Conheça o fertilizante de vidro criado no Brasil que combina inovação, eficiência no campo e menor agressão ao meio ambiente
Desde 2018, pesquisadores brasileiros trabalham no desenvolvimento de uma solução sustentável para o campo. O projeto deu origem a um fertilizante em forma de vidro.
Esse material libera nutrientes de forma gradual e controlada no solo. Com isso, há uma redução significativa na necessidade de reaplicações.
Além disso, a tecnologia ajuda a evitar a lixiviação. Ou seja, impede a perda de nutrientes pela água que infiltra no solo.
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Também contribui para evitar a eutrofização de rios e lençóis freáticos. Isso acontece quando há excesso de nutrientes carregados para os corpos d’água.
Composição e testes promissores
A fórmula inclui macro e micronutrientes essenciais. Entre eles, estão fósforo, potássio, cálcio, silício, magnésio e boro.
Esses elementos são fundidos a 1 100 °C. Após esse processo, são transformados em partículas de aproximadamente 1 milímetro.
Em fevereiro de 2025, o estudo foi publicado na revista ACS Agricultural Science & Technology. A publicação confirmou a eficácia do fertilizante vítreo.
Os testes in vitro e em casas de vegetação mostraram resultados expressivos. O desempenho agronômico foi 70 % superior ao fertilizante NPK tradicional.
Estratégias para aplicar nitrogênio e enxofre
Durante o processo, os pesquisadores enfrentaram um desafio. O nitrogênio e o enxofre não resistem à alta temperatura da fusão do vidro.
Para contornar essa limitação, pesquisadores criaram uma estratégia inovadora. Eles encapsulam os nutrientes em biopolímeros.
Esses biopolímeros incorporam nitrogênio e enxofre ao fertilizante, permitindo que os dois elementos sejam liberados posteriormente no solo com segurança e eficiência.
Essa solução mantém a proposta sustentável do produto. Além disso, garante o fornecimento completo de nutrientes às plantas.
Impacto ambiental e eficiência econômica
Enquanto o fertilizante NPK convencional tem aproveitamento de apenas 30%, a nova formulação vítrea evita perdas.
Essa característica reduz o impacto ambiental. Rios e lençóis freáticos ficam menos expostos à contaminação por excesso de nutrientes.
A longo prazo, o uso desse fertilizante pode significar economia para os produtores. Embora o custo inicial seja mais alto, há redução na frequência de aplicações.
O método de produção é semelhante ao do vidro comum. Isso facilita a adoção do fertilizante em escala industrial no futuro.
Cronograma e próximos passos
O projeto teve início em 2018.
Desde então, Danilo Manzani, do Instituto de Química da USP de São Carlos, e Eduardo Bellini, da Escola de Engenharia de São Carlos, passaram a liderar a iniciativa.
Além disso, a Embrapa também participou ativamente do desenvolvimento e da validação da tecnologia. Para garantir a segurança do produto, os pesquisadores realizaram, portanto, diversos testes ecotoxicológicos.
Esses testes, por exemplo, incluíram sementes de alface e cebola.
Como resultado, os dados confirmaram que o fertilizante é seguro para o uso agrícola.
Dessa forma, segundo os pesquisadores, a expectativa é lançar o produto comercial entre 2026 e 2027. Assim, a inovação se mostra cada vez mais próxima do mercado.