Fed inicia cortes ainda em 2025 enquanto Copom mantém Selic em 15% até o próximo ano
Nesta semana, os mercados globais acompanharam com atenção as decisões de política monetária. As projeções indicaram um movimento divergente entre Estados Unidos e Brasil. Enquanto o Federal Reserve (Fed) deve reduzir a taxa básica de juros já em setembro de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic em 15% ao ano até o início de 2026. Esse cenário amplia o diferencial de juros entre as duas economias.
Decisão do Fed reflete enfraquecimento do mercado de trabalho
De acordo com os últimos dados do Bureau of Labor Statistics (BLS), mais de 900 mil vagas foram revisadas para baixo em agosto de 2025. Esse dado confirmou sinais de desaceleração econômica. Embora a inflação medida pelo CPI tenha subido 0,4% em agosto, acumulando alta de 2,9% em 12 meses, a fraqueza no mercado de trabalho pesou mais nas expectativas.
O dilema do Fed é equilibrar o risco de cortar juros cedo demais com o risco de esperar além da conta. Essa espera poderia aprofundar a desaceleração. Bancos como Bank of America, Morgan Stanley e Deutsche Bank projetam cortes sucessivos de 0,25 ponto percentual, com possibilidade de redução total de 75 pontos-base até dezembro de 2025.
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Projeções de cortes graduais até 2026 nos EUA
As estimativas indicam que o Fed poderá realizar cortes em todas as últimas três reuniões de 2025, segundo relatórios de instituições como Deutsche Bank. Já o Morgan Stanley prevê quatro cortes consecutivos de 25 pontos-base, começando em setembro e continuando até janeiro de 2026. As reduções adicionais estão projetadas para abril e julho. O presidente do Fed, Jerome Powell, já havia sinalizado essa possibilidade em agosto de 2025. Ele ressaltou riscos crescentes no emprego.
Dessa forma, a expectativa é de que os juros americanos encerrem 2025 entre 4% e 4,25% ao ano. Isso marca um ciclo de flexibilização monetária mais rápido do que o previsto no início do ano.
Brasil deve manter Selic estável até o início de 2026
No Brasil, entretanto, o cenário é de estabilidade prolongada. O Copom encerrou o ciclo de alta da Selic em 15% a.a. e sinalizou que a taxa será mantida elevada. A justificativa é a presença de incertezas externas e resiliência da atividade interna. De acordo com o Itaú Unibanco, cortes devem ocorrer apenas no primeiro trimestre de 2026, com taxa projetada em 12,75% ao fim do ano.
O C6 Bank também reforçou essa perspectiva. O banco citou que as projeções de inflação do Boletim Focus caíram para 4,8% em 2025 e 4,3% em 2026. Mesmo assim, as projeções seguem acima da meta. Apesar da melhora, os analistas defendem a manutenção da política monetária contracionista. Somente sinais mais sólidos de desinflação justificariam mudanças.
Diferença de estratégia amplia o diferencial de juros
Com isso, o diferencial entre a taxa americana e a brasileira tende a crescer em 2025 e 2026. Essa diferença reflete estratégias distintas adotadas pelos bancos centrais. Enquanto os EUA reagem à perda de fôlego no emprego, o Brasil mantém juros elevados. O objetivo é conter expectativas inflacionárias e riscos fiscais. Reuters destacou que essa disparidade pode impactar fluxos de capitais e câmbio. Isso exige maior cautela na condução da política monetária doméstica.
Dessa forma, os cortes do Fed em 2025 contrastam diretamente com a postura conservadora do Copom. A Selic só deve ser flexibilizada a partir de 2026. Esse cenário marca uma diferença importante na condução das duas maiores economias das Américas. Essa divergência deve repercutir no mercado global. Afinal, como os investidores irão reagir diante de políticas tão opostas?