Companhia aérea avança no plano de fechar capital no Brasil e concentrar operação sob controle da holding Abra, após recuperação judicial e reavaliação estratégica.
A Gol deu um novo passo no seu processo de reestruturação e anunciou o plano de encerrar seu ciclo na Bolsa de Valores brasileira (B3). A decisão ocorre após um período de forte turbulência financeira, encerrado com a recuperação judicial nos Estados Unidos e o fim das tratativas de fusão com a Azul. O movimento representa uma guinada estratégica para a empresa, que busca simplificar sua estrutura e reduzir custos operacionais.
A proposta foi deliberada pelo Conselho de Administração e será submetida à assembleia geral em 4 de novembro. Nessa data, os acionistas decidirão se aprovam a incorporação da companhia de capital aberto pela Gol Linhas Aéreas S.A. (GLA), empresa de capital fechado controlada pela Abra, holding que também detém a colombiana Avianca.
O que muda com a saída da Gol da Bolsa
Com a aprovação da operação, a Gol deixará o nível 2 da B3, tornando-se uma companhia de capital fechado.
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Os atuais investidores poderão optar por sair ou permanecer como acionistas da nova estrutura, agora privada.
A Azul passará a ser a única companhia aérea com ações negociadas na Bolsa brasileira, já que a Latam mantém seus papéis listados no mercado chileno.
Segundo o comunicado, a incorporação busca sinergias, ganho de eficiência e redução de custos.
A reestruturação prevê que cada acionista atual da Gol receba ações correspondentes na nova companhia, com proporções distintas para papéis ordinários e preferenciais.
“A reorganização tem o objetivo de fortalecer as operações e preparar a companhia para um novo ciclo de crescimento”, diz trecho da nota.
De crise à recuperação: um pouso forçado na realidade
A decisão de fechar o capital vem após um ciclo de desafios intensos.
A pandemia provocou queda abrupta na demanda por voos e elevou o endividamento da empresa, que acabou entrando em recuperação judicial nos Estados Unidos um processo semelhante ao Chapter 11 norte-americano.
Durante esse período, a Abra ampliou sua participação na Gol, saltando de pouco mais de 50% para cerca de 80%.
Para analistas, o movimento reflete a necessidade de controle total sobre a operação. “Sem apoio governamental, a companhia precisou redesenhar sua estrutura financeira para sobreviver”, explica o economista e professor da FGV, Cleveland Prates.
Fim das conversas com a Azul e reposicionamento estratégico
O anúncio ocorre pouco depois de a Gol encerrar as conversas de fusão com a Azul, que incluíam um acordo de compartilhamento de voos (codeshare).
O mercado chegou a avaliar o possível enlace como arriscado, tanto sob o ponto de vista regulatório quanto para o consumidor, por concentrar o mercado doméstico em apenas duas grandes operadoras.
A decisão de interromper as negociações foi bem recebida por parte dos investidores, que enxergaram menor risco de um duopólio e uma oportunidade de reposicionar a Gol de forma independente, agora sob uma governança mais centralizada e enxuta.
A próxima etapa: capital fechado, mas ambições abertas
A saída da Gol da B3 pode indicar um reposicionamento mais amplo, com foco em fortalecer a presença internacional e otimizar a gestão sem as pressões de curto prazo do mercado acionário.
“A empresa ganha densidade e liberdade estratégica para pensar em voos maiores no exterior”, avalia o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos.
Apesar da perspectiva de crescimento, o fechamento do capital traz implicações para o investidor minoritário, que poderá manter participação na nova estrutura, mas sem liquidez imediata.
Ainda assim, o mercado vê a medida como um passo natural no processo de reestruturação pós-crise.
Um ciclo que se encerra, outro que pode começar
O fim da jornada da Gol na B3 simboliza o encerramento de uma fase marcada por desafios e reinvenção.
A empresa sai do pregão com um histórico de volatilidade, mas com planos para reconstruir sua trajetória em novos moldes corporativos.
Você concorda com a decisão da Gol de sair da Bolsa? Acha que esse movimento pode fortalecer ou enfraquecer o setor aéreo brasileiro ?Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem vive e acompanha o mercado de aviação de perto.