Fragata Tamandaré é o navio mais moderno da Marinha brasileira, com sensores anti-submarino, stealth e comando digital. Brasil fortalece defesa costeira e entra em nova era naval com entrega prevista para 2025.
A Marinha do Brasil está prestes a inaugurar um novo capítulo na história da defesa nacional com a chegada da Fragata Tamandaré — um navio militar moderno, projetado para patrulhar o Atlântico Sul com alta tecnologia embarcada, capacidade de detecção submarina e preparo para enfrentar ameaças aéreas, navais e crimes ambientais. Com previsão de entrega para dezembro de 2025, a embarcação é a mais avançada já construída no país e representa um marco estratégico na evolução da força naval brasileira.
O projeto da Fragata Tamandaré é mais do que uma resposta às crescentes demandas por segurança nas águas jurisdicionais do Brasil: ele simboliza a capacidade da indústria nacional em desenvolver sistemas complexos de defesa, ao mesmo tempo em que fortalece a soberania e o controle costeiro em um dos maiores litorais do mundo.
Marinha brasileira avança na defesa costeira com navio militar de última geração
Com 4.500 toneladas, sensores sofisticados e poder de fogo significativo, a Fragata Tamandaré é o primeiro dos quatro navios encomendados pela Marinha e construídos no estaleiro de Itajaí (SC), pela Sociedade de Propósito Específico Águas Azuis — uma parceria estratégica entre a alemã Thyssenkrupp Marine Systems (TKMS), a Embraer Defesa e Segurança e a Atech.
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Projetada para operar em múltiplos cenários, a fragata é preparada para combater submarinos, embarcações de superfície, mísseis e aeronaves, além de realizar ações contra pirataria, pesca ilegal e crimes ambientais.
Seu leque de capacidades também inclui monitoramento de tráfego marítimo, controle de poluição e apoio em situações de emergência.
Tecnologia naval de ponta: sensores, stealth e “irmão digital”
A Fragata Tamandaré incorpora tecnologias de ponta desenvolvidas com foco em eficiência operacional, furtividade e monitoramento em tempo real. Um dos diferenciais do projeto é o sistema de exaustão na linha d’água — ao contrário das tradicionais chaminés — o que reduz significativamente a assinatura térmica e visual do navio, dificultando sua detecção por radares inimigos.
Além disso, cada navio físico possui um “irmão digital”: trata-se de uma réplica virtual baseada em dados de sensores e engenharia de sistemas que permite simulações, diagnósticos e manutenção preditiva. Essa inovação coloca a Marinha em sintonia com as forças armadas mais avançadas do mundo, que já utilizam “gêmeos digitais” em submarinos e caças de quinta geração.
Outro destaque é o sistema de comando e controle centralizado, desenvolvido com tecnologia brasileira, que atua como o “cérebro” do navio, coordenando todos os sistemas de propulsão, radar, armas e comunicações. A integração entre hardware e software garante respostas rápidas e precisas em cenários de combate real ou simulado.
Fragata Tamandaré reforça combate marítimo em tempos de novas ameaças
A importância estratégica do projeto vai além do reforço à frota. Com o avanço de redes criminosas transnacionais, tráfico de drogas e exploração ilegal de recursos naturais na costa brasileira, a presença de navios como a Tamandaré é essencial para consolidar a soberania em regiões sensíveis como a foz do Amazonas, o pré-sal e áreas de proteção ambiental.
Capaz de operar helicópteros, drones e armas de médio e longo alcance, a fragata oferece flexibilidade em patrulhas e missões de interceptação. Sua capacidade de detecção submarina, combinada com sensores acústicos e sonares de última geração, também fortalece a dissuasão de ameaças não visíveis — como submarinos hostis ou embarcações furtivas.
Brasil investe na formação de tripulantes altamente especializados
Para operar um navio com tamanha complexidade, a Marinha iniciou em 2024 a formação de tripulações específicas para a classe Tamandaré. O treinamento inclui simulações com o sistema de comando, manobras automatizadas, leitura de sensores e coordenação de mísseis e armamentos.
A primeira turma, com 20 militares, já está em fase de qualificação, e até o final de 2025 outros 136 tripulantes também serão preparados para integrar a embarcação. O objetivo é garantir uma operação eficiente desde o primeiro dia de serviço ativo, além de formar uma elite operacional capaz de difundir o conhecimento para as outras três fragatas que serão entregues até 2029.
Tecnologia naval nacional impulsiona indústria e gera empregos
Além do impacto estratégico, o Programa Fragatas Classe Tamandaré também movimenta a economia. A construção dos navios gera cerca de 2 mil empregos diretos e outros milhares indiretos, fomentando a indústria naval nacional e a cadeia produtiva ligada à tecnologia de defesa.
Segundo o CEO da SPE Águas Azuis, Fernando Queiroz, o projeto é “comparável à montagem de uma grande cebola”: cada seção é integrada a partir de blocos que recebem motor, casco, armamentos e eletrônicos em etapas simultâneas. O método permite maior precisão e eficiência, com ganhos logísticos para futuras manutenções e atualizações.
O programa também abre caminho para o domínio nacional de tecnologias críticas, com transferência de conhecimento por parte da TKMS para a Marinha e empresas parceiras. Esse domínio será essencial para garantir independência técnica em futuras expansões da frota e modernizações.
Brasil projeta presença no Atlântico Sul com nova classe de navios
Com a entrada em operação da Fragata Tamandaré, o Brasil dará um salto qualitativo em sua capacidade de projeção naval.
Isso significa não apenas proteger águas jurisdicionais, mas também atuar em missões internacionais de paz, segurança marítima e cooperação regional — especialmente no Atlântico Sul, onde o país exerce papel de liderança estratégica.
A classe Tamandaré substituirá progressivamente as fragatas da classe Niterói, em operação desde a década de 1970. O novo modelo oferece maior capacidade de combate, sensores mais modernos, consumo de combustível otimizado e sistemas embarcados com base em arquitetura modular, que permite futuras atualizações sem grandes reformas.