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Ford ‘amarga’ com prejuízo de até US$ 5,5 bilhões com carros elétricos e anuncia cortes na Europa: virada para elétricos se transforma em dor de cabeça histórica para a marca

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 15/09/2025 às 08:03
Ford amarga prejuízo de até US$ 5,5 bilhões com carros elétricos e anuncia cortes na Europa: virada para EV se transforma em dor de cabeça histórica para a marca
Foto: Ford amarga prejuízo de até US$ 5,5 bilhões com carros elétricos e anuncia cortes na Europa: virada para EV se transforma em dor de cabeça histórica para a marca
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Ford prevê prejuízo de até US$ 5,5 bi com elétricos e corta 14% da força de trabalho na Europa. Aposta no futuro virou dor de cabeça global.

Durante mais de um século, a Ford foi sinônimo de inovação. O Modelo T revolucionou a indústria com a linha de montagem, a F-150 virou símbolo da força americana e o Mustang consolidou o mito dos muscle cars. Mas em 2025, a marca fundada por Henry Ford enfrenta uma das crises mais duras de sua história recente: perdas bilionárias no segmento de veículos elétricos e a necessidade de cortes drásticos na Europa.

O que parecia ser a virada para o futuro se transformou em uma dor de cabeça que ameaça sua rentabilidade e sua posição global.

O peso dos prejuízos com elétricos

Segundo projeções oficiais da própria montadora, a divisão de elétricos da Ford deve registrar um prejuízo de até US$ 5,5 bilhões em 2025.

A cifra é impressionante não apenas pelo tamanho, mas também porque vem após anos de investimentos pesados em fábricas, baterias e desenvolvimento de novos modelos.

O problema é que, mesmo com carros como o Mustang Mach-E e a picape F-150 Lightning, a empresa não conseguiu atingir o equilíbrio financeiro.

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O alto custo de produção, a guerra de preços imposta por Tesla e BYD e a infraestrutura de recarga ainda limitada nos EUA e Europa pressionaram a Ford. O resultado foi uma queda brusca de margens e a necessidade de rever toda a estratégia.

Cortes na Europa: a Ford encolhe

A crise não se limita às finanças. No fim de 2024, a Ford anunciou que iria reduzir em até 14% sua força de trabalho na Europa, um dos cortes mais agressivos das últimas décadas no continente. Milhares de postos de trabalho estão em risco em fábricas da Alemanha, Espanha e Reino Unido.

Além disso, a marca já confirmou que modelos tradicionais serão descontinuados no mercado europeu, como parte de uma tentativa de reduzir custos e focar em SUVs e elétricos globais. O que antes era tratado como expansão agora virou um movimento de retração.

A aposta que virou risco

A estratégia da Ford era clara: investir pesado nos elétricos para competir com Tesla nos Estados Unidos e com as marcas chinesas no restante do mundo. A criação da divisão Model e, dedicada apenas aos EVs, foi apresentada como um passo ousado rumo à transformação da empresa.

Mas a realidade foi mais dura. A Tesla reduziu preços agressivamente em 2023 e 2024, forçando a Ford a cortar margens para não perder mercado.

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Na China, a presença da marca é mínima diante da avalanche de BYD, SAIC e Geely, que dominam o segmento de elétricos acessíveis. E na Europa, onde governos empurram a eletrificação por meio de metas rígidas, o consumidor tem mostrado resistência ao preço mais alto e à autonomia limitada dos modelos da Ford.

O choque da realidade no mercado

A guerra de preços foi determinante para a sangria financeira. A F-150 Lightning, por exemplo, chegou ao mercado americano como uma aposta de sucesso. No entanto, os custos elevados de bateria e a desaceleração na demanda fizeram a Ford reduzir turnos de produção e acumular estoques.

O Mach-E, rival do Tesla Model Y, também enfrenta vendas abaixo do esperado, com descontos constantes para tentar manter competitividade.

O resultado é um contraste brutal: enquanto a divisão de veículos a combustão e comerciais ainda gera caixa positivo, os elétricos drenam bilhões.

O que a Ford está fazendo para reagir

Diante desse cenário, a Ford traçou um plano de ajuste com três pilares principais:

  • Corte de custos operacionais – a redução da força de trabalho europeia e a simplificação da linha de produtos são parte dessa estratégia.
  • Foco em híbridos – a empresa já admitiu que vai ampliar a oferta de modelos híbridos como alternativa intermediária, principalmente na América Latina e nos EUA.
  • Revisão de metas de eletrificação – embora a Ford mantenha o discurso de futuro elétrico, a velocidade dessa transição foi desacelerada. A meta de lucratividade foi empurrada para depois de 2026, e parte do portfólio deve migrar para híbridos plug-in.

A pressão dos rivais

Enquanto a Ford tenta se equilibrar, rivais não dão trégua. A Tesla continua com grande volume de vendas e margens mais saudáveis, mesmo com cortes de preços.

A BYD, por sua vez, se consolida como maior fabricante de elétricos do mundo, oferecendo carros mais baratos e com maior autonomia.

Na Europa, marcas como Volkswagen, Stellantis e Renault ainda sofrem, mas conseguiram estruturar linhas de EVs competitivas, deixando a Ford em posição desconfortável. Até mesmo no segmento das picapes, onde a Ford sempre reinou, rivais como a Rivian já disputam espaço com elétricos bem recebidos.

O futuro da marca

A pergunta que fica é: a Ford conseguirá transformar a crise em oportunidade, como fez em outros momentos da história? A empresa já sobreviveu a guerras, crises de petróleo e até à falência parcial da concorrente General Motors em 2009.

Mas a transição elétrica é um desafio sem precedentes, pois envolve não apenas produto, mas também infraestrutura, política industrial e aceitação do consumidor.

Se conseguir ajustar sua estratégia e equilibrar custos, a Ford pode sair mais forte, aproveitando a tradição de inovação que sempre a marcou. Mas se continuar sangrando bilhões, a marca pode ver sua relevância global minguar diante de chinesas ágeis e da Tesla.

O que parecia ser a grande aposta de futuro da Ford transformou-se em um fardo bilionário. A virada para os elétricos, vista como inevitável, mostrou que timing e execução são tão importantes quanto visão estratégica. A marca fundada por Henry Ford agora precisa provar que ainda sabe liderar uma revolução automotiva — ou corre o risco de ser lembrada como uma gigante que tropeçou no caminho da eletrificação.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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