Licença remunerada é usada para impedir ex-funcionários de atuarem na concorrência por até um ano
O Google está pagando as pessoas para não trabalharem em uma manobra estratégica que tem chamado a atenção do mercado de tecnologia. Durante esse período, os profissionais continuam recebendo salário integral, mesmo estando afastados de qualquer função na empresa.
A prática visa proteger segredos industriais ligados à inteligência artificial, especialmente dentro do braço de pesquisas avançadas conhecido como Google DeepMind. Em tempos de disputa acirrada com Microsoft, OpenAI e Amazon, reter conhecimento sensível se tornou prioridade.
O que é o “garden leave” e por que o Google está usando?
A política aplicada pelo Google se chama garden leave, um modelo jurídico comum no Reino Unido, onde a empresa afasta o funcionário de suas atividades, mas mantém seu vínculo contratual e remuneração. Durante esse período, ele não pode aceitar ofertas de trabalho da concorrência.
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O objetivo é evitar que profissionais-chave levem informações estratégicas para rivais diretos, especialmente em áreas críticas como a inteligência artificial generativa.
Os períodos de licença variam entre poucos meses e até um ano, dependendo da posição e do projeto em que o funcionário atuou. A remuneração integral serve como contrapartida legal para impedir que o profissional assuma cargos em outras empresas nesse tempo.
O bloqueio continua mesmo após o pagamento?
Além do garden leave, alguns contratos impõem cláusulas de não concorrência que se estendem mesmo após o fim da licença. Isso significa que, por mais 6 a 12 meses, o profissional pode continuar legalmente impedido de atuar em projetos semelhantes em outras empresas.
Ou seja, o Google está pagando as pessoas para não trabalharem — e mesmo após esse pagamento, ainda restringe o campo de atuação delas.
Embora a prática seja legal no Reino Unido, cresce a pressão para revisão das regras, diante de denúncias de que isso prejudica o dinamismo da indústria.
Prática divide opiniões dentro e fora do setor
Nando de Freitas, ex-líder do DeepMind e atual vice-presidente de IA da Microsoft, criticou publicamente a medida, chamando-a de “abuso de poder corporativo”. Para ele, travar talentos por tanto tempo afeta a inovação tecnológica e limita o avanço da inteligência artificial.
Do outro lado, executivos e advogados de grandes empresas alegam que essas medidas são ferramentas legítimas de proteção de propriedade intelectual, ainda mais em setores altamente competitivos.
No centro do debate está uma pergunta que divide o setor: proteger segredos vale mais do que permitir mobilidade e liberdade profissional?
Essa estratégia protege a inovação ou impede o crescimento de profissionais e concorrentes? Você concorda com esse tipo de controle no setor de tecnologia? Deixe sua opinião nos comentários — queremos saber o que você pensa sobre isso.