Sistema inovador promete transformar acidentes fatais em pousos de sobrevivência, unindo inteligência artificial, sensores de voo e airbags externos para proteger passageiros em situações críticas de queda.
Um conceito de segurança aérea promete transformar quedas inevitáveis em pousos sobrevivíveis.
Batizado de Project Rebirth, o sistema combina inteligência artificial, sensores e airbags externos para reduzir danos em impactos de alta energia.
A proposta nasceu após a queda do voo AI171 da Air India, em 12 de junho de 2025, logo após a decolagem em Ahmedabad rumo a Londres, tragédia que deixou 241 mortos a bordo e 19 no solo, com apenas um sobrevivente.
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Um relatório preliminar apontou perda súbita de potência em ambos os motores após o acionamento dos controles de corte de combustível.
O projeto foi inscrito no James Dyson Award 2025.
Tragédia em Ahmedabad motivou a ideia
O AI171 caiu 32 segundos depois de deixar a pista, atingindo prédios próximos ao aeroporto.
A investigação inicial do órgão indiano AAIB indicou que as alavancas de combustível teriam passado de “run” para “cutoff” poucos instantes após a rotação, levando ao apagão dos motores e à perda de sustentação.
O caso segue em apuração e ainda não há conclusão sobre o motivo do movimento das alavancas.
Enquanto famílias e autoridades aguardam respostas definitivas, o impacto do acidente gerou mobilização entre jovens engenheiros.
Dois estudantes do Birla Institute of Technology and Science (BITS Pilani), campus Dubai, Eshel Wasim e Dharsan Srinivasan, decidiram atacar um ponto raramente tratado pelos sistemas de segurança atuais: o que fazer quando falham redundâncias e o choque se torna iminente.
Eles levaram a proposta ao James Dyson Award com a meta de desenvolver protótipos funcionais.
Como funcionaria o sistema com IA
O Rebirth parte da premissa de que, em cenários extremos, a prioridade é preservar vidas na fase final do acidente.
Para isso, a arquitetura proposta monitora continuamente parâmetros de voo e, diante de uma colisão inevitável, aciona uma sequência automatizada.
Segundo a descrição pública do projeto e reportagens recentes, a IA acompanha os dados do voo e ativa o protocolo abaixo de 3.000 pés, intervalo em que resta pouco tempo para resposta humana.
Nesse momento, airbags externos se inflariam em segundos para criar um “casulo” ao redor da fuselagem, absorvendo parte do impacto.
Ativação automática e envelope de proteção
A proposta descreve módulos de airbags instalados no nariz, na região ventral e na cauda da aeronave.
Inflados, esses módulos formariam uma barreira amortecedora voltada a reduzir cargas estruturais e desacelerar a cabine de passageiros.
Em paralelo, a solução prevê o uso de fluidos inteligentes que se tornam mais rígidos sob pressão, reforçando a absorção de energia no momento do choque.
O objetivo é criar um envelope que limite acelerações internas a níveis potencialmente sobrevivíveis, ainda que a aeronave sofra danos severos.
Materiais e desaceleração
Além dos airbags e dos fluidos de alta resposta, o Rebirth menciona um mecanismo de desaceleração para reduzir a velocidade vertical na fase derradeira.
A documentação pública cita reverse thrust ou “boosters” dedicados para diminuir a taxa de descida.
Em teoria, a combinação das tecnologias buscaria transformar um impacto fatal em um pouso forçado com chances de resgate, com sinalização externa e balizas para facilitar a localização da aeronave.
Do conceito ao teste: caminho regulatório é longo
Os idealizadores reconhecem que a ideia está em estágio conceitual e demanda uma trilha extensa até qualquer uso real.
Em aviação civil, a certificação de sistemas que interferem na aerodinâmica e na estrutura exige validação rigorosa, desde testes de materiais e infladores até simulações e ensaios em escala.
A própria interação entre airbags externos e superfícies de controle, trens de pouso e entradas de ar demanda estudos aprofundados.
A candidatura ao James Dyson Award 2025 dá visibilidade e potencial apoio financeiro, mas não substitui os marcos de certificação aeronáutica.
Ainda assim, a proposta ganhou tração internacional nos últimos dias, sobretudo pela conexão direta com o desastre na Índia.
Em textos de apresentação e entrevistas, os autores relatam o abalo emocional causado pela queda de Ahmedabad.
Um dos trechos publicados resume a motivação: “minha mãe não conseguia dormir” após o acidente, referência ao sofrimento de familiares ao imaginar o medo vivido por passageiros e tripulantes.
A dor, dizem, virou horas de pesquisa e desenho de uma resposta tecnológica.
O que já se sabe sobre a causa do acidente
Passados três meses, o caso do AI171 continua sob investigação.
O relatório preliminar do AAIB trouxe o dado mais concreto até agora: os gravadores indicaram a transição dos controles de combustível para corte logo após a decolagem, seguida pela perda dos dois motores.
A documentação não atribuiu responsabilidade nem estabeleceu intencionalidade, e familiares do comandante pedem apuração independente para esclarecer lacunas e contestam interpretações que consideram precipitadas.
A cifra de mortos informada publicamente soma as vítimas a bordo e no solo, e houve um sobrevivente.
Potencial e limites de uma “última linha de defesa”
Se o Rebirth avançar, sua aplicação provável seria incremental.
Em aeronaves novas, o projeto teria de ser incorporado desde a fase de engenharia.
Em aviões em serviço, qualquer retrofit exigiria avaliações de impacto estrutural e de peso, além de certificação específica.
Persistem dúvidas técnicas relevantes, como a integração do sistema com a lógica de voo e com a proteção contra acionamentos indevidos.
Mesmo assim, o debate que a proposta provoca é nítido: diante de acidentes raros porém de alto impacto, haveria espaço para uma camada de sobrevivência que entre em ação quando redundâncias tradicionais se esgotam?
Próximas etapas e escrutínio público
Os autores afirmam planejar protótipos e ensaios de laboratório dos principais módulos — detecção por IA, airbags externos, fluidos de impacto, desaceleração e sinais de resgate.
O cronograma idealizado mira testes e aprovação em alguns anos, o que exigirá parcerias com fabricantes, reguladores e centros de pesquisa.
Ao mesmo tempo, a investigação do AI171 segue sob atenção global, e novos achados oficiais sobre a dinâmica da queda deverão orientar qualquer discussão séria sobre tecnologias de mitigação de impacto.
Em um setor que historicamente reduz riscos prevenindo falhas antes que elas ocorram, a proposta desloca o foco para o minuto derradeiro: como salvar pessoas quando tudo o mais falhou.
Diante desse choque entre tradição preventiva e ideias de “último recurso”, qual deve ser a prioridade da aviação nos próximos anos?