país em caso de desabastecimento internacional de gás, petróleo e alimentos

O empenho chinês para resguardar o armazenamento de alimentos vai desde a ampliação da produção local até a diversificação das importações, o avanço na indústria de sementes e a diminuição do desperdício de alimentos.

A China já vem trabalhando no desenvolvimento de sua segurança alimentar e energética desde os impactos causados pela pandemia, entretanto, as pressões do sistema de suprimentos e questões geopolíticas, como o conflito diplomático com a Austrália, prejudicaram a economia chinesa.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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