Supermercados do Espírito Santo enfrentam apagão de mão de obra com 6 mil vagas abertas. Entenda os motivos da escassez e os impactos no setor.
O setor supermercadista do Espírito Santo vive um apagão de mão de obra que preocupa empresários e especialistas. De acordo com a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), cerca de 6 mil vagas estão abertas no Estado, mas não encontram candidatos para preenchê-las.
O alerta foi feito durante a abertura do Acaps Trade Show, maior evento do segmento no Estado, realizado nesta terça-feira (16).
Apesar do bom momento do mercado de trabalho capixaba, a dificuldade em contratar limita o crescimento das redes de supermercados e pressiona os custos do setor.
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60 mil empregos diretos e ainda assim falta gente
Atualmente, os supermercados empregam 60 mil pessoas diretamente e outras 120 mil indiretamente no Espírito Santo.
Mesmo assim, não conseguem atender à demanda crescente por profissionais.
Para se ter ideia da dimensão do problema, o número de vagas abertas equivale a quase todo o saldo de empregos formais gerados pelo setor entre janeiro e julho deste ano, que foi de 7,7 mil postos.
Empresários apontam entraves
O presidente da Acaps, João Tarcísio Falqueto, ressaltou que a escassez de trabalhadores já se tornou um dos principais desafios das empresas.
“É um limitador de crescimento e, em determinadas operações, também encarece a estrutura”, afirmou Falqueto.
A análise foi reforçada por representantes da indústria e do comércio, que destacaram que a falta de mão de obra também atinge outros segmentos da economia.
Por que as vagas não são preenchidas?
Segundo especialistas, muitas pessoas estão fora do mercado formal por diferentes motivos.
Alguns enfrentam baixa escolaridade e falta de qualificação, enquanto outros simplesmente não conseguem se inserir por estarem “à margem da empregabilidade”.
Os dados da PNAD Contínua mostram que a taxa de desemprego no Brasil está em 5,6%. No Espírito Santo, esse índice é ainda menor.
Mesmo assim, não há candidatos suficientes para ocupar as vagas disponíveis, especialmente nas funções de entrada, como operador de caixa, repositor e atendente.
Ações para reduzir o apagão de mão de obra
Uma das iniciativas em andamento é o programa federal Acredita no Primeiro Passo, criado em julho.
Ele busca aproximar empresas e pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), que reúne mais de 25 milhões de famílias em todo o país.
A proposta é oferecer apoio social nos primeiros meses de contrato, incentivando a contratação de trabalhadores em situação de vulnerabilidade.
Além disso, empresários defendem investimentos em qualificação profissional e maior integração entre poder público e setor privado para preparar os candidatos às vagas existentes.
Impactos econômicos e sociais
A falta de trabalhadores não afeta apenas as empresas, mas também a economia capixaba como um todo.
A dificuldade em preencher vagas impede a expansão das lojas, reduz a competitividade e compromete a qualidade do atendimento ao consumidor.
Do ponto de vista social, a escassez de mão de obra revela o desafio de incluir pessoas fora do mercado de trabalho, muitas vezes desmotivadas ou sem acesso a oportunidades de capacitação.
Caminhos possíveis para o futuro
Embora parte dos processos já esteja sendo automatizada, o setor reconhece que nem todas as funções podem ser substituídas por tecnologia.
O contato humano ainda é indispensável em diversas atividades de supermercados.
Por isso, a solução para o apagão de mão de obra depende de uma estratégia conjunta. Empresas precisam investir em retenção e treinamento, enquanto o governo deve fortalecer políticas de inserção e apoio social.
Se houver integração entre essas iniciativas, os 6 mil postos em aberto podem deixar de ser um obstáculo e se transformar em oportunidade de crescimento para trabalhadores e para a economia do Espírito Santo.