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Fim de Uber, 99 e iFood? Justiça do Trabalho desafia STF e obriga aplicativos a contratar trabalhadores, ameaçando o futuro das maiores plataformas de delivery e transporte!

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 05/12/2024 às 09:25
Fim de Uber, 99 e iFood Justiça do Trabalho desafia STF e obriga aplicativos a contratar trabalhadores, ameaçando o futuro das maiores plataformas de delivery e transporte!
Foto: Canva

Justiça do Trabalho contraria STF e reacende a polêmica sobre vínculo empregatício, gerando incertezas para motoristas, entregadores e as maiores plataformas de transporte e delivery.

Será que estamos perto do fim de Uber, 99 e iFood? A polêmica sobre o vínculo empregatício entre trabalhadores e plataformas de aplicativos voltou a esquentar, com decisões recentes da Justiça do Trabalho indo contra o que já havia sido definido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Enquanto motoristas e entregadores aguardam um desfecho, a situação está gerando incertezas para todos os envolvidos, inclusive as próprias empresas.

Autonomia dos trabalhadores define a relação com os aplicativos

Desde 2018, o STF consolidou o entendimento de que não existe vínculo empregatício entre trabalhadores e plataformas de aplicativos como Uber e 99. A principal justificativa é a flexibilidade oferecida por essas empresas: os motoristas podem escolher seus horários, recusar corridas e até operar em várias plataformas ao mesmo tempo.

Em dezembro de 2023, a 1ª Turma do STF reafirmou essa posição, destacando a autonomia dos motoristas como um dos pilares do modelo de negócios dessas plataformas. Segundo o Supremo, a relação não cumpre os critérios tradicionais da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), como subordinação e exclusividade. Mas, mesmo com o posicionamento claro do STF, a Justiça do Trabalho tem caminhado em outra direção.

Apesar disso, o STF agendou uma audiência pública para os dias 9 e 10 de dezembro, com o objetivo de discutir a possibilidade de reconhecimento do vínculo empregatício. A audiência foi convocada pelo ministro Edson Fachin, relator do recurso que aborda a relação entre trabalhadores e plataformas. Esse evento reunirá especialistas, representantes das empresas e motoristas para analisar os impactos sociais e econômicos de uma eventual mudança no modelo atual.

Justiça do Trabalho desafia entendimento do STF

Nos últimos meses, tribunais regionais, como o TRT da 2ª Região (SP), começaram a emitir decisões contrárias ao entendimento do STF. Um exemplo recente envolve a 2ª e a 14ª Turma do TRT-2, que reconheceram vínculo empregatício em casos envolvendo os aplicativos Rappi e Levoo Tecnologia.

Além disso, ações civis públicas (ACP) movidas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a 99 e o iFood estão ganhando força. No caso da 99, a Justiça do Trabalho em São Paulo negou o vínculo empregatício a motoristas da 99, em decisão tomada pela 3ª Turma do TRT-2 na última terça-feira (3). O julgamento confirmou a sentença anterior, da 72ª Vara do Trabalho, emitida em março de 2023, que já havia descartado a existência de relação de emprego entre a plataforma e os motoristas.

Já no caso do iFood, a ação será retomada na quinta-feira (5). Até o momento, dois votos são contrários ao aplicativo, enquanto o terceiro desembargador pediu mais tempo para análise.

STF também sinaliza incertezas sobre o tema

Apesar de ter consolidado, em 2018, o entendimento de que não há vínculo empregatício entre motoristas de aplicativos e as plataformas, o próprio STF também sinaliza incertezas sobre o tema. Recentemente, o ministro Edson Fachin convocou uma audiência pública, marcada para os dias 9 e 10 de dezembro, para discutir exatamente essa questão.

O objetivo é ouvir especialistas, representantes das empresas e trabalhadores para avaliar os possíveis impactos econômicos e sociais de um eventual reconhecimento do vínculo empregatício. Essa movimentação reforça a complexidade do debate e mostra que até mesmo o Supremo busca alinhar sua posição diante das novas dinâmicas do trabalho digital.

Impactos das decisões do STF e da Justiça do Trabalho para trabalhadores e empresas

A questão do vínculo empregatício é extremamente complexa. Para os trabalhadores, um reconhecimento formal poderia trazer benefícios como férias remuneradas, 13º salário, FGTS e acesso a direitos trabalhistas básicos. Porém, também traria limitações, como a perda de flexibilidade nos horários e, possivelmente, a redução do número de vagas disponíveis.

Já para empresas como Uber, 99 e iFood, a obrigatoriedade de contratar trabalhadores formalmente pode inviabilizar o modelo de negócios atual. Com a necessidade de pagar encargos trabalhistas e ajustar operações, os custos subiriam consideravelmente, o que poderia levar ao aumento dos preços para os usuários ou até à saída de algumas plataformas do mercado.

Juliano da Silva Prates, 34 anos, trabalha como motoboy fixo em uma padaria e ainda complementa sua renda com entregas para aplicativos. Ele teme que, caso fosse contratado com carteira assinada pelos apps, perderia a flexibilidade para conciliar as duas funções e acabaria com uma renda menor do que a que consegue atualmente.

O que está em jogo?

A controvérsia não é exclusiva do Brasil. Em outras regiões, como Califórnia e Reino Unido, decisões semelhantes resultaram em mudanças para as plataformas de aplicativos. No entanto, os modelos adotados variam: enquanto alguns optaram pela formalização total dos trabalhadores, outros criaram categorias intermediárias, com direitos trabalhistas específicos para esse tipo de relação.

No Brasil, o debate está longe de acabar. A ACP contra o iFood, por exemplo, teve início em 2019, foi rejeitada em primeira instância e só voltou a ganhar força com o recurso ao TRT-2.

Qual será o futuro dos aplicativos no Brasil?

A pergunta que não quer calar é: será que o Brasil verá o fim de Uber, 99 e iFood como conhecemos? Se os tribunais regionais continuarem contrariando o STF, as empresas podem enfrentar um cenário jurídico cada vez mais complicado, colocando em risco a continuidade das operações no país.

Por outro lado, muitos trabalhadores defendem que é preciso encontrar um meio-termo, garantindo direitos básicos sem destruir a flexibilidade que torna os aplicativos uma opção atrativa tanto para motoristas quanto para entregadores.

A decisão sobre o vínculo empregatício pode moldar o futuro do trabalho no Brasil, redefinindo como entendemos o emprego em tempos de economia digital. Enquanto isso, todos os olhos estão voltados para a Justiça do Trabalho e o STF, que precisam alinhar posições para evitar um colapso no setor.

Por enquanto, resta aguardar os próximos capítulos dessa novela jurídica — e torcer para que o desfecho não acabe deixando motoristas, entregadores, usuários e empresas na mão.

E você, acha que estamos realmente vendo o fim da Uber, 99 e iFood como conhecemos? Conta pra gente nos comentários, queremos saber sua opinião!

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Almir
Almir
18/12/2024 15:21

Não basta os impostos absurdos!
Taxar de todas as formas alternativas de ganhos livres que já são descontados impostos do cidadão brasileiro é a marca registrada desse governo, é o estado destruídor cada vez mais, de qualquer forma, de liberdade.

Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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