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Fazendas exóticas se tornam febre silenciosa nos EUA com criação de búfalos, cervos e avestruzes valendo mais que gado tradicional em lucratividade e curiosidade

Escrito por Jefferson Augusto
Publicado em 28/06/2025 às 17:15
Lhama, búfalo e avestruz com expressões cômicas alinhados lado a lado em fazenda exótica nos EUA.
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Criadores norte-americanos lucram alto com animais como lhamas, alpacas, avestruzes e cervos europeus, impulsionados por demanda gourmet, eventos de campo e turismo rural

Nos Estados Unidos, fazendas exóticas vêm ganhando espaço entre pequenos produtores e investidores rurais desde os anos 1980, atraídos pela alta rentabilidade e curiosidade do mercado por espécies incomuns como búfalos, cervos, lhamas, avestruzes e cabras anãs africanas. A tendência tem como pano de fundo a busca por alternativas à pecuária tradicional, a crescente demanda de restaurantes por carnes “diferentes” e o interesse de consumidores por animais inusitados como pets ou atrações rurais.

Expansão de espécies incomuns e demanda gourmet em fazendas exóticas

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o número de animais exóticos abatidos anualmente no país ainda é pequeno, cerca de 2 mil, quando comparado aos 32 milhões de bovinos abatidos por ano. No entanto, a rentabilidade individual é muitas vezes superior. Um exemplo são as lhamas, cujos machos treinados para carga são vendidos por até US$ 1.200, enquanto fêmeas reprodutoras ultrapassam os US$ 16 mil. Já o avestruz, cuja carne é magra e com sabor similar ao da carne bovina, chegou a ser vendido por até US$ 30 mil o casal adulto.

A comercialização de carnes como a de veado europeu ou búfalo-d’água tem sido impulsionada por restaurantes de alta gastronomia e consumidores em busca de opções com menos gordura e colesterol. A carne de búfalo asiático, por exemplo, além de ser usada para produção de queijo mozzarella, é considerada mais magra e igualmente saborosa, o que a torna uma alternativa promissora para regiões de clima quente onde o gado bovino perde produtividade.

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Eventos, turismo e pecuária alternativa impulsionam setor de fazendas exóticas

Além da venda direta para abate ou reprodução, os animais exóticos movimentam outros setores do agronegócio. Muitos são usados como atrações em eventos agropecuários, feiras de 4-H, trilhas turísticas com lhamas, além de se tornarem animais de estimação para propriedades de médio e alto padrão. As cabras pigmeus africanas, por exemplo, ganham popularidade como pets por seu porte pequeno e comportamento dócil.

As fazendas exóticas também se tornam pontos de turismo rural. Proprietários alugam lhamas para trilhas ecológicas, oferecem hospedagem em meio aos animais e promovem vendas de produtos derivados, como lã, couro e artesanato. Publicações especializadas como Llama Life e LLAMAS Magazine ajudam a fortalecer esse ecossistema ao compartilhar informações técnicas e mercadológicas com criadores.

Desafios sanitários, custo de entrada e regulamentação

Apesar das oportunidades, o setor enfrenta barreiras importantes. A importação de espécies da América do Sul é limitada devido a riscos sanitários, como a febre aftosa, sendo regulada pelo serviço de saúde animal do USDA (APHIS). Além disso, o custo inicial para implantação de uma fazenda exótica é elevado. Cercas de até 2 metros são exigidas para criação de cervos e alces, e a construção de instalações adequadas para incubação e alimentação específica eleva os investimentos iniciais.

Outro ponto sensível é a falta de conhecimento técnico por parte de novos criadores, o que leva a altas taxas de mortalidade entre filhotes de avestruz e outras espécies. Especialistas da Universidade do Texas, Universidade da Flórida e Iowa State oferecem suporte técnico para manejo e reprodução, mas o sucesso depende da profissionalização do criador e da estrutura da fazenda.

O caso das fazendas de cervos e alces

A produção de veado europeu para abate e venda de carne é um dos nichos mais organizados. A Lucky Star Ranch, em Nova York, criou uma estrutura completa com mais de 3 mil animais em 1.500 acres, exportando carne fresca e congelada para todo o país com inspeção do USDA. Segundo o fundador Joseph von Kerckerinck, a carne de cervo tem menos gordura que frango e alto valor agregado no mercado internacional. No entanto, os custos com cercas, transporte e riscos com predadores como coiotes impactam a lucratividade.

De modo semelhante, fazendas de alces das Montanhas Rochosas relatam filas de espera de até dois anos por filhotes. Com o quilo da carne chegando a US$ 7 nos restaurantes, o retorno do investimento pode atingir 20% ao ano, segundo criadores.

Fontes técnicas e apoio institucional

O relatório “Exotic Livestock: A Small-Scale Agriculture Alternative”, publicado pelo USDA em janeiro de 1989, foi uma das primeiras análises oficiais sobre o tema. A publicação reúne dados de universidades, criadores, veterinários e revistas do setor, como a ADAPT2, publicada pela Successful Farming. O documento destaca também especialistas como Dr. LaRue W. Johnson (Colorado), Dr. William L. Franklin (Iowa) e Dr. Martin Drost (Flórida), que contribuem para a profissionalização do manejo reprodutivo e sanitário.

Além disso, entidades como a International Llama Association e a National Ostrich Breeders Association atuam na organização e difusão de boas práticas entre os criadores, publicando cartilhas, revistas e promovendo eventos anuais.

Perspectivas e atenção fiscal ao trabalhar com fazendas exóticas

Embora o mercado ainda esteja em desenvolvimento, há indícios de que as fazendas exóticas seguirão crescendo, especialmente com a valorização do turismo rural, da sustentabilidade e da demanda por alimentos alternativos. No entanto, o IRS (Receita Federal dos EUA) alerta que apenas propriedades com atividade comercial real podem deduzir custos com animais exóticos. A diferenciação entre hobby e negócio é um ponto fiscal sensível e deve ser observado por interessados no segmento.

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Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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