Testes secretos da Ford revelam que montadoras chinesas estão à frente na corrida tecnológica. Jim Farley, CEO da Ford, descreve o avanço como uma “ameaça existencial” para as fabricantes ocidentais.
O domínio da China no setor automobilístico pode ser a maior ameaça à sobrevivência das gigantes ocidentais? A resposta surpreendente pode estar nos recentes testes realizados pela Ford com um SUV chinês, que deixou a alta cúpula da montadora em choque.
Durante uma visita estratégica ao país, o CEO da Ford, Jim Farley, teve a oportunidade de experimentar em primeira mão o que muitos ainda não acreditam: as montadoras chinesas estão à frente em tecnologia e inovação, superando as grandes marcas internacionais que por anos dominaram o mercado global.
O impacto da ascensão chinesa
No início de setembro de 2024, Farley, acompanhado pelo diretor financeiro John Lawler, participou de testes rigorosos em território chinês, avaliando modelos de diversas montadoras locais.
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A grande revelação foi um SUV elétrico da Changan, um modelo ainda misterioso que causou um profundo impacto no executivo.
De acordo com o The Wall Street Journal, ambos os líderes da Ford ficaram impressionados com a qualidade, desempenho e tecnologia incorporados ao veículo.
“Esses caras estão à nossa frente”, disse Lawler ao lado de Farley, que chamou o avanço de uma “ameaça existencial” à Ford e outras montadoras ocidentais.
Esse momento de epifania remete às palavras do próprio Farley, que, em outra ocasião, fez uma analogia com o crescimento das montadoras japonesas na década de 1980.
Marcas como Toyota e Honda, que inicialmente eram subestimadas, rapidamente tomaram o mercado, com modelos confiáveis e econômicos que conquistaram consumidores americanos e europeus.
Para Farley, a situação atual com as fabricantes chinesas reflete um cenário semelhante, mas em uma velocidade ainda maior. Isso traz uma nova pressão para que empresas ocidentais se adaptem ao futuro dos veículos elétricos.
Ford e o desafio de competir com elétricos chineses
Para enfrentar o avanço dos chineses, a Ford traçou um plano ousado de reestruturação, com o lançamento de uma nova linha de carros elétricos, desenvolvidos em plataformas que prometem inovação e competitividade.
O primeiro modelo acessível da empresa, previsto para 2027, deverá custar cerca de US$ 30 mil (R$ 160 mil), competindo diretamente com os elétricos de baixo custo produzidos pela China.
“Estamos recrutando os melhores profissionais técnicos e criativos para desenvolver nossos próximos veículos elétricos”, afirmou Farley, enfatizando a necessidade de uma mudança radical na abordagem da Ford.
A companhia promete trazer ao mercado não só carros elétricos acessíveis, mas também lucrativos, algo que ainda é um desafio para muitas montadoras tradicionais que lutam para equilibrar os altos custos de produção com preços competitivos.
Recuos estratégicos e adiamentos
Apesar de toda a ambição, a Ford enfrenta contratempos em seus planos. Em julho de 2024, a montadora anunciou que não será mais possível eletrificar toda a sua linha europeia até 2030, uma meta que havia sido traçada nos anos anteriores.
A mudança de estratégia reflete as dificuldades de adaptação a um mercado que exige inovações rápidas e disruptivas. Modelos híbridos e a combustão seguirão à venda, pelo menos por enquanto, na Europa.
Além disso, outro projeto emblemático da empresa foi adiado. A nova geração da F-150 Lightning, a picape elétrica mais vendida nos Estados Unidos, só deve chegar ao mercado em 2027, dois anos depois do previsto.
A Ford também cancelou o desenvolvimento de um SUV elétrico de sete lugares, que era parte crucial de sua estratégia para competir com grandes modelos familiares da Tesla e de fabricantes europeias.
A resposta está na China?
O futuro da Ford e de outras montadoras ocidentais dependerá de sua capacidade de responder ao crescimento acelerado das empresas chinesas.
Marcas como Changan, Geely e BYD têm investido massivamente em pesquisa e desenvolvimento, dominando setores cruciais da nova economia automotiva, como baterias de lítio, inteligência artificial e condução autônoma.
Esses avanços, muitas vezes ignorados no Ocidente, estão levando a China a uma posição de liderança global, algo impensável até poucos anos atrás.
Para a Ford, a descoberta dessa “ameaça existencial” traz à tona a necessidade de adaptação rápida, tanto no desenvolvimento de novos produtos quanto na reformulação de estratégias comerciais. No entanto, o que os próximos anos realmente reservarão para a Ford ainda é uma incógnita.
Uma nova era de desafios?
A Ford, ao lado de outras montadoras ocidentais, encara um dos maiores desafios de sua história recente. A ascensão das marcas chinesas, com tecnologia de ponta e modelos acessíveis, não pode mais ser ignorada.
A verdadeira questão agora é: como a Ford e seus concorrentes reagirão a essa realidade avassaladora? Será que a indústria ocidental terá a mesma agilidade que a japonesa demonstrou no passado? A resposta a essa pergunta definirá o futuro da mobilidade global.