O fechamento de minas está no centro de debates internacionais e ganha destaque como parte essencial da mineração. O Brasil apresentou avanços em regulação, sustentabilidade e inovação, mostrando como planejamento antecipado pode transformar passivos em oportunidades e reduzir impactos sociais e ambientais
O fechamento de minas deixou de ser visto como a última etapa da mineração e passou a ser tratado como parte integrante de todo o processo.
Esse tema ganhou espaço em debates internacionais porque envolve não apenas técnicas e custos, mas também sustentabilidade, responsabilidade social e segurança ambiental, segundo uma matéria publicada.
No encontro global ACG Mine Closure 2025, realizado em Luleå, na Suécia, especialistas de diversos países discutiram como planejar e executar o encerramento das operações de forma eficiente e transparente.
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O Brasil marcou presença com representantes de órgãos reguladores e levou exemplos de avanços normativos e desafios ainda em aberto.
Esse movimento mostra que o setor mineral já não pode pensar apenas em extração, mas também em como devolver áreas usadas, criando alternativas produtivas e reduzindo riscos para comunidades.
Sustentabilidade e fechamento de minas no cenário internacional
No evento na Suécia, ficou evidente que sustentabilidade e fechamento de minas precisam caminhar juntos desde o início de qualquer projeto.
A ausência de planejamento pode trazer impactos ambientais duradouros, especialmente em regiões tropicais, como ressaltam a World Bank Mining Practice e o ICMM (International Council on Mining and Metals).
Problemas como erosão, drenagem ácida e contaminação de cursos de água podem persistir por décadas se não forem tratados com previsibilidade regulatória.
Além disso, novas tecnologias vêm sendo discutidas para transformar áreas mineradas em territórios produtivos.
Um exemplo são os Technosols, solos artificiais criados a partir de rejeitos, capazes de reintegrar regiões degradadas e até mesmo contribuir para o sequestro de carbono.
Esse tipo de inovação mostra que a etapa de fechamento pode deixar de ser um peso financeiro para se tornar oportunidade de recuperação sustentável.
Inovação aplicada ao fechamento de minas no Brasil
A participação brasileira no ACG Mine Closure 2025 reforçou a busca por inovação em fechamento de minas.
No palco do evento, Fábio Perlatti e Fernando Kutchenski apresentaram os avanços do país em termos de regulamentação, além de destacar as dificuldades relacionadas a minas abandonadas.
O uso de soluções como os Technosols aparece como alternativa para devolver áreas mineradas com novas finalidades econômicas.
O diretor da agência reguladora, Roger Cabral, explicou que integrar boas práticas internacionais fortalece tanto investidores quanto a sociedade.
Para ele, o fechamento não deve ser visto como um custo isolado, mas como parte do ciclo econômico e social da mineração.
Essa abordagem abre espaço para previsibilidade regulatória, o que aumenta a segurança jurídica e incentiva novos investimentos.
Regulação internacional como guia para o fechamento de minas
A experiência de países como Canadá e Austrália mostra que antecipar o fechamento de minas desde o início das operações reduz riscos e facilita a relação com comunidades.
Nessas nações, o planejamento inclui etapas claras, monitoramento e diálogo aberto com a população. Esse modelo foi apontado como referência durante o evento na Suécia e serve de guia para o Brasil, que ainda enfrenta passivos ambientais e estruturas de rejeitos.
Ao participar do encontro, a delegação brasileira buscou alinhar a mineração nacional às práticas globais. Para Roger Cabral, qualificação técnica internacional é fator essencial para o país avançar.
Segundo ele, a previsibilidade no fechamento permite reduzir custos, melhorar processos de licenciamento e garantir que áreas devolvidas tenham utilidade futura.
Impactos sociais e econômicos do fechamento de minas
O debate global deixou claro que o fechamento de minas não se limita à questão ambiental. Há reflexos diretos na economia e na vida de comunidades.
No campo macroeconômico, previsibilidade evita exploração sem planejamento e reduz incertezas de investidores.
No aspecto social, garante que populações vizinhas não fiquem expostas a riscos de barragens desativadas ou áreas contaminadas.
No Brasil, onde há carência histórica de servidores especializados, a adoção de metodologias internacionais pode acelerar processos e reduzir gastos.
A integração entre governo, indústria e academia aparece como caminho para transformar esse desafio em oportunidade. Assim, o fechamento passa a ser visto como responsabilidade compartilhada, e não apenas como obrigação técnica.