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Gotas de chuva e tubos plásticos: inovação simples gera energia limpa e sustentável e pode ser essencial para abastecer áreas remotas

Publicado em 19/04/2025 às 18:31
Gotas de chuva, Gotas de água, Energia limpa
Créditos: ACS Central Science.
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Sistema converte energia mecânica das gotas de chuva em eletricidade, com potencial para abastecer sensores, dispositivos pequenos e até estruturas maiores

Pesquisadores em Cingapura desenvolveram um método que transforma simples gotas de chuva em eletricidade. A proposta, descrita em um novo estudo, usa um tubo de plástico estreito e um tipo de escoamento chamado “fluxo de plug”. O sistema é tão simples quanto parece: gotas caem em sequência no tubo, gerando energia limpa e renovável.

A ideia por trás do projeto

Segundo os cientistas, a instalação pode transformar a chuva em uma fonte prática de eletricidade. Com o novo sistema, foi possível acender 12 lâmpadas pequenas por 20 segundos usando somente quatro tubos. Não há necessidade de represas, turbinas ou quedas de água potentes.

A água que cai através de um tubo vertical gera uma quantidade substancial de eletricidade usando um padrão específico de fluxo de água: fluxo de tampão. Esse padrão de fluxo de tampão poderia permitir que a energia da chuva fosse aproveitada para gerar eletricidade limpa e renovável.”, explicou Siowling Soh, da Universidade Nacional de Singapura. Soh é a autora sênior do estudo.

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Esse padrão específico é formado por gotas que entram no tubo de modo espaçado, como colunas de água separadas por ar. Essa estrutura é o segredo do funcionamento da técnica.

Como funciona a geração através de gotas de chuva

O método se apoia em um fenômeno já conhecido da física: a eletrificação de contato. É o mesmo princípio que faz um balão grudado no cabelo após ser esfregado. Quando a água passa por certos materiais, há uma troca de cargas elétricas.

No experimento, os pesquisadores usaram um tubo de 32 centímetros de altura e somente 2 milímetros de largura. No topo do tubo, gotas de água — simulando chuva — foram lançadas por uma agulha de metal.

Dentro do tubo, essas gotas formaram colunas separadas por ar. Esse movimento, chamado de fluxo de pistão, foi essencial para a geração de carga elétrica.

Cada tampão de água gerava uma separação de cargas. A superfície interna do tubo acumulava eletricidade. Fios colocados nas extremidades coletavam essa energia. O sistema recebeu o apelido de “bateria de chuva caindo”.

Aplicações e vantagens do sistema

Em um teste maior, com quatro tubos funcionando ao mesmo tempo, o sistema conseguiu acender 12 LEDs. A duração da iluminação foi de 20 segundos. A ideia dos cientistas não é substituir grandes usinas, mas sim oferecer uma alternativa em locais onde outras fontes são inviáveis.

Segundo o estudo, esse tipo de instalação pode ser usado em telhados ou em regiões com chuva constante. Não é necessário um rio, nem uma estrutura cara. A gravidade faz o trabalho essencial.

Os pesquisadores destacaram que esse método pode complementar o fornecimento de energia em áreas urbanas. A instalação é simples, barata e eficiente. Para locais que não podem contar com grandes hidrelétricas, esse tipo de sistema pode ser uma solução promissora.

Quebrando limites antigos

A ideia de gerar eletricidade com a água não é nova. Mas até agora, a eficiência desses sistemas era muito limitada. Isso acontecia devido a uma barreira chamada “comprimento de Debye”.

É a distância mínima em que há separação de cargas entre líquido e sólido. Essa distância é tão pequena que, em sistemas maiores, o efeito se perde.

A novidade do projeto de Cingapura está em contornar esse limite. Usando tubos finos e separando as gotas com ar, os pesquisadores criaram um sistema que escapa da limitação de Debye.

Com isso, a eficiência energética passou de 10%, com densidades de potência próximas a 100 watts por metro quadrado.

Esse resultado é muito superior ao de outras tentativas de geração de energia usando líquidos. A diferença chega a ser de cinco ordens de magnitude.

Eletricidade via gotas de chuva: Uma nova forma de energia

O novo sistema não se encaixa totalmente nas categorias conhecidas. Não é bem uma hidrelétrica, pois não usa turbinas. Também não é como a energia solar. Ele pertence a uma área nova da ciência chamada nanogeração triboelétrica.

Essa área estuda como gerar energia a partir do movimento, do atrito e até da deformação de materiais. Até agora, as soluções dessa área sofriam com dificuldades práticas. Mas o modelo criado pela equipe de Soh superou essas barreiras com uma solução simples: deixar a água cair espaçadamente.

Resultados práticos e promissores

O sistema foi testado com vários tipos de água: da torneira, salina, quente e fria. Todas funcionaram. Os testes com múltiplos tubos mostraram que o aumento da potência é proporcional. Isso indica que o sistema pode ser ampliado com facilidade.

Outro ponto relevante foi a constatação de que gotas de chuva naturais funcionam até melhor do que as usadas no laboratório. Isso acontece porque as gotas reais caem mais rápido e com mais energia. Ou seja, a chuva comum pode ser ainda mais eficiente para gerar eletricidade.

A descoberta também ajuda a explicar um fenômeno conhecido como efeito Lenard. É o nome dado à eletrificação do ar próximo a quedas d’água ou ondas do mar. Segundo os pesquisadores, isso pode estar ligado ao mesmo tipo de separação de carga que ocorre no tubo.

Apesar dos bons resultados, o sistema ainda precisa passar por testes no mundo real. É preciso verificar como ele se comporta com vento, sujeira, mudanças de temperatura e outros fatores externos.

Também é necessário estudar como integrá-lo a redes elétricas existentes e como produzir esses sistemas em larga escala.

Mas os cientistas estão otimistas. “A chuva é abundante e gratuita”, disse Soh. “Só precisamos encontrar maneiras melhores de aproveitá-la.”

Com isso, a descoberta abre caminho para novas formas de produzir energia limpa. Tudo isso com uma ideia simples: colher a eletricidade escondida em cada gota de chuva.

Com informações de ZME Science.

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Romário Pereira de Carvalho

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