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Gafanhoto de 3.400 anos, ligado à tumba de Tutancâmon, é vendido por US$ 450 mil

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 01/08/2025 às 10:58
Gafanhoto
Foto: Reprodução
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Um pequeno artefato egípcio de 3.400 anos, possivelmente retirado da tumba de Tutancâmon, foi vendido em Londres por mais de US$ 450 mil. A peça, esculpida em marfim e madeira, gerou controvérsia entre especialistas que questionam sua origem e defendem sua devolução ao Egito.

Um artefato esculpido há cerca de 3.400 anos, possivelmente retirado ilegalmente da tumba do faraó egípcio Tutancâmon, foi vendido por mais de US$ 450.000 em um leilão em Londres. A venda reacendeu discussões entre especialistas sobre a procedência da peça e a responsabilidade das instituições envolvidas.

O objeto, conhecido como Gafanhoto de Guennol, mede apenas 3,5 polegadas. Ele foi esculpido em madeira e marfim e conta com olhos incrustados em azul e preto.

Suas asas superiores, com padrão xadrez, se abrem para revelar uma cavidade interna, que provavelmente guardava kohl ou perfume.

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Esses itens eram comuns entre os membros da elite egípcia durante o período do Novo Reino.

Suspeitas de origem irregular

O mais importante é que alguns estudiosos acreditam que o artefato tenha sido saqueado. A teoria é de que Howard Carter, o arqueólogo que descobriu a tumba de Tutancâmon em 1922, teria levado o objeto sem autorização.

A hipótese não é nova, mas voltou à tona com a proximidade do leilão.

Documentos sugerem que Maurice Nahman, um conhecido negociante de arte do Egito, comprou o gafanhoto diretamente de Carter.

Depois, em 1936, Nahman o vendeu a Joseph Brummer, antiquário com sede em Nova York. Brummer catalogou o artefato como “supostamente vindo da tumba do Rei Tutancâmon”, segundo registros hoje arquivados no Metropolitan Museum of Art.

De coleção privada a leilão internacional

Em 1948, Alastair Bradley Martin, herdeiro de uma fortuna do setor siderúrgico, adquiriu o artefato por quase US$ 10.000.

Ao longo dos anos, a peça ficou conhecida como parte da coleção Guennol, nome inspirado na palavra “gwennol”, que significa “martin” em galês.

Durante décadas, o gafanhoto ficou exposto em instituições prestigiadas. O Museu do Brooklyn o exibiu várias vezes entre 1948 e 2002.

Em 1969, o Metropolitan Museum também o colocou em exibição. Mais tarde, a peça passou pela Galeria Merrin e chegou às mãos dos herdeiros do xeque Saud al-Thani, do Catar, por US$ 1,2 milhão.

Apesar disso, a dúvida sobre sua origem nunca foi totalmente esclarecida.

Rumores sobre os saques de Carter cresceram após sua morte em 1939, quando artefatos relacionados a Tutancâmon foram encontrados entre seus pertences.

Nos últimos anos, novas cartas e achados arqueológicos aumentaram as suspeitas.

Posições divergentes sobre a procedência

Para a Apollo Art Auctions, responsável pela venda, a ligação entre o gafanhoto e a tumba de Tutancâmon continua sendo uma teoria. “Não há nenhuma fotografia de escavação deste item na tumba, e Carter nunca o listou no inventário”, afirmou a casa em declaração à revista Apollo.

Por outro lado, o egiptólogo Christian Loeben, do Museu August Kestner, na Alemanha, está “bastante convencido” da conexão.

Segundo ele, o estilo da peça é “exatamente do mesmo período” e seu bom estado sugere que ficou armazenada em uma câmara selada. Para Loeben, o artefato deve retornar ao Egito.

Justificativas legais e críticas éticas

Mesmo diante da polêmica, o leilão foi realizado no dia 27 de julho. A Apollo Art Auctions justificou que, segundo a legislação britânica, não há impedimento legal para a venda.

Qualquer pedido de restituição exigiria comprovação de origem ilícita, exportação ilegal e ação tempestiva — nenhuma das quais foi apresentada em mais de 80 anos”, explicou a casa.

A empresa defende que a importância histórica da peça justifica sua comercialização. “Esperamos que entre para uma coleção pública onde possa ser cuidada com responsabilidade e acessível a todos”, declarou em nota enviada ao Artnet.

Entretanto, nem todos concordam com essa postura. Erin Thompson, especialista em crimes contra a arte da City University de Nova York, destacou o porte da casa de leilões.

Para ela, o fato de grandes empresas como Sotheby’s e Christie’s evitarem esse tipo de item reforça o caráter problemático da venda. “Elas não tocariam em uma antiguidade tão intimamente ligada a um ladrão conhecido”, afirmou ao New York Times.

Portanto, o caso levanta questões sobre ética, transparência e a responsabilidade das instituições culturais no comércio de artefatos históricos.

Mesmo com a legalidade da venda, a sombra da dúvida sobre a verdadeira origem do gafanhoto permanece.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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