Comprada por alguns dólares em 2007, peça foi identificada como Ding da dinastia Song e arrematada na Sotheby’s por US$ 2,2 milhões.
Uma tigela comprada por US$ 3 em uma venda de garagem no estado de Nova York revelou-se um exemplar de cerâmica Ding da dinastia Song do Norte (séculos X–XI) e foi leiloada por US$ 2,225 milhões em 19 de março de 2013, na Sotheby’s, em Nova York.
A família vendedora permaneceu anônima. A peça tem pouco mais de 12,5 cm de diâmetro. A informação foi confirmada pela Reuters com dados fornecidos pela própria casa de leilões.
A Sotheby’s havia avaliado a tigela entre US$ 200 mil e US$ 300 mil, mas a disputa elevou o preço final. O comprador foi o marchand londrino Giuseppe Eskenazi, um dos nomes mais reconhecidos no mercado de arte chinesa, como noticiou a ABC News.
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Segundo o catálogo da Sotheby’s, há apenas um outro exemplar conhecido, de forma, tamanho e decoração quase idênticos, conservado no British Museum, em Londres. O lote descreve o acabamento marfim característico e a decoração em lótus incisa.
A família havia comprado a peça em 2007 e a manteve em casa, sem saber do valor histórico. Após consultar especialistas, decidiu consigná-la ao leilão.
O que é a cerâmica Ding e por que vale tanto
Ding é um dos “cinco grandes fornos” celebrados pelos colecionadores para as cerâmicas Song. As peças são conhecidas pela paredes finas, corpo quase branco e vidrado marfim que forma pequenas “lágrimas” na base. Esses atributos, aliados à execução refinada e à raridade, sustentam preços elevados.
O exemplar leiloado exibe motivos de lótus incisos no interior e folhas sobrepostas moldadas no exterior, um repertório recorrente da estética Song, que privilegia sobriedade e naturalismo.
Além da técnica, pesa a escassez. O catálogo aponta a existência de um único paralelo muito próximo no British Museum, o que reduz a oferta disponível e amplia a competição entre colecionadores e instituições.
A autenticação, a estimativa e o resultado do leilão
De acordo com a Reuters, os proprietários levaram a peça a especialistas, que confirmaram se tratar de um Ding da Song do Norte. Com base em comparação tipológica e condição de conservação, a Sotheby’s definiu a estimativa em US$ 200 mil–300 mil, mas a disputa elevou o martelo a US$ 2,225 milhões (com comissão).
O comprador foi identificado pela ABC News como Giuseppe Eskenazi, que declarou ter considerado a tigela “perfeita” e estar disposto a pagar mais, dado o nível de preservação e a importância do motivo decorativo.
A unicidade também foi fator-chave: a Sotheby’s ressalta que apenas um outro exemplar similar consta em coleção pública, o que ajuda a explicar a distância entre estimativa e preço final. Para além do valor monetário, o caso reforça o papel dos catálogos de museus e publicações especializadas na autenticação.
Por dentro da dinastia Song e do “efeito Song” no mercado
A dinastia Song do Norte (960–1127) é reverenciada por seu requinte técnico e estética contida. As cerâmicas desse período, como as de Ding, tornaram-se sinônimo de excelência e sutileza, parâmetros que moldam o gosto de colecionadores até hoje, como destacam notas de catálogo da Sotheby’s.
No século XX, obras Song migraram para acervos ocidentais por meio de doações e compras — caso do exemplar correlato no British Museum. Esse histórico de proveniência bem documentado aumenta a confiança do mercado e serve de padrão comparativo para novas atribuições.
O interesse renovado por arte asiática tem mantido a demanda robusta por obras Song importantes, o que sustenta preços altos quando surgem peças raras, com proveniência clara e publicação em catálogo.
Achados em vendas de garagem
Casos assim não são comuns, mas não são únicos. Em 2021, um comprador em Connecticut pagou US$ 35 por uma tigela que acabou confirmada como Ming (período Yongle) e foi vendida por US$ 721,800 na Sotheby’s, após autenticação e divulgação. O episódio ilustra como verificação especializada e proveniência determinam preço e confiança.
Para quem garimpa, a orientação é não restaurar por conta própria, fotografar a peça e consultar especialistas ou casas de leilão com departamentos de arte asiática. Em paralelo, é prudente verificar regras de patrimônio e exportação do país de origem e do país onde a peça está, pois a conformidade legal também pesa na venda.
E você? Diante de uma raridade assim, venderia ao mercado privado ou preferiria ver a peça em um museu? Comente: preço recorde é justo reconhecimento de valor histórico ou sinal de especulação no mercado de arte? Qual deve ser o destino ideal para descobertas arqueológicas em vendas de garagem?