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Gigantes de pedra emergem no Egito após 700 anos: resgate histórico do Farol de Alexandria revela blocos de até 80 toneladas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/07/2025 às 12:57
Farol de Alexandria
Foto: Reprodução
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Após séculos submersos no porto de Alexandria, no Egito, blocos gigantes de pedra que faziam parte do lendário Farol de Alexandria — uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo — estão sendo recuperados. A operação internacional envolve arqueólogos, mergulhadores e engenheiros, e promete revelar novos segredos dessa construção milenar com ajuda de tecnologia de ponta

Por séculos, o Farol de Alexandria foi apenas memória e ruína submersa. Agora, pedras gigantescas com até 80 toneladas começam a emergir do fundo do mar Mediterrâneo, devolvendo à superfície uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

Um esforço internacional de arqueólogos, mergulhadores e engenheiros está trazendo de volta à luz as fundações de um dos monumentos mais icônicos da história.

A redescoberta no fundo do porto

À beira da costa de Alexandria, no Egito, a equipe responsável pela operação recuperou 22 blocos imensos de pedra.

Segundo os arqueólogos envolvidos, essas estruturas formavam partes da base, entrada e portal cerimonial do lendário Farol de Alexandria.

Cada bloco, retirado do fundo do porto, é um pedaço literal da história, perdida desde os grandes terremotos do século XIV.

A missão não se trata apenas de remoção física.

É também um resgate simbólico e técnico de uma obra que, por mais de mil anos, guiou marinheiros e inspirou civilizações.

A operação, que integra o projeto internacional chamado PHAROS, é considerada a mais ambiciosa já realizada para recuperar o farol.

Um total de 22 enormes blocos de pedra foram recuperados das ruínas subaquáticas do antigo farol de Alexandria, no Egito. Crédito: Programas GEDEON/CEAlex

Um símbolo que iluminava mais do que o mar

Construído por volta de 280 a.C., o Farol de Alexandria foi uma obra monumental do reinado de Ptolomeu II Filadelfo.

Localizado na ilha de Faros, seu nome virou sinônimo de “farol” em diversos idiomas.

A torre foi erguida não só como guia para navegantes, mas também como demonstração de poder e prestígio da cidade.

Com cerca de 100 metros de altura, a estrutura era dividida em três partes: uma base quadrada, uma seção octogonal no meio e, no topo, uma lanterna cilíndrica. Uma fogueira gerava a luz, que podia ser vista a até 50 quilômetros.

Relatos mencionam o uso de grandes espelhos de bronze para concentrar o feixe luminoso sobre o mar.

A torre sobreviveu por mais de mil anos até ser destruída por terremotos em 1303 e 1323.

O que restou acabou submerso ou foi usado na construção do Forte Qaitbay, erguido posteriormente no mesmo local.

Mergulho no passado e salto para o futuro

A primeira descoberta subaquática de partes do farol aconteceu em 1994. Desde então, pesquisadores vêm registrando os fragmentos com tecnologia moderna.

A nova etapa, liderada pelo CNRS francês, o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito e a Fundação Dassault Systèmes, marca um novo patamar no resgate do monumento.

Os blocos recuperados agora incluem lintéis e montantes da entrada principal, além de pedras estruturais da torre.

Um achado inesperado chamou a atenção: elementos de um pilone — portal típico da arquitetura egípcia — construído com técnicas gregas. A origem e função dessa parte ainda são desconhecidas.

Cada peça está sendo digitalizada em 3D com alta precisão.

O objetivo é criar um “gêmeo digital” do farol.

A Dassault Systèmes lidera a modelagem virtual, que permitirá simulações sobre a construção, funcionamento e desabamento da torre.

A análise também envolve textos antigos, moedas e gravuras, comparados aos fragmentos resgatados.

Entender para preservar

Apesar de sua fama, nenhum farol da Antiguidade chegou aos dias atuais de forma significativa.

O de Alexandria foi o modelo para todos os outros, mas seu projeto completo continua sendo um mistério. Não existem plantas nem descrições técnicas da época.

As reconstruções até hoje se basearam em ilustrações e interpretações.

Com os dados coletados e a modelagem digital, os pesquisadores poderão responder questões antigas: como era refletida a luz da fogueira? Havia lentes?

O farol foi reformado ao longo dos séculos? Como ele desmoronou? O projeto PHAROS busca respostas científicas para esses pontos.

A reconstrução também tem valor cultural. Alexandria, que já foi uma potência intelectual ao lado de Roma e Atenas, vê nesse trabalho uma chance de recuperar parte de sua identidade histórica.

O farol, vizinho da lendária Biblioteca de Alexandria, era um símbolo da cidade. Trazer suas pedras de volta é também uma forma de reconectar o presente ao passado.

O farol, que resistiu por mais de 1.600 anos antes de sucumbir a terremotos, agora retorna lentamente à superfície.

Os blocos gigantes, que por séculos ficaram esquecidos no fundo do mar, ajudam a montar o quebra-cabeça de um dos maiores feitos da engenharia antiga.

A reconstrução digital poderá ser a chave para revelar como essa torre iluminava os mares e dominava os céus. Mais do que história, é um reencontro com a ambição humana de construir o impossível — e de lembrar o que o tempo tentou apagar.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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